ONDE ENCONTRAR DEUS? QUEM É DEUS?

Em todos os tempos e lugares, os seres humanos buscaram o encontro com o Absoluto, com a Suprema Realidade, o Ser Supremo, o Criador do universo, Brama, Tao, Alá, Yahvé (Javé, Jeová), Deus. São muitos os nomes que homens e mulheres empregaram e empregam para fazerem referência ao mesmo ser, com algumas diferenças na compreensão desse ser. Existe no homem e na mulher o desejo de transcendência, de ir ao encontro do que não se vê nem se pode tocar. É o desejo do Sublime, do Inefável, do Indizível que habita o coração humano. É uma sede insaciável. No entanto, há uma tentativa de reduzir, de limitar, de prender, de monopolizar e banalizar o Ser do qual todos viemos e para o qual todos voltaremos. Vejo isso nas igrejas evangélicas e Católica, com raras exceções. Vejo isso no Islamismo e em outras religiões. Essas exceções talvez não estejam nem sejam vistas em igreja, mas em pessoas, poucas pessoas. O que é bom geralmente é raro, individual.

Existe uma grande rivalidade entre católicos e evangélicos, com exceções, é claro. A Igreja Católica se autoproclama a detentora da salvação dos homens e a única igreja deixada por Cristo. Que poder!!! Que privilégio!!! Que autoridade!!! Que monopólio!!! Já ouvi de seminarista (hoje, padre) que não há salvação fora da Igreja Católica. Se assim for, eu já estou no fogo do inferno, porque eu deixei de ser católico, ainda que eu tenha um grande respeito e amor por Francisco de Assis, por Maria, mãe de Jesus, e ainda que eu confie e acredite em Deus e procure ser seguidor dos ensinamentos de Cristo. No final do Evangelho escrito por Mateus, está escrito que Jesus pede que sejamos todos seus discípulos.

Evangélicos, não todos, já se consideram salvos, convertidos. Eu, que não sou evangélico, penso que a conversão deve acontecer todos os dias; conversão a Deus, a Cristo. Eu não sei se estou salvo; eu não tenho o poder de saber se estou salvo ou não. Alguém pode ter certeza de sua salvação? Muitos dizem que têm certeza de que serão acolhidos por Cristo. Jesus, porém, afirma: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino do Céu. Só entrará aquele que põe em prática a vontade do meu Pai, que está no céu. Naquele dia muitos me dirão: ‘Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos tantos milagres?’ Então, eu vou declarar a eles: Jamais conheci vocês. Afastem-se de mim, malfeitores!” Esse trecho está em Mateus 7, 21-23. Sendo assim, não basta que alguém diga a todo mundo que Cristo é o Senhor; não basta que alguém confesse que Jesus é o seu Senhor. O verdadeiro reconhecimento de Cristo como Senhor é viver segundo a sua palavra, ou seja, é colocar em prática seus ensinamentos; é viver dignamente e dar testemunho através de suas ações no dia a dia; é praticar o bem. Muitos, portanto, estão enganados ao pensarem que já estão salvos, que são os escolhidos. Ninguém pode nem consegue saber.

Evangélicos, não todos, falam sobre conversão apenas com este sentido: para a pessoa se converter a Cristo, é preciso que essa pessoa seja evangélica. Muitos não dizem isso claramente, mas, quando perguntam se você aceita Jesus, eles estão querendo que você passe a ser um evangélico; que você, a partir da confissão, frequente uma igreja evangélica. Caso contrário, você não estará convertido a Cristo. Neste caso, de nada adianta, segundo a cabeça de muitos, que eu seja uma boa pessoa; que eu não use bebida alcoólica; que eu não tenha nenhum vício; que eu não fale mal da vida alheia; que eu não roube; que eu não mate; que eu cumpra os mandamentos de Deus; que eu pratique o bem. Para muitos evangélicos, eu só estarei convertido a Cristo, se eu frequentar uma igreja evangélica. É como se Cristo pertencesse aos evangélicos. Neste caso, falando logicamente, a conversão não é a Cristo, mas a uma igreja. Reconheço, contudo, que há muitos bons evangélicos. É uma grande alegria conhecer alguns desses e sermos amigos.

