Os terroristas não agem em nome de Deus

Os mais recentes ataques terroristas cometidos por muçulmanos radicais têm levado muitos a adotar um sentimento de "islamofobia", ou seja, de desconfiança e medo de todos os que se dizem muçulmanos, entendendo que todos os muçulmanos são radicais, querem impor a sua crença a todos e a dominar o mundo pelo sangue, visto que eles não temem a morte, pois estariam lutando por Alá numa jihad, uma guerra santa. Entre as muitas ações terroristas cometidas recentemente, poucas têm amedrontado tanto quanto o ataque aos cartunistas da revista francesa Charlie, que teria, segundo líderes muçulmanos, insultado o profeta Maomé, o que muitos consideram inaceitável e imperdoável.

Pode ser que a revista tenha se referido ao islamismo e a Maomé de forma desrespeitosa, porém, nada justifica uma ação tão desproporcional mas, se passarmos a identificar todo muçulmano com terrorista, acabaremos por tornar pior uma situação que já não está fácil. Os muçulmanos que vivem na Europa e outros países e só querem viver em paz já estão sofrendo por um erro que não cometeram, porque estão vendo olhares desconfiados e hostis sobre eles.

Há quem esteja dizendo: "Como esses muçulmanos dizem que a religião deles é da paz e fazem essas coisas?" Afirmações desse tipo,embora sejam naturais, são erradas. Primeiro, porque insinuam que todos os muçulmanos são violentos e estão dispostos a matar. Os terroristas não representam todos os adeptos de uma religião. Eles são apenas uma pequena facção que não está realmente interessada em agir em nome de Deus, ou Alá. Tudo o que querem é causar mortes, destruição e terror, promovendo verdadeiros derramamentos de sangue. Os muçulmanos pacíficos sofrem bastante por causa dos terroristas porque sabem que os morticínios provocados por eles fazem com que o resto do mundo tenha uma visão cada vez mais preconceituosa acerca dos que seguem as leis do Corão.

Como se pode impedir que a "islamofobia" se espalhe como um câncer incontrolável? Precisa-se que todos os povos, em vez de se isolar, estejam dispostos ao diálogo, respeitando as culturas e crenças de todos os outros. Quanto mais os povos se aproximarem, tratando aos demais com respeito e igualdade, mais diminuirá a ignorância que alimenta o preconceito acerca do diferente. Precisamos nos abrir para o diálogo e o conhecimento para pararmos de ver os outros, os diferentes, como os "errados", os "inimigos", porque todos, de uma forma ou de outra, somos diferentes. O nosso mundo é marcado pela diversidade cultural, racial, religiosa e outras mais. Sem nos aproximarmos das outras pessoas, mergulharemos mais e mais no buraco da ignorância e do preconceito que levam à intolerância, à violência e a todas essas mortes que temos visto.