A PEDRA DE ESQUINA

“E bem aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço”

Lucas 7.23

O que, afinal de contas, teria feito João Batista duvidar que Jesus era, de fato, o Messias prometido? O que teria provocado tal desconfiança depois de ter declarado publicamente que Ele era “o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” na ocasião em que o batizou? Teria também o batista se escandalizado com o comportamento pouco ortodoxo, até mesmo excêntrico de Jesus? Se fora esse o caso, João não estava sozinho.

Em certa ocasião surgiu uma polêmica entre os discípulos de João e os de Jesus sobre o costume solene dos seguidores do batista de jejuarem com frequência, enquanto os discípulos de Jesus, não adotavam tal prática. Questionado Jesus a esse respeito respondeu: “podem os convidados de um casamento jejuar enquanto estiver com eles o noivo? Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo, então nesses dias jejuarão”.

João pode ter ficado com dúvidas a respeito de Jesus quando ouviu dizer que ele comia e bebia com pecadores e publicanos; que escolheu um coletor de impostos como um de seus seguidores; que percorreu a cidade dos samaritanos e que até mesmo tivera longa conversa com uma mulher de Samaria!

Se João Batista, que foi o profeta responsável por anunciar a chegada gloriosa do Filho de Deus; que aos próprios discípulos recomendou que os devia seguir a partir do primeiro encontro entre eles a beira do rio Jordão pois, disse João: “convém que ele cresça e eu diminua”. E que vários testemunhos deixou sobre o Cristo, quase tropeçou na fé Nele, imagina os demais homens.

Mas, bem aventurados os que não acharem nele motivo de tropeço.

Não é fácil mesmo não achar em Jesus Cristo motivo de tropeço. Por isso ele advertiu a todos os que se propunham a segui-lo. Ele provocou as maiores controvérsias assim no mundo físico como no mundo espiritual. Jesus foi e é ainda hoje, um paradoxo para as mentes humanas. Entregar-se a ele de corpo e alma é um desafio fenomenal. O mundo nunca esteve preparado para recebe-lo e nem nunca estará. Os religiosos da época acreditavam estar prontos para receber o Messias. Não sabiam que precisavam renovar radicalmente suas mentes cauterizadas. Não podiam suportar um sujeito que ao mesmo tempo que anunciava o Reino de Deus, curasse enfermos em pleno sábado. Como poderiam entender quem desrespeitava tão flagrantemente o sagrado dia do descanso do Senhor? Os fariseus não perceberam que era chegado o fim dos dogmas e das doutrinas aprisionantes. Não se deram conta que Jesus representava a libertação do corpo e da mente humana e que a partir de então as cadeias da religiosidade não mais manteriam cativas as vidas dos homens.

Jesus os contrariava, porque não seguia seus costumes e protocolos. Não lavava as mão antes de sentar à mesa para as refeições; não tolerava o comércio no templo de adoração; não suportava a hipocrisia, a incredulidade e dureza de coração dos religiosos; não aceitava nenhum tipo de bajulação. Além disso, conclamava aos homens coisas difíceis demais como por exemplo: amar aos próprios inimigos e orar por aqueles que os perseguem. Seus ensinamentos, suas palavras, em muitas ocasiões quase justificavam a precipitação dos fariseus de lhe terem chamado de Belzebu tal a perplexidade que o Messias lhes provocava. Ainda hoje, o Mestre provoca perplexidade aos corações dos homens. Como evitar tal sensação? Ele contraria tudo o que dele se pode imaginar; Ele causou decepção, frustração e raiva mas ao mesmo tempo também admiração. Porque, afinal, Ele veio para os enfermos e não para os sãos.

al morris
Enviado por al morris em 04/11/2014
Código do texto: T5023455
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.