QUEM PLANTA, COLHE ?

Será que quem planta colhe mesmo? Pelo menos esse é um provérbio da sabedoria popular, ou o que os “antigos” diziam, e que muitos ainda dizem por ter ouvido dizer. Vejamos se é assim.

Pode ser que haja uma intencionalidade nesse provérbio, sugerindo que devemos semear coisas boas, a fim de colhermos coisas boas também. Ou que não podemos plantar algo e colher coisa diferente do que plantamos. Afinal, as sementes guardam o padrão genético da sua origem. Mas, se tomarmos “ipsis litteris” ou ao pé da letra, pode ser que não colhamos.

Eu já tive a satisfação de colher frutos de várias árvores que plantei. Numa casa alugada onde morei, eu plantei coco, cupuaçu, abacate, buriti, cacau, manga, canela, açaí, goiaba, e comi os frutos de quase todas as árvores cujas sementes eu plantei. E alguém, certa vez, me questionou o fato de eu estar plantando em terreno alheio. Ao que eu lhe respondi, que eu comia do que outro havia plantado, e, por isso, eu também precisava plantar para que outros pudessem usufruir.’

E eu plantei em outro local várias outras espécies, inclusive uma de “bacuri do Pará". Árvore nativa da região Norte, e que produz um fruto com poupa muito saborosa, e que é utilizada para mousse e sorvete. Pois bem, essa árvore, segundo me informaram, leva vinte e cinco anos para começar a frutificar. E, embora eu ainda não tenha me dado o trabalho de pesquisar sobre isso, creio que ela demora mesmo para frutificar, já que a que plantei está com vinte anos e ainda não deu fruto. E eu pensava que a castanha do Pará ou do Brasil era a que mais demorava para frutificar, pois leva doze anos para começar a produzir em condições normais. A enxertada leva metade desse tempo.

Mas fiquei impressionado ao ver documentário sobre o bambu, o qual leva quarenta e oito anos para frutificar, e que só frutifica com esse intervalo de tempo.

Assim, pode ser que alguém plante e outro colha. Podendo acontecer que, não só por questão de morte de quem semeou, mas por ter mudado do local onde semeou, aquele que o fez não goze do fruto do seu labor. Há pessoas que plantam na intenção de que os seus filhos e netos venham a usufruir do fruto do que foi semeado, mas que isso não ocorra por razões várias.

Entretanto quando a semeadura é feita na esfera psico social ou espiritual, aquele que semeou pode não colher logo, o que poderá vir a ser feito pelos seus descendentes e pelo próprio semeador, no juízo.

Portanto, façamos “o bem” enquanto temos tempo. Pois, quem fizer o bem, receberá outra vez o bem que semeou. E para saber que é “o bem”, que não é exatamente coisas boas, examine o meu texto “O Bem e o mal”, em www.recantodasletras.com.br – oliprest (nickname do autor).