JUSTIÇA E JUSTIÇA, EIS A QUESTÃO.

“BEM-AVENTURADOS OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA, PORQUE SERÃO FARTOS.” Mateus 5:6

Rui Barbosa disse certa vez que “... De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Este homem, uma das mentes “tupiniquins” das mais célebres, há mais ou menos cem anos atrás, dizia isto, ao vislumbrar a dura realidade das relações humanas. Viu na sociedade em que vivia, tanto acadêmica, política, literária e judiciária, que ser honesto, tentar ser sério, justo e coerente, não era e não seria suficiente, muito menos, reconhecido. Embora tenha devotado anos à causa pública e à Pátria, em todas as vezes que colocou seu nome como candidato à Presidência da República, foi derrotado. Viveu e sentiu na pele, que o normal e comum, neste mundo, é os maus alcançarem o “sucesso” e as vitórias.

Já a Bíblia nos ensina, que não devemos perguntar como pode o ímpio prosperar nos seus caminhos, porque a diferença entre a Justiça e a injustiça, somente será realmente vista, quando chegarmos diante do Eterno.

Mas nós, como seres dotados de uma natureza, essencialmente, humana, sentimos a cada dia a insatisfação e mesmo a frustração, em constatar, que aquilo que prevalece neste mundo, é a mentira, a maldade e a injustiça.

Como dizia o ex-atleta e radialista Kafunga, aqui, “o certo é errado e o errado, é que é certo”. Chega a soar um pouco desanimador, as palavras de Kafunga e de Rui Barbosa, entre outros.

Mas como buscar a justiça em meio a um mundo tão injusto?

Como acreditar na justiça, se o que vemos é a injustiça prevalecendo?

Como tentar ser justo, onde os injustos são os que mais “sobem”?

Como “nadar contra a correnteza”, tendo que justificar e explicar a todo tempo aquilo que é certo, enquanto os “maquinadores de males” vivem e transitam tranquilamente por todos os lados?

A única explicação e consolo para quem realmente deseja servir a Deus, reside na verdade de que este mundo não é mesmo lugar de descanso. Aqui, nunca será um lugar “seguro”. De outra forma, Jesus não nos prometeria a vida eterna, lá, em Seu Reino.

E é ao falar sobre o Reino de Deus, que Jesus afirma que todos aqueles que têm fome e sede de justiça são felizes, pois eles serão satisfeitos. Serão...

Não, não há nenhuma contradição. A verdade é que podemos até não alcançar esta satisfação neste mundo e até creio, que não alcançaremos mesmo. Afinal, o próprio Jesus disse a Pilatos que “o meu Reino não é deste mundo”.

Mas nós devemos enfrentar, altivos, todas as lutas, barreiras, sofrimentos, injustiças, sem jamais perder a confiança de que Deus, no momento oportuno, há de tomar as nossas causas e nos fazer justiça.

Quando estivermos desanimados, sós, injustiçados, lembremo-nos que a própria Palavra de Deus e o próprio Jesus, foram injustiçados, propagando a Justiça, foram perseguidos e odiados, enquanto anunciaram o Amor, foram caluniados e atacados, enquanto deram e ensinaram o Perdão.

O Profeta Habacuque (Capítulo 1), assim nos exara pelo Espírito de Deus: “2 Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás? 3 Por que razão me mostras a iniquidade, e me fazes ver a opressão? Pois que a destruição e a violência estão diante de mim, havendo também quem suscite a contenda e o litígio. 4 Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, e a justiça se manifesta distorcida”.

Que possamos nos consolar com estas Palavras e prosseguir nesta luta, aqui inglória, mas no Reino do Senhor, certamente, vitoriosa.

Que sejamos sedentos da Justiça e nunca nos envergonhemos de buscá-La.

Antônio Moura (Belo Vale, 09/02/2015).