O COMPORTAMENTO DA IGREJA CATÓLICA DURANTE O REGIME MILITAR (1964 – 1985)
Luiz Barros Pereira*
Podemos observar que nesse período histórico havia grandes anseios por mudanças e renovações em todos os níveis, não somente no Brasil, mas em todas as partes do mundo. Nesse sentido a Igreja Católica no Brasil estava respaldada pelas recentes renovações do Concílio Ecumênico Vaticano II, pela Populorum Progressio do Papa Paulo VI e pela Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano. Medellín em 1968 e Puebla 1979. Porém, nem todos os setores da Igreja Católica no Brasil, estiveram contra o Regime Militar.
Segundo Bruneau (1974, p. 213), “o papel da Igreja no golpe, como fenômeno político, foi limitado. [...] havia algo menos do que completa unanimidade dentro da Igreja a respeito do seu papel na mudança social”. Uma prova disso foi a “Marcha da Vitória”, liderada pelos Movimentos de mulheres ligadas à Igreja Católica e vários seguimentos do clero, que levaram às ruas do Rio de Janeiro um milhão de pessoas, que receberam os militares do "Golpe de 64" de braços abertos, como a proteção da família. Ou seria de seus bens, da "ameaça" vermelha, o comunismo.
Por outro lado, após o Ato Constitucional Nº 05, houve conflitos entre a Igreja e o Estado por causa da prisão de militantes da Ação Católica, dos colaboradores do Movimento de Educação de Base, prisão e expulsão de padre e religiosos/as e processos contra bispos.
Segundo Beozzo a “instalação da tortura de modo generalizado, leva a Igreja a uma virtual ruptura com o regime”.
A partir daí alguns setores da Igreja Católica passou a ser alvo de difamações e perseguição por parte dos militares.
Aqui no Brasil podemos enumerar alguns bispos de algumas dioceses que estiveram frente à luta contra o Regime Militar.
Em São Paulo o cardeal Arns, no Recife dom Helder Câmara, na Paraíba dom José Maria Pires e dom Marcelo Pinto Cavalheira, Crateús dom Fragoso, Prelazia de São Félix do Araguaia, dom Pedro Casadáliga e o abade dom Timóteo do Mosteiro Beneditino de Salvador na Bahia (claro que existiram outros).
Esses setores da Igreja Católica e muitos outros, passaram ser um espaço de resistência ao Regime Militar. Atuavam no “apoio aos familiares dos desaparecidos políticos e na luta pelo esclarecimento das mortes dos mesmos bem como no processo de redemocratização” (Fábio Feitosa).
*Luiz Barros Pereira é missionário/contemplativo, cursou a Teologia da Enxada no Centro de Formação Missionária, Serra Redonda (PB), Bacharelado em Teologia pela Universidade Católica do Pernambuco e Especialista em Liturgia pelo Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás e Rede Celebra. Atualmente vive inserido no Residencial Nova Terra (Minha Casa Minha Vida) em São José do Ribamar, Maranhão.