LITURGIA DAS HORAS: uma breve introdução histórica
Luiz Barros Pereira*
No geral os cristão católicos desconhece ou não tem muito conhecimento da chamada “Liturgia das Horas” (LH), porém certamente já ouviram falar do Breviário, um dos nomes que a LH recebeu ao longo da história. Segundo Martín (2006, p, 420), “o breviário surgiu para facilitar a recitação individual de todos os elementos do Ofício Divino, como os salmos, leituras, hinos etc., divididos em vários livros. O nome breviário encerrava uma mentalidade privatizadora e reducionista da prece eclesial”.
No inicio a LH era uma liturgia popular, onde todo o povo participava. Essa informação chegou até nós através do relato da peregrinação da monja Etéria a Jerusalém no século IV.
Abrem-se, cada dia, antes de os galos cantarem, todas as portas da Anástasis aos monges e monjas e às virgens [...] e também aos leigos, homens e mulheres, que, entrando, desejam fazer a primeira vigília. Desse momento, até o dia claro dizem-se hinos, responde-se aos salmos e antífonas e, a cada hino reza-se oração[...]. E, começando a clarear o dia, têm inicio os hinos matinais (Peregrinação de ETÉRIA apud BUYST, 2004, p. 138).
Com a progressiva clericalização da liturgia e o uso obrigatório do latim para as celebrações, o povo foi se afastando da LH, a qual se tornou um privilégio do clero e de algumas ordens religiosas.
Graça à renovação litúrgica do Concílio Vaticano II, a LH recuperou seu sentido original ganhando as expressões de Ofício Divino ou Liturgia das Horas. A expressão Ofício Divino quer dizer trabalho cultual ou ação litúrgica realizada em honra do grande litúrgo, Deus.
A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II quis devolver ao povo as riquezas da LH e chegou até a fazer adaptações para que ela alcançasse esse fim e também situou o Ofício Divino dentro da tradição bíblica, apostólica e patrística.
Em suma a LH é a Palavra de Deus ouvida, cantada e meditada pessoalmente ou comunitariamente. É a oração da Igreja que tem sua origem na oração de Jesus e das comunidades cristãs primitivas, que observavam os ritmos da oração judaica. Por fim, a LH é um sólido alimento para a espiritualidade dos que estão no seguimento de Jesus. É uma ação pascal em pleno processo de transformação, porém são poucas as pessoas, comunidades, movimentos, paróquias que fazem uso dela.
Existem experiências significativas de adaptações da LH para o povo, porém uma das mais expressivas aqui no Brasil tem sido o Ofício Divino das Comunidades.
Os elementos que compõem a LH: abertura, hino, salmodia, leitura breve, responsório breve, cântico evangélico, preces, oração e bênção.
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*Aluno do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Liturgia - Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás em parceria com a Rede de Animação Litúrgica – REDE CELEBRA.
Referências
BUYST, Ione; FRANCISCO, Manoel João. O mistério Celebrado: memória e compromisso II. São Paulo, Paulinas, 2004.
MARTÍN, Julián López. Liturgia da Igreja: teologia, história, espiritualidade e pastoral. São Paulo, Paulinas, 2006.