EXORCISMOS
Carta 136
EXORCISMOS
Um seminarista de Belém (PA) solicita subsídios sobre exorcismos.
O termo exorcismo (em grego exorkismós) designa o ritual executado por uma pessoa devidamente capacitada para expulsar espíritos ou influências malignas de pessoas ou ambientes que se acredite estar num estado de possessão. Pode também designar o ato de expulsar demônios por intermédio de fórmulas especiais, esconjuros e imprecações. O termo surgiu no início do cristianismo, a partir do sé-culo II. No entanto, a prática é bastante antiga e faz parte do sistema de crença de muitas religiões e culturas.
A ilusão de que o exorcismo funciona em pessoas com sintomas de possessão é atribuída por alguns ao efeito placebo e ao poder da sugestão. Algumas pessoas supostamente possuídas são realmente perturbadas, narcisistas ou sofrem de baixa auto-estima e agem como uma “pessoa possuída por um demônio”, muitas vezes com o propósito de ganhar atenção.
O exorcismo é um sacramental muito especial. Trata-se de um sacramental pelo qual a Igreja, em nome de Jesus Cristo, ordena publicamente e com autorida-de, que uma pessoa ou objeto sejam protegidos contra a influência do maligno e subtraídos de seu domínio. A possessão diabólica tornou-se rara porque, por sua morte, Jesus redimiu a humanidade e anulou o poder de Satanás. Por essa razão a Igreja é muito cuidadosa antes de permitir um exorcismo, procurando averiguar se é um caso de possessão real ou de um desequilíbrio mental ou algum outro tipo de perturbação psíquica. Só pessoas sólidas em sua fé podem realizar o exorcismo e a Igreja exige que se guarde segredo por parte de todos os que dele participam.
Antes se dizia que só os padres jesuítas podiam realizar exorcismos. Hoje já se sabe que qualquer batizado pode executar esse rito, desde que autorizado e reú-na as condições indispensáveis.
No terreno prático temos o padre Gabriele Amorth que é um dos seis exorcis-tas oficiais do Vaticano e um dos mais experientes exorcistas da atualidade, segun-do ele afirmou em entrevista à revista “Catolicismo”, já fez mais de 4.000 exorcis-mos. Ele também é o presidente da associação dos exorcistas onde tenta desenvol-ver um trabalho para que sejam formados mais servos de Deus para este ofício, um tanto escasso dentro de nossa igreja. É muito raro encontrarmos um.
Perguntado, pela revista, quais as razões que levam bispos e padres católicos a se desinteressarem inteiramente da temática demônio, abandonando assim os fiéis à ação preternatural, crescente nos dias atuais, assim se expressou o exorcista:
Não há razão para se impressionar com minha resposta. No Evangelho, Nosso Se-nhor diz: “O demônio é fortíssimo”. Isto está muito claro. É fortíssimo e conseguiu, com sua habilidade, fazer-nos crer que [ele] não existe, coisa que mais lhe agrada. Porque pôde realizar isso nestes séculos – pois já faz três séculos que faltam exorcistas. E isso explica meu combate aos Bispos, aos padres que não crêem na ação do demônio. Eu os critico fortemente. Julgo que 90% dos padres e dos Bispos não crêem na ação extraordinária do demônio. Talvez existam alguns! Talvez... talvez!. No Concílio Vaticano II, alguns Bispos já afirmavam que não existia!… Durante o Concílio, hein! Diante da Assembléia Conciliar! Por isso eu repito: tenho por certo que 90% dos Bispos e sacerdotes não crêem na ação ex-traordinária do demônio.
Na verdade, no exorcismo não há o confronto apenas com o diabo, mas tam-bém contra suas obras, suas influências e as atitudes provocadas por pessoas com-prometidas com o pecado. Nesses casos, parece que os evangélicos, pentecostais e ultrapentecostais crêem mais na existência e nas ameaças do demônio, pois, en-quanto não se ouve falar em exorcismos na Igreja católica, nos demais cultos o con-fronto com os espíritos do mal é uma constante.
Qual seria a causa dessa disparidade? Seria um sigilo da nossa Igreja quanto a exorcismos realizados, ou um abandono a essas práticas, debitando tudo aos fe-nômenos psicológicos? A maior vitória do diabo é passar despercebido, com sua existência negada ou minimizada pelas Igrejas. E entre os pentecostais? Há mesmo tantas manifestações satânicas assim, ou é apenas uma jogada de marketing?
