Homilia Pe. Ângelo Busnardo- O sofrimento e a Salvação Eterna (XVII. Dom. Comum)

XVII DOMINGO COMUM

27 / 07 / 2014

1Rs.3,5.7-12 / Rm.8,28-30 / Mt.13,44-52

No conceito do mundo é sábio aquele que acumulou muito conhecimento e usa o conhecimento adquirido com habilidade. Perante Deus é sábio aquele que conhece a vontade de Deus e se esforça para agradá-lo. Perante Deus, um analfabeto pode ser mais sábio que um professor universitário. Salomão pediu a Deus a sabedoria para governar: 9Portanto, dá ao teu servo um coração que saiba perceber a verdade, para julgar o teu povo e discernir entre o bem e o mal. Pois quem poderia governar este teu povo tão numeroso?” (1Rs.3,9).

Hoje, notamos que muitos fazem grandes sacrifícios para acumular conhecimento que serve somente para esta vida e não dão importância alguma ao conhecimento útil para agradar a Deus. Agrada a Deus somente aquele que faz na terra a vontade dele. A vontade de Deus está expressa nos dez mandamentos e nos cinco mandamentos da Igreja Católica. Aprender estes mandamentos é fácil. Colocar em prática estes mandamentos também não é muito difícil. Portanto, a sabedoria que Deus exige de cada um de nós está acessível a todos. Mas os sábios perante Deus são raros.

Tudo aquilo que acontece para aqueles que são fiéis a Deus, acontece para o bem deles: 28 Nós sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, dos que são eleitos segundo seus desígnios (Rm.8,28). Deus permite que uma pessoa santa sofra para purificá-la neste mundo e assim diminuir ou até evitar a purificação no purgatório após a morte onde o sofrimento é muito maior. Como Deus não convive com o pecado, assim que o homem introduziu o pecado no mundo, Deus saiu da terra e para conviver com Ele nós precisamos sair daqui. Por isto Deus criou a morte que atinge também os santos para que eles possam ir ao encontro de Deus. O sofrimento e a morte atingem também os maus para avisá-los que, se não se converterem, após a morte serão submetidos ao um sofrimento ainda maior.

Jesus compara o reino dos céus a um tesouro escondido no campo: 44 O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. Quem o encontra esconde-o de novo e, cheio de alegria, vai vender tudo o que tem e compra o campo (Mt.13,44). Para nós esta comparação pode não ser compreensível. Para os ouvintes de Jesus a comparação fazia sentido. Na época, o dinheiro era feito de metais, ouro, prata, bronze. O valor do dinheiro era calculado pelo peso e pelo metal que o compunha. Como havia risco de roubos, quem possuía dinheiro o guardava enterrando-o no chão num local da propriedade que somente uma ou duas pessoas da família conheciam. Acontecia, às vezes, que o proprietário do dinheiro morria sem ter revelado a existência e o local onde tinha enterrado o dinheiro. A propriedade passava para os herdeiros ou era vendida e os novos proprietários desconheciam a existência e o local onde o dinheiro estava enterrado. Os novos proprietários contratavam um homem para fazer uma cerca. Ao abrir os buracos para colocar os moirões, o indivíduo descobria a caixa contendo o dinheiro. A lei vigente na época dizia que quem comprasse um campo se tornava automaticamente dono de todos os tesouros que eventualmente estivessem enterrados nele. Por isto, o operário que descobrisse um tesouro enterrado num campo fazia qualquer sacrifício para adquirir aquele campo para se apoderar do dinheiro enterrado nele que podia valer muito mais que o próprio campo.

Somos salvos pelos méritos de Jesus mediante a observância fiel dos mandamentos. Mas a recompensa que receberão no céu todos aqueles que se salvam será calculada por Deus de acordo com as obras boas que cada um tiver feito durante a vida na terra. Aquele que tiver participado da missa somente nos domingos terá um recompensa equivalente às missas dominicais que tiver assistido. Aquele que tiver participado da missa todos os dias terá uma recompensa proporcionalmente maior. Aquele que tiver rezado um terço por dia terá uma recompensa. Aquele que tiver rezado quatro terços por dia terá uma recompensa proporcionalmente maior.

Enquanto os bens materiais que alguém conseguiu acumular se tornarão inúteis para o proprietário quando ele morrer, a recompensa que receber de Deus após a morte permanecerá com ele para sempre. Aquele que se convencer disto não medirá esforços e sacrifícios para se apoderar da recompensa que receberá de Deus após a morte, assim como aquele que descobriu que num determinado campo há uma grande quantia de dinheiro enterrada não medirá esforços e sacrifícios para adquirir aquela propriedade para se apoderar do tesouro nele escondido.

Quadrilhas de assaltantes provenientes de povos vizinhos costumavam assaltar fazendas de criadores de bois e ovelhas, forçavam os proprietários e empregados a fugir e levavam os rebanhos. Por isto, os proprietários preferiam vender parte dos rebanhos e comprar ouro ou pérolas preciosas que podiam ser enterradas e não seriam perdidas em caso de assaltos. Baseado nisto, Jesus compara a pessoa que dedica parte do seu tempo para aumentar a recompensa que receberá de Deus após a morte, mesmo que isto o obrigue a viver com menos bens materiais durante esta vida: 45 O reino dos céus é também semelhante a um comerciante à procura de boas pérolas. 46 Achando uma preciosa, vende tudo o que tem e a compra (Mt.13,45-46). O comprador de pérolas se desfaz de parte dos seus bens materiais passíveis de roubo para não ficar sem nada em caso de sofrer um assalto. O indivíduo sabe que com a morte perderá todos os bens materiais. Por isto, procura concentrar seus esforços para aumentar sua recompensa no céu mesmo que, com isto, seja prejudicado financeiramente durante esta vida.

A morte coloca bons e maus perante o juízo de Deus, assim como uma rede apanha peixes comestíveis e peixes não comestíveis: 47 O reino dos céus é também semelhante a uma rede de arrastão, que é lançada ao mar e recolhe peixe de toda espécie. 48 Quando fica cheia, os pescadores arrastam-na para a praia, sentam-se, recolhem os peixes bons nos cestos e jogam fora os que não prestam (Mt.13,47-48). Como os pescadores aproveitam os peixes comestíveis e descartam aqueles que não prestam, Deus também acolhe aqueles que, durante a vida na terra, fizeram a vontade dele e condena os demais: 49 Assim será no fim do mundo: os anjos sairão para separar os maus do meio dos justos 50 e os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes (Mt.13,49).

Muitos pensam que não serão condenados porque, durante a vida não prejudicaram o próximo. O dono do céu é Deus. O primeiro mandamento pede que amemos a Deus com um amor maior do que o amor que atribuímos a nós mesmos: 34 Quando os fariseus souberam que Jesus fizera calar os saduceus, juntaram-se em bloco. 35 E um deles, doutor da Lei, perguntou, para o testar: 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37 Jesus lhe respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. 38 Este é o maior e o primeiro mandamento (Mt.22,34-38). Quem não tem tempo nem mesmo para ir à missa aos domingos não pode dizer que ama a Deus e quando morrer, por melhor que for a nível humano, irá para o inferno.

Código : domin897

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 23/07/2014
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