Jesus nos alerta: “Se alguém disser a vocês: ‘Aqui está o Messias’, ou: ‘Ele está ali’, não acreditem. Porque vão aparecer falsos mestres e falsos profetas, que farão grandes sinais e prodígios, a ponto de enganar até mesmo os eleitos,...” Você encontra esse trecho em Mateus, no capítulo 24, versículos 23 e 24. No mesmo Evangelho, capítulo 7, versículos 15 e 16, Jesus nos diz: “Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. Vocês os conhecerão pelos frutos deles...” No versículo 20, está escrito: “Pelos frutos deles é que vocês os conhecerão”. Sendo assim, devemos observar o comportamento e a vida de quem se diz seguidor de Cristo. Vejamos seus frutos, seu testemunho de vida, sua maneira de viver; se é simples, humilde, se pratica o bem.

Muitos católicos vivem fazendo críticas aos evangélicos e muitos evangélicos vivem fazendo críticas aos católicos. Ambos os lados vão além das críticas: eles condenam, consideram errado o outro lado, com exceções, é claro.

Onde se encontra, pois, a verdade? Onde encontrar Deus? Onde devemos rezar ou orar? Como? Em qual igreja? Qual é a igreja certa? Qual é a igreja deixada por Cristo? Qual é a verdadeira igreja? Onde devemos e podemos adorar a Deus?

No Evangelho escrito por João, capítulo 4, do versículo 19 ao versículo 24, você obtém a resposta para estas perguntas: “A mulher então disse a Jesus: ‘Senhor, vejo que és profeta! Os nossos pais adoraram a Deus nesta montanha. E vocês judeus dizem que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar’. Jesus disse: ‘Mulher, acredite em mim. Está chegando a hora em que não adorarão o Pai, nem sobre esta montanha nem em Jerusalém. Vocês adoram o que não conhecem, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade. Porque são estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade’”. Sendo assim, não há uma igreja específica; não há uma igreja deixada por Cristo; não há um lugar específico no qual devemos adorar a Deus, ou rezar, ou orar. É a Bíblia que afirma isso. Eu estou apenas reproduzindo. É só conferir!

No Evangelho escrito por Mateus, capítulo 6, do versículo 5 ao versículo 8, obtemos mais detalhes: “Quando vocês rezarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de rezar em pé nas sinagogas e nas esquinas, para serem vistos pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. Ao contrário, quando você rezar, entre no seu quarto, feche a porta, e reze ao seu Pai ocultamente; e o seu Pai, que vê o escondido, recompensará você. Quando vocês rezarem, não usem muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa do seu palavreado. Não sejam como eles, pois o Pai de vocês sabe do que é que vocês precisam, ainda antes que vocês façam o pedido”. Sendo assim, eu nem preciso explicar. Essas palavras são claras. Elas nos dizem onde e como devemos rezar, ou orar, ainda que seja bom rezar ou orar coletivamente. Nos versículos seguintes, encontramos a oração que Jesus nos deixou. Em Lucas, no início do capítulo 11, encontramos a mesma oração.

Deus nos deu a razão, a inteligência e a consciência para entender e compreender as coisas. Devemos ter muito cuidado com quem se diz seguidor de Cristo. É o próprio Jesus quem nos pede para termos muito cuidado com os falsos profetas. Eu não estou afirmando que não podemos participar de alguma igreja. Jesus disse: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles”. Você encontra essa citação em Mateus, capítulo 18, versículo 20. Neste caso, Deus está em qualquer igreja que siga verdadeiramente os ensinamentos de Cristo, ou entre duas pessoas que estejam vivendo segundo a vontade divina. Jesus não deixou, portanto, nenhuma igreja institucionalizada. Ele deixou discípulos, seguidores. Entretanto, ele nos diz onde e como rezar. Jesus deseja que sejamos seus discípulos. Isso, contudo, não significa, necessariamente, participar de uma igreja. Pode-se participar. Porém, pode-se não participar, e ser seguidor de Cristo. O mais importante não é a igreja, mas a maneira como a pessoa vive e convive neste mundo.

