Homilia Pe. Ângelo Busnardo- O Maior Mandamento ( XXIII Dom. Comum)

XXIII DOMINGO COMUM

07 / 09 / 2014

Ez.33,7-9 / Rm.13,8-10 / Mt.18,15-20

Deus quer a salvação de todos. Por isto, aqueles que já estão no caminho da salvação devem procurar indicar o caminho da salvação para aqueles que precisam de conversão: 7 Quanto a ti, filho do homem, eu te coloquei como sentinela para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra de minha boca, tu os advertirás de minha parte. 8 Se eu disser ao ímpio que ele deve morrer e não lhe falares advertindo-o a respeito de sua conduta, o ímpio morrerá por própria culpa, mas eu te pedirei contas do seu sangue. 9 Mas se tiveres advertido o ímpio a respeito de sua conduta para que a mude e ele não mudar, o ímpio morrerá por própria culpa mas tu salvarás a vida (Ez.33,7-9). Um trecho com exatamente as mesmas palavras se encontra também em Ez.3,17-19). Deus não responsabiliza Ezequiel pela condenação dos pagãos, mas apenas pela condenação de israelitas infiéis. No Antigo Testamento, Deus tinha restringido a revelação ao povo judeu. Por isto, Deus envia o profeta a resgatar apenas as ovelhas desgarradas do seu povo.

Além de zelar pela própria salvação, todos têm a obrigação de preocupar-se também com os membros da comunidade em que vivem que não são fiéis. Quem conseguir resgatar uma alma que abandonou o caminho da salvação, a terá consigo para sempre no céu. O católico praticante que tiver parentes que abandonaram a prática religiosa, mesmo que ele se salve, não terá a convivência deles após a morte e se quiser vê-los deverá ir ao mirante do céu e olhar para o inferno e só poderá vê-los se estiverem na superfície das chamas. Por isto, quem tiver ovelhas desgarradas dentro da própria família deve procurar resgatá-las agora, porque depois que tiverem passado pela porta do inferno estarão perdidas para sempre.

A salvação depende antes de tudo do cumprimento do primeiro mandamento. Quem não dedicar a Deus um amor superior ao amor que dedica a si mesmo não se salvará. O segundo mandamento é semelhante ao primeiro: 34 Quando os fariseus souberam que Jesus fizera calar os saduceus, juntaram-se em bloco. 35 E um deles, doutor da Lei, perguntou, para o testar: 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”37 Jesus lhe respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. 38 Este é o maior e o primeiro mandamento. 39 Mas o segundo é semelhante a este: Amarás o próximo como a ti mesmo (Mt.22,34-39). Parte dos dez mandamentos dizem respeito ao relacionamento com o próximo. Por isto, São Paulo diz que, quem ama o próximo como a si mesmo, cumpre automaticamente alguns dos mandamentos da lei de Deus: 8 A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor com que deveis amar-vos uns aos outros. Porque quem ama o próximo, cumpriu a Lei. 9 Pois não cometerás adultério, não matarás, não roubarás, não cobiçarás e qualquer outro preceito se resume nesta palavra: Amarás o próximo como a ti mesmo (Rm.13,8-9).

A palavra “irmão” tem uma aplicação restrita no Novo Testamento. Quando Jesus usa a expressão “meus irmãos” sempre se refere aos apóstolos (Cf,Mt.12,46-50 + Mt.25,31-46 + Mt.28,10). A palavra “irmãos” é usada exclusivamente para indicar membros da comunidade católica. Como Deus disse ao profeta Ezequiel que lhe pediria contas se deixasse algum israelita perder-se sem tentar trazê-lo de volta para o caminho da salvação, Jesus também adverte que temos obrigação de tentar resgatar os membros (“irmãos”) da comunidade a que pertencemos que se transviaram.

Jesus diz que, na tentativa de recuperar um membro da comunidade que vive em pecado, devemos insistir pessoalmente, acompanhados de outros membros da comunidade e até utilizando a autoridade religiosa: 15 Se teu irmão pecar, vai e censura-o pessoalmente. Se ele te ouvir, terás ganho teu irmão. 16 Se não te ouvir, leva contigo uma ou duas pessoas a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. 17 Se não as ouvir, vai dizê-lo à igreja. E, se não escutar a igreja, seja para ti como um pagão e pecador público (Mt.18,15-17). Aquele que vive em pecado mortal, mesmo que fisicamente permaneça na comunidade, segundo Jesus não deve ser considerado como “irmão”, isto é membro da comunidade.

Se os membros fiéis de uma comunidade católica têm obrigação de tentar recuperar os membros da comunidade que vivem em pecado, o membro fiel tem muito mais obrigação para com os membros da sua própria família que abandonaram a prática religiosa. Os pais praticantes devem advertir os filhos não praticantes e sobretudo não permitir que usem a residência da família para ofender a Deus. Os filhos que namoram e são sexualmente ativos devem ser advertidos pelos pais e não permitir que usem a casa paterna para ofender a Deus se não quiserem ir para o inferno com os próprios filhos. Os pais que advertem os filhos e os impedem de usar a própria casa para pecar não são culpados se os filhos continuarem pecando fora de casa, pois Jesus pede para dar testemunho: 32 Todo aquele, pois, que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus. 33 Mas todo aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus (Mt.10,32-33). O testemunho é válido mesmo quando a pessoa em questão o rejeita e continua no pecado.

Código : domin902

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Angelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 03/09/2014
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