Homilia Pe. Ângelo Busnardo - Um só Deus/O joio e o trigo. (XVI Dom. Comum)

XVI DOMINGO COMUM

20 / 07 / 2014

Sb.12,13-16.19 / Rm.8,26-27 / Mt.13,24-43

Deus é um só. Não havendo outro Deus, Ele não precisa prestar contas a ninguém: 13 Além de ti não há outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que não são injustos teus julgamentos (Sb.12,13). Também para nós é bom que haja um só Deus. Se houvesse mais do que um Deus, para agradar a todos e nos salvar deveríamos observar os mandamentos revelados por cada um deles.

Deus tem poder para exterminar todos aqueles que o ofendem imediatamente após a ofensa mas, usando a sua clemência, concede tempo aos pecadores para se arrependerem e obter o perdão: 19 Procedendo assim, ensinaste a teu povo que o justo deve ser humano, e deste a teus filhos a confortadora esperança de que, depois dos pecados, concedes o arrependimento (Sb.12,19). O fato de Deus perdoar o pecador arrependido nos ensina que nós também devemos ser tolerantes com aqueles que nos ofendem.

Sempre pedimos a Deus aquilo que achamos que é bom para nós e para as pessoas que nos pedem para interceder em favor delas. Nem sempre aquilo que nos parecer ser bom é realmente o melhor perante Deus. Perante uma criança doente somos induzidos a rezar pela cura. Perante Deus, porém, a morte da criança doente pode ser melhor do que a cura. Vendo também o futuro, Deus pode permitir a morte daquela criança, porque sabe que se ela viver não perseverará até o fim da vida e se condenará: 26 Também o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza porque não sabemos pedir o que nos convém. O próprio Espírito é que advoga por nós com gemidos inefáveis (Rm.8,26). Se formos movidos pelo Espírito Santo, pediremos que seja feita a vontade de Deus e procuramos nos conformar com o resultado mesmo que ele seja contrário às nossas expectativas: 27 e aquele que esquadrinha os corações sabe qual o desejo do Espírito porque ele intercede pelos santos segundo Deus (Rm.8,27).

Felizmente, São Mateus, ao escrever a parábola do trigo e do joio, lhe acrescentou também a explicação de Jesus. Com esta parábola, Jesus dividiu a humanidade em dos grupos, trigo e joio – salvos e condenados. A sociedade é constituída de bons e maus. Apesar de os maus prejudicarem os bons, na situação atual, sem os maus os bons pereceriam. Se antes de criar céus novos e terra nova Deus suprimisse todos aqueles que estão em pecado mortal, os bons ficariam prejudicados porque, de um momento para outro, a maior parte dos serviços hoje necessários para a sobrevivência desapareceria. Hoje, a maioria dos seres humanos não é fiel perante Deus, portanto, são joio. Se todo o joio fosse instantaneamente suprimido, de imediato ficaríamos sem água nas torneiras, sem energia elétrica, sem funcionários para operar os meios de transporte, sem médicos e outros profissionais nos hospitais. Portanto, enquanto subsiste a atual situação do mundo, bons e maus precisam conviver.

Os operários propuseram ao dono arrancar o joio e o dono não permitiu: 26 Quando o trigo germinou e fez a espiga, apareceu também o joio. 27 Então os escravos do proprietário foram dizer-lhe: ‘Senhor, não semeaste semente boa em teu campo? Donde vem, pois, o joio?’ 28 Ele respondeu: ‘Foi um inimigo que fez isso’. Os escravos lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancá-lo?’ 29 Ele respondeu: ‘Não, para que não aconteça que, ao arrancar o joio, arranqueis também o trigo (Mt.13,26-29). O dono do campo sabia que as raízes do joio estavam entrelaçadas com as raízes do trigo e, arrancando um pé de joio, junto ele traria também pés de trigo. Porém, deixou bem claro que a separação estava apenas sendo adiada. Na colheita, o trigo seria armazenado e o joio iria para o fogo, bons para o céu e maus para o inferno.

Na explicação da parábola, Jesus diz que o trigo são os filhos de Deus e o joio são os filhos do satanás: 37 Ele respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno” (Mt.13,37-38). Se São Mateus não tivesse acrescentado a esta parábola a explicação dada por Jesus, dificilmente alguém teria coragem de dizer que quem vive em pecado mortal é filho do diabo. Mas, como isto foi afirmado por Jesus, ninguém pode negar. Não existem órfãos no mundo, quem não é filho de Deus é filho de belzebu.

É comum ouvir pessoas dizer que todos são filhos de Deus e que, sendo Pai bom e misericordioso, Deus não condena. É certo que Deus não condena seus filhos adotivos, mas a maioria não é filho de Deus. Todos aqueles que estão em pecado mortal são filhos do diabo e serão condenados.

Todos os seres humanos são criaturas de Deus. A criatura humana por possuir uma alma imortal, através de Jesus, tem o poder de se tornar filha adotiva de Deus: 12 Mas a todos que a receberam, aos que crêem em seu nome, deu o poder de se tornarem filhos de Deus; 13 estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo.1,12-13). Aquele que não recebeu um batismo válido ou, após ter recebido um batismo válido, vive em pecado mortal é filho de belzebu e não de Deus.

Código : domin896

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo
Enviado por Joanne em 17/07/2014
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