Quem deseja participar de uma igreja não merece ser discriminado. Quem não deseja participar de uma igreja também não merece receber discriminação. As igrejas são muito importantes na vida de muitas pessoas. As igrejas são muito importantes para a sociedade; são necessárias neste mundo. A sociedade está carente de bons pastores. Na minha vida, por exemplo, a Igreja Católica foi e continua sendo muito importante, porque ela me ajudou a ser o homem que eu sou. Nada neste mundo conseguirá apagar a boa marca que a Igreja Católica deixou em mim, assim como eu fui e sou marcado, benignamente, por outros fatos, por bons amigos e... Ninguém consegue viver sem ser influenciado e sem influenciar. Vivemos uma influência recíproca.

Não sou mais católico porque eu não vejo como desenvolver e aprofundar a minha espiritualidade nessa igreja. Onde eu moro, eu só vejo a prática de um ritual vazio e sem espiritualidade. As pessoas vão à igreja para cumprir apenas uma obrigação, além de intrigas, fofocas e rivalidade que há entre os fiéis dessa fé. Além disso, muitos católicos não vivem o que anunciam às pessoas. Não há coerência entre o anunciado e o vivido. Mesmo assim, eu reconheço que há muitos bons católicos. Eu tenho bons amigos nessa igreja. Agradeço a Deus.

Lamento quando vejo pessoas que se consideram detentoras da verdade religiosa ou de qualquer outra verdade. Lamento quando vejo pessoas que dizem: “Você não pode ser seguidor de Cristo fora da igreja”. Quando ouço afirmações desse tipo, é como se Cristo fosse propriedade de alguma igreja. É como se as igrejas fossem os únicos lugares onde pudéssemos ou possamos encontrar Cristo.

Há muitos bons evangélicos. Há muitos bons católicos. Há muitos bons espíritas. Há muitos bons muçulmanos, assim como há muitos bons budistas, xintoístas, confucionistas, hinduístas, taoístas, sincretistas, judeus, ateus. Há muitos bons cristãos fora das igrejas. Há pessoas boas no Candomblé, no Calvinismo, Anglicanismo, na Maçonaria, na Seicho-No-Iê, na Ioga, na Teosofia. Há pessoas do bem em todos os lugares, em todos os tempos e em todas as culturas. Há muitos bons seres humanos que não frequentam igreja. Da mesma forma, há pessoas que praticam o mal em todas as igrejas e religiões, assim como há muita gente praticando o mal fora delas.

Que todas as pessoas saibam viver em harmonia. Que sejamos buscadores de Deus, não importa se o buscamos dentro ou fora de alguma igreja ou religião. Que vivamos Deus no dia a dia. Que Deus esteja presente nos nossos atos, nos nossos pensamentos, na nossa vida. Que Deus ilumine o nosso caminho e nos ajude a buscá-lo sempre. O mais importante é que o busquemos e o respeitemos através da nossa vida e da vida do nosso semelhante: qualquer pessoa. Que a nossa vida seja de acordo com a fé que professamos. Que não haja contradição entre a nossa fé, as nossas palavras e a nossa existência terráquea. Lembremo-nos de que não basta dizer Senhor, Senhor! É preciso fazer a vontade de Deus. É Jesus quem nos diz isso. No fim de tudo, diz Jesus, até pessoas que o anunciavam poderão ficar fora do Reino de Deus. O mais importante é a maneira como a pessoa vive.

Se alguém deseja participar de uma igreja, participe! Mas faça o bem e evite o mal! Se alguém não deseja participar de uma igreja, não participe! Mas faça o bem e evite o mal! Se você afirma que acredita em Deus, mostre Deus através da sua vida! Se você mora com um católico ou uma católica, mas não tem a mesma fé, você deve respeitar a fé da outra pessoa, assim como você merece ser respeitado (a). Se você mora com um evangélico ou evangélica, mas não tem a mesma fé, você deve respeitar a fé dessa outra pessoa, assim como você merece ser respeitado (a). Além disso, nada impede nem deve impedir que você, mesmo não sendo de uma igreja, visite essa igreja; que você, mesmo não sendo de igreja, conheça uma igreja.

