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“Homens (e mulheres) excepcionalmente cruéis são também profundamente religiosos”. Procuram valer-se da religião “como meio de apaziguar a consciência”.
É o que lemos no livro “Os Mais Perversos da História”, da britânica Miranda Twiss. Livro que pode ser discutível sob diversos aspectos, mas não sob esse ponto de vista. Ou não teríamos vindo desde Torquemada, que poderíamos chamar de o rei da Inquisição, e Vlad Tepes Drácula, ou “Vlad, o Empalador”, ambos no século XV, até os dias de hoje, com Jim Jones e a Congregação para a Doutrina da Fé, para ficarmos com esses dois exemplos.
A religião tortura e mata, física ou espiritualmente, em nome da salvação. Que estranho ou antagônico desígnio este, que estabelece a eliminação física de pessoas como forma de se chegar à sua salvação.
Nos dias de hoje, a tortura religiosa se dá mais comumente sob a forma mental. Mas não estão excluídas as ocorrências físicas, como as que, vez por outra, nos deparamos no noticiário, envolvendo o sacrifício de crianças ou mesmo adultos.
Muitas vezes o desaparecimento de pessoas ou líderes atende aos interesses de grupos importantes dentro de organizações religiosas. Pode ser o que tenha ocorrido com o papa João Paulo I, o que se pode inferir de uma das sequências do filme “O Poderoso Chefão” ou do livro “Em Nome de Deus” (In God’s Name), do também britânico David Yallop.
Nesse sentido, a religião assume o seu caráter talvez mais predominante, que é o político, frequentemente encoberto pelo manto religioso. Não é à toa que prelados, papas, cardeais, rabinos, aiatolás, etc. estão sempre muito próximos dos governantes, influindo em suas decisões ou tomando-as em conjunto. O Vaticano, por exemplo, é muito mais um Estado que uma Igreja, não sendo a sua posição desprezada pelos líderes do Leste ou do Oeste. Ou pelos poderosos conglomerados financeiros que se constituem no poder invisível no mundo.
No entanto, que não se conclua apressadamente daqui a noção de que pouco contribui para nós a fé religiosa. Nada disso. As religiões, todas elas, devem ser professadas livremente. E cada um deve ter o direito de delas se aproximar como quiser. O mergulho é que talvez deva ser com cautela – como canja ou caldo de galinha, que não fazem mal a ninguém.
Rio, 14/01/2015