AS MÃES PRETAS

Devemos considerar o fato de que os escravos domésticos tinham um tratamento mais ameno do que outros negros que desenvolviam atividades fora da "Casa Grande". As amas de leite, ainda que na condição de escravas , criavam vínculos de afetividade, surgindo daí a forma peculiar e afetiva com que a própria literatura registra a expressão "Mãe Preta". Amamentaram e salvaram a vida de incontáveis "sinhozinhos".

Essas negras velaram pelo sono dos mesmos com suas cantigas e,muitas vezes,utilizaram-se de benzeduras e rezas aos deuses iorubás (orixás), quando a Medicina da época não oferecia a esperança de cura. A Mãe Preta era um misto de serviçal dotada de poderes magísticos,embora a Igreja considerasse superstição e culto ao "Diabo" essas tradições da religiosidade negra.

Os ritos africanos se encobriam sob o véu do sincretismo religioso,sendo essa a forma encontrada de preservar o "Culto aos Orixás". Atualmente, as "Pretas Velhas" estão presentes nos "Terreiros de Umbanda e Casas de Candomblé", manifestando-se, espiritualmente, através dos iniciados e sacerdotes, quando são invocadas através da conhecida "LInha das Almas". Nestas sessões espirituais , espiritos de negros e negras prestam, como denominam seus adeptos, à caridade. Protetores ou guias, que não pertenceram à etnia negra, quando encarnados no orbe físico , apresentam-se com o esteriótipo de pretos velhos como um sinal ou lição de humildade, geralmente em prol da cura de quem lhes procura, buscando um lenitivo para as suas dores físicas ou espirituais.