Ultimamente tenho pensado muito em fé. Como isso é possível? Afinal, o próprio conceito de religiosidade me soa totalmente vazio.

Quando penso em fé não penso naquele conceito de crença cega, sem evidência. Penso em fé como um sinônimo de esperança. Mas esperança e fé não são conceitos diferentes? Quando a esperança está desprovida de razões, motivos para se sustentar, vejo os conceitos como relacionados. Portanto, ao afirmar que tenho fé em dias melhores, estou também afirmando que ainda tenho esperança, mesmo sem ver motivos para tê-la.

Eu vinha encarando a vida não com fé, mas com objetivos, metas. Eu definia planos de ação e indicadores para saber se estava vencendo. Foi assim que aprendi na minha profissão.

Mas e quando você depende obrigatoriamente de alguém? Você não tem como ir sozinho. Meus objetivos fogem de meu controle pois já não me pertencem. E as vezes a única coisa que se pode fazer é esperar... e o silêncio dessa espera dói tanto...

De que adianta saber recitar Nietzsche, apreciar arte e cultura, conhecer e saber tanta coisa (muitas totalmente inúteis) se aquilo que mais tem me motivado, que mais tem me alegrado e emocionado... foge dia após dia de mim?

Lutar, planejar, ter metas... já não é possível. É aí que entra a fé, como um elemento estranho e não convidado. Eu não a quero! Quero apenas ter o controle de meus passos, saber se estou caminhando na ponte ou se já estou em queda livre no abismo. Mas sozinho não consigo. Então a fé volta a me visitar e o ciclo recomeça...

Olho no relógio: são 4 e pouco da madrugada. Eu acordo as 6 para trabalhar. Não posso passar mais uma noite assim. Não aguento mais. Preciso dormir. Preciso desesperadamente dormir... mas a dor não deixa. E ultimamente tenho pensado tanto em fé...

Manoel Frederico
Enviado por Manoel Frederico em 15/10/2014
Reeditado em 22/10/2014
Código do texto: T4999491
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