Não discuta, não brigue por igreja ou religião, mas converse sobre a fé, sobre Deus, sem tentar impor a sua fé ou falta de fé a ninguém. Saiba que, mesmo sem frequentar uma igreja, alguém poderá ter mais fé em Deus e poderá fazer a vontade de Deus muito mais do que você, que frequenta uma igreja, assim como o contrário também acontece: você, frequentando uma igreja, poderá ter muito mais fé em Deus e fazer muito mais a vontade de Deus do que a pessoa que não frequenta. Tudo depende de Deus e da pessoa.

Não procuremos prender Deus em nossas definições, em nossos conceitos! Deus não se deixa prender naquilo que nós imaginamos saber sobre Ele. Não nos consideremos doutores, mestres ou especialistas em Deus! É muito pouco tudo o que sabemos a respeito Dele. O Ser Supremo está muito além do que podemos compreender. Não limitemos a grandeza de Deus! A nossa compreensão é limitada. Deus, que é infinito, não pode caber na nossa cabeça, que é finita. Alguém já disse isso algures ou alhures.

Busquemos mais o Deus verdadeiro! Não nos cansemos de buscá-Lo, de procurá-Lo! Deixemos que Ele nos oriente! Ouçamos a nossa interioridade! Agostinho dizia: “Não queiras ir lá fora! Volta-te para ti! No interior do homem mora a verdade”. Segundo Agostinho, a verdade é Deus. Esse filósofo cristão estava certo: Deus é a verdade.

Não pertenço a nenhuma igreja. Mas busco ser um homem do bem; sou um homem religioso. Eu busco saber sobre Deus e viver segundo a sua vontade. Eu busco ser seguidor dos ensinamentos de Cristo. Não me considero cristão, mas busco sê-lo. É Cristo quem sabe se eu vivo segundo seus ensinamentos. Penso estar muito distante da vida que Jesus deseja que eu tenha, mas vivo nessa busca. Nunca me considerarei pronto, convertido ou perfeito. Eu busco me converter a Deus todos os dias. Eu busco mudar de vida todos os dias. Nesta caminhada, eu aceito os ensinamentos de outros homens, como Buda e Gandhi. Pois eu sei que eles foram e são instrumentos de Deus nesta vida. Deus se manifesta de várias maneiras e em várias culturas. Todavia, eu não aceito ensinamentos que não tenham sido aprovados por minha consciência, que não tenham passado pelo crivo da razão. Esta é outro instrumento que Deus nos deu. A razão é um instrumento doado para a prática do bem. No entanto, eu sei que Deus está muito além da razão. Deus é transcendência. Não é contra a razão, mas está além dela.

Eu tenho plena certeza de que Deus não me abandona. Eu sinto Deus na minha vida. Ele está em todos os lugares. Basta que reconheçamos a sua presença. Muitos não conseguem reconhecê-Lo, devido ao fato de muitos estarem mergulhados apenas no que pode ser visto pelos olhos físicos, no que pode ser apalpado. E “Deus é espírito”, disse Jesus.

Não existe uma igreja ou religião específica para Deus. Ele é de todas as igrejas e de todas as religiões. Ele é de todos os homens e, ao mesmo tempo, Deus não é de ninguém. Deus não é propriedade, nem monopólio de ninguém. Deus está em mim e além de mim. Está em você e além de você; nas igrejas e além das igrejas; nas religiões e além delas; na casa de cada pessoa e fora de cada casa. Deus esteve, está e sempre estará em todos os lugares e em todos os tempos.

Deus esteve nas guerras, pedindo que os homens acabassem com as guerras. Só não encontramos Deus na mentira, na falsidade, na fofoca, nas intrigas, nas rivalidades.

Deus está muito além de tudo que eu possa compreender e onde eu não sei dizer. Deus é muito mais do que eu possa dizer. Ele não se deixa prender por aquilo que eu digo. Se eu conseguisse dizê-Lo, não seria Deus. Alguém já disse isso algures ou alhures.

Que Deus me livre do sentimento e da arrogância de pensar que sei muito sobre Ele. Que eu esteja sempre em busca de Deus. Que eu mostre Deus através das minhas palavras, do meu amor às pessoas, dos meus atos, da minha vida. Que eu viva Deus na minha vida.

27/12/2014

Pastos Bons/MA

Domingos Ivan Barbosa

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 28/12/2014
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