BÍBLIA EM TÁBUAS DE PEDRA

Alguns religiosos costumam dizer que os dez mandamentos têm mais valor que o restante da lei dada por Deus à nação de Israel. A razão alegada é que os dez mandamentos foram escritos em duas tábuas de pedra pelo próprio dedo de Deus, ao passo que as 613 ordenanças dele derivadas foram escritas por Deus com o dedo de Moisés.

Mas, por que teria Deus escrito com seu próprio dedo apenas os dez mandamentos constitucionais da nação de Israel em duas tábuas de pedra, e não o restante da Lei? Por que não escreveu Deus em tantas tábuas de pedra quantas fossem necessárias, todos os 31.100 versículos das escrituras inspiradas que devessem ser verazmente consideradas 'a palavra de Deus'?  

Talvez nos ajude a raciocinar o fato de que, para escrever os dezesseis versículos do decálogo (Deuteronômio 5:6-21), Deus precisou de duas tábuas de pedra. Nesse caso, para escrever os 31.084 versículos restantes da bíblia inteira, de quantas tábuas de pedra adicionais precisaria Deus? É só fazer a regra de três: 2 x 31.084 dividido por 16, que perfaz um total de 3.886 tábuas de pedra. Que vantagem haveria nisso?

Uma bíblia de 3.888 páginas de pedra? Acha que isto lhe emprestaria mais confiabilidade? Ou que evitaria as alterações, supressões e acréscimos que porventura fizeram os soferins ou os escribas ou os tradutores, em razão da dificuldade dos litógrafos e outros peritos profissionais imitarem a caligrafia de Deus?

E por providência de quem as duas tábuas de pedra originais sumiram? Não podemos nós confiar que o arcanjo Miguel foi mais uma vez bem sucedido em disputar com Satanás também a posse da arca da aliança, tal como foi com o corpo de Moisés? (Judas 9) Se os judeus inclinados a idolatrar imagens de escultura ainda possuíssem, sob sua guarda, aquele  tesouro arqueológico com a caligrafia do próprio Deus esculpida em pedra?

Seria fácil para Jesus - que é a verdadeira imagem ou assinatura de Deus - depois que veio ao mundo como duas tábuas de carne,  dar de beber a verdadeira água da vida à humanidade,  se estivesse porventura representado ainda por aquelas tábuas de pedra da lei, ou aquela "[i]pedra espiritual[/i] que seguia o povo de Deus liderado visivelmente por Moisés, sob a proteção invisível do arcanjo Miguel no deserto? É muito sugestiva a consideração apresentada por Deus através de Paulo, ao comentar a travessia do deserto pelo povo de Deus sob a direção de Moisés, em 1 Coríntios 10:4:

"Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual, porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo." (Almeida Atualizada).