A PIOR DOENÇA QUE EXISTE É A PARALISIA DA ALMA...
 
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Discursos sobre os Salmos, Sl 36, nº 3, §3
 
«Vieram, então, trazer-Lhe um paralítico»
 
Não poderemos nós levar um homem cujas forças interiores estão enfraquecidas, como o paralítico do Evangelho, e abrir-lhe o teto das Escrituras para fazê-lo descer até aos pés do Senhor?
 
Vede bem, tal homem é um paralítico espiritual. Vejo esse teto (da Escritura) e sei que Cristo Se esconde sob esse teto. Farei, portanto, na medida do possível, aquilo que o Senhor aprovou em relação aos que abriram o teto da casa e desceram o paralítico. Na verdade, Ele disse-lhe: «Filho, os teus pecados estão perdoados.» E Jesus curou esse homem da sua paralisia interior: perdoou-lhe os pecados e firmou a sua fé.
 
Mas ali havia pessoas cujos olhos não conseguiam ver a cura da paralisia interior e que tomaram o Médico que a tinha operado por blasfemo. «Porque fala este assim? Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão Deus?» Mas, como esse Médico era Deus, ouviu esses pensamentos dos seus corações. Eles acreditavam que Deus tinha verdadeiramente esse poder, mas não conseguiam ver que era Deus que estava diante deles. Então, o Médico agiu também sobre o corpo do paralítico, para curar a paralisia interior dos que assim falavam. Fez uma coisa que lhes permitisse ver e acreditar.
 
Tem, pois coragem, tu que tens um coração frágil, tu que estás doente a ponto de seres incapaz de melhorar o mundo. Coragem, tu que estás paralisado interiormente! Juntos, abramos o teto das Escrituras, para descermos até junto dos pés do Senhor.
 
Paz e Bem!
 
NÃO PODEMOS PERDER NUNCA A NOSSA ESPERANÇA...
 
Não podes perder a confiança em Deus nem desesperar da sua misericórdia; não quero que duvides nem que desesperes de te tornares melhor: porque, mesmo que o demônio tenha conseguido precipitar-te dos cumes da virtude até aos abismos do mal, muito mais Deus poderá chamar-te de novo para o cume do bem, e não só reconduzir-te ao estado em que te encontravas antes dessa queda, mas tornar-te muito mais feliz do que julgavas ser.
 
Não percas a coragem, suplico-te, não feches os olhos à esperança do bem, não te aconteça o que acontece aos que não amam a Deus; porque não é o grande número de pecados que leva a alma ao desespero, mas o desdém para com Deus. «É próprio dos ímpios, diz o Sábio, desesperar da salvação e desdenhar dela quando caíram no fundo do abismo do pecado» (Pr 18,3, Vulg).
 
Assim, pois, todo o pensamento que nos rouba a esperança da conversão provém da impiedade e, qual pedra pesada que nos amarraram ao pescoço, força-nos a olhar para baixo, para a terra, não permitindo que levantemos os olhos para o Senhor. Mas aquele que tem um coração corajoso e um espírito esclarecido sabe soltar do pescoço esse peso detestável. «Como os olhos do servo se fixam nas mãos do seu amo, e como os da serva nas mãos da sua ama, assim os nossos olhos estão postos no Senhor nosso Deus, até que tenha piedade de nós» (Sl 123,2-3)
 
Paz e Bem!
 
Fonte: Quinta-feira, dia 15 de Janeiro de 2015 – Comentário de Rábano Mauro http://sumo.ly/48q7 via @bibliacatolica
Santo Agostinho e Rábano Mauro
Enviado por Frei Fernando Maria em 16/01/2015
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