Ovelhas Migratórias

Certa vez Jesus havia alertado seus discípulos para

a impossibilidade de deixar outras ovelhas fora do plano

eletivo de Deus pai, e mediante a essa perspectiva a rota

das boas novas do evangelho jamais seriam as mesmas.

O prenúncio de tal afirmativa se encontra na sentença:

“E tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco; a estas

também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se

tornarão um só rebanho, um só pastor.” – João 10:16.

Por certo não havia momento mais oportuno, do que

a proximidade do fim do ministério de Cristo, para uma

revelação tão impactante e perturbadora: o anúncio

de um "outro rebanho". Provavelmente os discípulos

já ouviram muitas coisas da boca do mestre que os deixaram

em espanto, mas nada como outro rebanho, pois se afinal

ele (Cristo), era Rei sobre Israel e ele o seu povo, como pode

existir outro povo?

Os discípulos foram escolhidos por Cristo no início do

seu ministério, eles sabiam de onde cada um veio. Era notório

a origem, família, personalidade, posses, trabalho etc. Cada

qual deles que se projetava no mestre conseguia ver a

importância que teria no estabelecimento do "reino celeste".

Certa feita até discutiram sobre qual deles seria o maior no

reino dos céus -(acredite), até mesmo com aquela criança assentada

no colo do mestre como símbolo de simplicidade e pureza; a idéia

de se tornar um nobiliário do séquito de Jesus, permaneceu viva na

ambição pessoal de cada um.

Mas as ovelhas apareceram, vieram de todo o mundo para compor

o aprisco de Jerusalém - aquele aprisco frágil de homens perseguidos,

que pregavam com autoridade e intrepidez entre os intervalos de oração

no templo. Foram várias as tentativas de sufocar o rebanho, mas ele

resistiu com habilidade até que começou a se tornar parte do showbiz

da cosmopolita Jerusalém; e cada vez que o rebanho se estruturava, o

outro rebanho era deixado de lado. Talvez o maior erro dos baluartes da fé

tenha sido deixar a porta do aprisco aberta acreditando que o outro rebanho

adentraria às portas para compor um ùnico povo da forma que o mestre havia

falado.

E hoje da mesma forma as portas estão abertas, um entra o outro sai

e raramente alguém percebe, por que as ovelhas não estão perdidas à ermo,

estão perdidas entre apriscos! É preciso fazer a lição de casa - cuidar, acolher,

ensinar, abrir e fechar as portas pra que as "outras" ovelhas reconheçam

no aprisco as lições do pastor, uma voz que transpira humildade e temperança

a qual nenhuma outra voz se asemelha!

Faça uma sincera reflexão, quantos rebanhos já não passaram pelo seu aprisco?

Esse aprisco que você defende, que abriga bela pastagem, água corrente uma paisagem

de tirar o fôlego, ovelhas de mais alta estirpe - mas que negligencia o rebanho perdido,

doente e sem esperança.

Assim são as pessoas que não vemos mais: ovelhas feridas, ovelhas deixadas por Cristo

que julgamos "decaídas" do ideal pastoral, do ideal de igreja. Certo, ovelhas migratórias

você vai me dizer, inclusive vai alegar que algumas são curiosas que vão de "aprisco à aprisco"

e nunca param - talvez até me diga que a maioria que cruzou as portas do seu aprisco

são assim, mas para o bom pastor, as noventa e nove são apenas alegorias para convencermos

a nós mesmos de que o numerário é um indício de sucesso.

Mas, sucesso mesmo é saber que ele limpa, e conduz suas ovelhas à um habitat que faz fonteira

com nossos "apriscos" pessoais. Mas é uma pena, por que você considera isso uma utopia

já que fora do aprisco nada existe, seu aprisco "ideal".

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 21/09/2014
Código do texto: T4970656
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