O que os ateus esperam?


Miguel Carqueija



“O argumento mais fraco que tenho contra o ateísmo é que ele é absolutamente inútil e estéril; não constrói nada, não explica nada, não leva a coisa nenhuma.”

(Érico Veríssimo, “Olhai os lírios do campo” – Olívia, capítulo 13)





Nossos irmãos ateus vêm mantendo, nos últimos anos, uma grande militância, inclusive pela internet, buscando convencer um maior número de pessoas das suas idéias. E, diga-se a verdade, com frequência perdem-se em ataques virulentos contra os crentes, contra a idéia de Deus, contra a Cristandade, contra a Bíblia. A contrapartida não ocorre: nós, católicos, por mais que nos ataquem e nos agridam insistimos em amar os nossos irmãos ateus, amparados que estamos nas próprias palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo:

“Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.” (Jo 13,34).

Esse amor transbordante que o Cristo legou à humanidade operou tantos milagres nesses dois milênios. Agora mesmo, lendo “A sagração da primavera”, do historiador Modris Eckstein, tomei conhecimento em maiores detalhes de fatos dos quais possuía vaga notícia: a extraordinária confraternização, no Natal de 1914, no front da guerra, entre soldados franceses, ingleses e alemães, que atravessaram a terra-de-ninguém em muitos pontos das trincheiras e se abraçaram, cantaram juntos hinos religiosos, trocaram presentes. Um milagre do Cristianismo — o ateísmo conseguiria algo assim? Não é apontando o contra-testemunho de maus cristãos que se resolve a questão.

Mas é o caso de indagar: e que esperam da vida os nossos irmãos materialistas? Se eles defendem que Deus não existe, que não existe a alma, que tudo é matéria e que tudo acaba com a morte?

O que seríamos nós todos, senão sucata (perdoem a franqueza...) se acabássemos de vez na morte do corpo? Pensem bem: as pessoas que cresceram estudaram, riram, sofreram, amaram, escreveram livros, lutaram por ideais... desaparecendo completamente com a morte, como se nunca tivessem existido. O nascimento deixa de fazer diferença. Como pode o ateu ser feliz se, arbitrariamente, condenou a si próprio ao aniquilamento total?

É só isso que o ateísmo tem para oferecer à humanidade?
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Não, obrigado. Eu sei que Deus existe, porque o universo não pode ter sido criado pelo nada e pelo acaso. Eu sei que a vida não termina com a morte. Não sejam orgulhosos, recusando crer em Deus para não reverenciá-lo.



Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2014.