Eu falei acima que não há um confronto apenas com o diabo, mas também contra suas obras, suas influências e as atitudes provocadas por pessoas compro-metidas com o pecado. Na Bíblia aparece muitas vezes a palavra repreender, no gre-go, epitímao, que surge como uma atividade de Jesus e dos apóstolos contra alguma ameaça contra as pessoas. O Mestre repreendeu a febre que atormentava a sogra de Pedro... (Lc 4,39), assim como aplicou semelhante reprimenda contra o vento que ameaçava afundar a barca em que viajavam os apóstolos (cf. Lc 8,24). Em muitos casos a repreensão, por quem tem fé e autoridade vale como um exorcismo, pois afasta as ameaças.
O ato de dar uma bênção sobre a água também tem esse efeito. Tanto que num passado recente se chamava “exorcismo da água” a benção realizada sobre a água que ia servir ao batismo. Quando uma pessoa, padre ou ministro leigo executa uma bênção a uma pessoa ou ambiente, repreendendo a doença, a dor, o espírito de descrença, desespero, dúvida, desarmonia, inveja, depressão ou outro sentimento negativo, ele está, de certa forma, praticando um exorcismo.
Por fim, atendendo seu pedido, aqui vão duas orações de defesa contra as po-testades malignas, bem como dois Salmos de proteção:
Salmo 91
Você que habita no amparo do Altíssimo, e vive à sombra do Onipotente, diga a Javé: “Meu refúgio, minha fortaleza, meu Deus eu confio em ti!” Ele livrará você do laço do caçador e da peste destruidora. Ele o cobrirá com suas penas e debaixo de suas asas você se refugiará. O braço dele é escudo e armadura. Você não temerá o terror da noite nem a flecha que voa de dia, nem a epide-mia que caminha nas trevas nem a peste que devasta ao meio-dia. [...] A des-graça jamais o atingirá e praga nenhuma vai chegar à sua tenda, pois ele or-denou aos seus anjos que guardem você em seus caminhos. Eles o levarão nas mãos para que seu pé não tropece numa pedra. Você caminhará sobre cobras e víboras e pisará leões de dragões. Eu o livrarei porque a mim se ape-gou. Eu o protegerei porque conhece o meu nome. Ele me invocará e eu res-ponderei. Na angústia estarei com ele; Eu o aliviarei e glorificarei. Vou saciá-lo de longos dias e lhe farei ver minha salvação.
Salmo 121
Ergo os olhos para os montes: de onde virá o meu socorro? O meu socorro vem de Javé que fez o céu e a terra. Ele não deixará que o seu pé tropece, e seu guarda jamais dormirá! Sim, não dorme nem cochila o guarda de Israel. Javé guarda você sob sua sombra, ele está à sua direita. De dia o sol não feri-rá você, nem a lua de noite. Javé guarda você de todo o mal, ele guarda a sua vida. Javé guarda suas entradas e saídas, desde agora e para sempre.
Oração de Santo Inácio de Loyola
Alma de Cristo santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro de vossas chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me afaste de vós.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da minha morte, chamai-me e mandai-me ir para vós
para que, com os vossos santos, vos louve
Por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Oração s São Miguel
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nosso refúgio contra a maldade e as ciladas do demônio! Ordene-lhe Deus, instantemente o pedi-mos, e vós príncipe da milícia celeste, pelo poder divino, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém. (in: Pequeno exorcismo de Leão XIII, 1891).
Oh, Senhor, ouve a minha oração
Permite que o meu clamor chegue até vós.
Que o Senhor esteja convosco.
Ele está no meio de nós!
Oremos... Deus do Céu, Deus da terra, Deus dos Anjos, Deus dos Arcanjos, Deus dos Patriarcas, Deus dos Profetas, Deus dos Apóstolos, Deus dos Mártires, Deus dos confessores, Deus das Virgens, Deus que tem o poder de dar a vida depois da morte e descanso depois do trabalho, poque não há outro Deus além de Ti e não pode haver outro, porque Tu És o Criador de todas as coisas, visiveis e invisiveis, cujo reino não terá fim, postramo-nos humildemente perante a Tua Gloriosa Majestade e te rogamos que nos libertes com o teu poder, de toda a tirania dos espíritos infernais, das suas ciladas, das suas mentiras e de suas furiosas maldades; propí-cia, oh, Senhor, que desça sobre nós a Tua poderosa proteção e nos mantenhas se-guros e saudáveis. Rogamos-te em Nome de Jesus Cristo Nosso Senhor. AMEM !
Das ciladas do demónio,
liberta-nos, oh , Senhor.
Que a Teu Povo possa servir em paz e liberdade,
rogamos que nos ouças, Senhor.
Que afastes a todos os inimigos do Teu Povo,
rogamos que nos ouças, Senhor.
[Água benta deve ser aspergida no lugar onde se pronuncia a oração, ou sobre a pessoa vítima da possessão]