Homilia Pe. Ângelo Busnardo- Exaltação da Santa Cruz.

EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

14 / 09 / 2014

Nm.21,4b-9 / Fl.2,-11 / Jo.3,13-17

O mal entrou no mundo pelo pecado e não arrependimento de Adão e Eva. No paraíso terrestre o pecado foi personificado por uma serpente. A serpente passou a personificar o mal. Durante a travessia do deserto, os judeus se revoltaram contra Deus: 4 Os israelitas partiram do monte Hor em direção ao mar Vermelho para contornarem o país de Edom. Durante a viagem o povo perdeu a coragem, 5 e se pôs a murmurar contra Deus e contra Moisés, dizendo: “Por que nos fizestes subir do Egito? Para morrermos no deserto? Não há comida nem água, e já estamos enfastiados deste alimento miserável” (Nm.21,4-5). Deus enviou serpentes venenosas que, desde o paraíso terrestre representavam o mal, para castigar o povo: 6 Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas que os picavam, e muita gente de Israel morreu (Nm.21,6).

O povo reconheceu o pecado e se arrependeu. Deus se dispôs a perdoar mas não perdoou automaticamente. Quem quisesse obter o perdão e evitar a morte física devia olhar a imagem de uma serpente fixa num poste fincado no meio do acampamento: 7 O povo dirigiu-se a Moisés e disse: “Pecamos, falando contra o Senhor e contra ti. Suplica ao Senhor que afaste de nós as serpentes”. Moisés intercedeu em favor do povo. 8 O Senhor lhe respondeu: “Faze uma serpente venenosa e coloca-a sobre um poste. Quem for mordido e olhar para ela, ficará curado”. 9 Moisés fez uma serpente de bronze e a colocou sobre um poste. Quando alguém era mordido por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e ficava curado (Nm.21,7-9).

A serpente representava o mal e foi usada por Deus para castigar a povo rebelde. Contemplando o símbolo do mal, o individuo evitava a morte física, mas, do ponto de vista espiritual, continuava incapaz de salvar a própria alma. O fato era na verdade uma profecia. Futuramente, aquele que venceria o mal e colocaria a salvação à disposição de todos também seria elevado na cruz. A imagem da serpente não tinha poder salvador. Jesus é a salvação e, através dele, todos podem se salvar. Para evitar a morte física, no deserto, o povo precisava aproximar-se da imagem que representava o mal. Hoje, para evitar a condenação eterna, o individuo precisa unir-se de Jesus crucificado.

Mesmo que não tivesse entrado o pecado no mundo e a terra se tivesse mantido livre do sofrimento e da morte, o céu seria sempre infinitamente superior à terra. Com a entrada do pecado no mundo e a criação do sofrimento e da morte através da maldição da terra (Cf.Gn.3,17-19), além de continuar inferior ao céu, a terra se tornou um local de sofrimento. O fato de Jesus ter assumido um corpo sujeito ao sofrimento e à morte representou um grande rebaixamento. Aquele que desfrutava de uma glória divina aceitou viver sujeito ao sofrimento e à morte: 5 Tende em vós os mesmos sentimentos que Cristo Jesus teve: 6 Ele, subsistindo na condição de Deus, não pretendeu reter para si ser igual a Deus. 7 Mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo, tornando-se solidário com os homens. E, apresentando-se como simples homem, 8 humilhou-se, feito obediente até a morte, até a morte da cruz (Fl.2,5-8). No dia da ressurreição, Jesus voltou para a casa do Pai e recuperou a glória que tinha temporariamente abandonado: 17 Jesus disse: “Não me retenhas porque ainda não subi ao Pai. Vai aos meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo.20,17). Jesus se rebaixou e Deus o exaltou: 9 Pelo que também Deus o exaltou e lhe deu o Nome que está sobre todo nome (Fl.2,9).

Para ser exaltado Jesus precisou submeter-se ao sofrimento e à morte na cruz. Nos fomos gerados sujeitos ao sofrimento e à morte. Se quisermos que o Pai nos exalte, colocando-nos ao lado de Jesus, precisamos como Ele aceitar o sofrimento e a morte com resignação, oferecendo-os ao Pai arrependidos dos pecados cometidos: 5 Tende em vós os mesmos sentimentos que Cristo Jesus teve (Fl.2,5).

Antes da ressurreição de Jesus nenhum ser humano tinha entrado no céu. Os justos que morreram durante o Antigo Testamento ficaram aguardando na mansão dos mortos a encarnação, morte e ressurreição de Jesus para entrar no céu. Durante os três dias incompletos em que o corpo morto de Jesus permaneceu no sepulcro, a divindade e a alma de Jesus que não morreram desceram à mansão dos mortos para resgatar as almas dos justos que lá estavam e torná-las aptas a entrar no céu com Ele no dia da ressurreição. Por isto, Jesus diz que ninguém tinha estado no céu a não ser Ele que vinha de lá: 13 Ninguém subiu ao céu senão quem desceu do céu: o Filho do homem (Jo.3,13).

No deserto, quem queria evitar a morte física devia aproximar-se da imagem da serpente fixa num poste. Agora, quem quiser evitar a condenação eterna deve unir-se a Jesus pregado na cruz e crer no poder salvador dele: 14 Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é preciso que o Filho do homem seja levantado, 15 a fim de que todo o que nele crer tenha a vida eterna” (Jo.13,14).

Por estar impossibilitados de entrar no céu, antes da encarnação, morte e ressurreição de Jesus todos estavam perdidos. Se o Pai quisesse condenar o mundo não precisava enviar o seu Filho, pois o mundo já estava condenado. Por isto, Jesus diz que o Pai enviou seu Filho ao mundo não para condená-lo mas exclusivamente para salvá-lo: 16 Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo aquele que nele crer não morra mas tenha a vida eterna. 17 Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele (Jo.3,16-17).

Pelo fato de Jesus ter vindo ao mundo exclusivamente para salvá-lo não significa que todos se salvarão: 18 Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus (Jo.3,18). Com sua encarnação, morte e ressurreição Jesus produziu méritos infinitos suficientes para salvar toda a humanidade e os colocou à disposição de todos. Apesar disso, a maioria dos seres humanos rejeita a salvação oferecida por Jesus e se condena.

Código : domin903

Ângelo José Busnardo

e-mail : aajbusnardo@gmail.com