FERNANDO BASTOS E O MORCEGO
‘A Consciência Humana é esse morcego!’
(Augusto dos Anjos)
O Sr Fernando Bastos,em texto recente,insiste em sustentar que a Bíblia afirma que morcegos são aves.Não é a primeira vez que o autor incorre nesse equívoco já bastante conhecido dos que possuem alguma familiaridade com o texto sagrado bem como daqueles que se interessam por bibliologia e inerrância bíblica.A coisa é gritante e,penso eu,lamentável por revelar a inépcia de alguns para leitura de textos mais desafiadores.O episódio,no entanto,traz como inestimável lição a evidência de que ninguém sai impune de uma leitura desprevenida da bíblia,principalmente sem atender ao pré-requisito da humildade diante do texto bíblico.Ademais,admitir a própria ignorância é o primeiro passo em qualquer processo de aprendizado,a arrogância não costuma ser muito produtiva nesse sentido.
Bem,tentando ser sucinto e direto ao ponto,a partir daqui,podemos afirmar que inicialmente:
• Morcego não é ave;
• Fernando Bastos afirma que a bíblia diz que morcego é ave.
Bem,para resumir,o termo traduzido por AVE,nas traduções contemporâneas,corresponde a OWPH do hebraico/aramaico dos manuscritos mais antigos,e ‘owph’ significa ALADO(que possui asas),não necessariamente voador ou mesmo ave.
O Sr Fernando Bastos vê a si mesmo como incansável estudioso das religiões em geral e em particular do Cristianismo e de seu livro sagrado.Não acredito que essas informações acima não fossem já de seu conhecimento quando cometeu seu panfletinho iconoclasta,definitivamente não cabe,aqui,o benefício da dúvida.A pergunta inevitável é:por que insiste em afirmar que lê no texto o que(está demonstrado)ali sequer está sugerido, até por uma questão de coerência interna do livro?
Supor o erro foi uma questão de preguiça ou de desonestidade intelectual?
Agora,não deixa também de ser curioso,curiosíssimo,que esse morcego viva assombrando o autor,de vez em quando ele aparece em seus textos,como uma sombra viva e incontrolável,um espectro infernal a perturbar-lhe o bom senso e a coerência.Não menos curiosa é a fisiológica cegueira da criatura(não que a visão lhe faça muita falta...)e sua notória aversão à luz,justamente à luz,leitor,a metáfora mais óbvia da verdade que me ocorre sem pensar muito.
Curioso,curioso mesmo...
Enfim,o morcego do Sr Fernando Bastos não é ave,mas dá pena...