O Universo é estúpido?

O UNIVERSO É ESTÚPIDO?

Miguel Carqueija




“Ao redor delas não há lugar nem tempo. Falar delas é embaraçoso.”
(Fritz Kahn, “O átomo”)

“Muito surpreende, na verdade, que o esforço dos astrônomos, ao estudarem o Universo através de seus telescópios, os tenha levado à conclusão de que o mundo teve um princípio. Os cientistas sentem-se mais relaxados com a idéia de que o Universo sempre existiu, pois seu pensamento está impregnado com a idéia de causa e efeito. Acreditam eles que todo evento ocorrido no mundo pode ser explicado, de um modo racional, como consequência de algum evento anterior. Se existe religião na ciência, a afirmação pode ser considerada como o principal preceito de fé. Entretanto, os últimos resultados astronômicos indicam que, em algum ponto do passado, a cadeia de causa e efeito terminou abruptamente. Um evento importante ocorreu — a origem do mundo — e para ele não existe causa conhecida nem explicação.”
(Robert Jastrow, “Até que o Sol se apague”)



Nossos irmãos ateus vêm se manifestando muito na mídia, insistindo em sua tese de que Deus não existe, não há espírito, não há vida após a morte. E apesar da segurança com que aparentemente falam, não há como deixar de notar o caráter ridículo dos argumentos ateístas. Porque o calcanhar-de-Aquiles da religião ateísta é a questão do universo, sua origem. Sobre isso podem-se resumir as explicações dessa maneira: o universo brotou do nada, ou criou a si mesmo; e evoluiu ao acaso. Assim também a vida surgiu e se desenvolveu por acaso.
Cabe aqui a pergunta, que eu gostaria de submeter aos nossos irmãos ateus: o universo é estúpido?
Até aqui nunca esbarrei com um ateu que assuma tal proposição. Já discuti isso na internet e, ao que parece, provoquei a indignação de um materialista. Mas esta é, no fim das contas, a conclusão lógica da própria premissa atéia. Se não há Deus, se o universo não foi criado e organizado e nem é conduzido por uma inteligência, então esse universo é estúpido. Não vejo como, na proposta ateísta, fugir a essa conclusão. Que os ateus assumam, portanto, que esse conjunto incomensurável, inimaginável e antiquíssimo, sobre o qual se debruçam há milênios os sábios da Terra, adquirindo cabelos brancos no seu fascinante estudo... não passa de uma estupidez. Assumam isso, ou tornem-se crentes.
Há outra conclusão a tirar de uma absurda não-existência de um Criador. Sem Deus o universo torna-se inconsistente, fantasmagórico. A Ciência moderna nos mostra isso claramente. Já no final do século XIX as pesquisas dos Curie e outros cientistas começaram a desconstruir a consistência da matéria e da energia. Depois vieram as teorias dos Quanta (1900) e da Relatividade (1905), o “princípio da incerteza’ de Heisemberg e o desenvolvimento ulterior da teoria atomística, numa complexidade cada vez maior. O Dr. Fritz Kahn, no seu livro “O átomo”, referiu-se ao caráter espectral das partículas sub-atômicas. Em suma, a matéria sólida é uma ilusão dos nossos sentidos. A matéria no microcosmos parece torna-se ondulatória, como a energia parece composta de partículas... e nada tem consistência, substância.
Em última análise o universo, com tudo o que nele existe, só possui existência real porque é pensado por uma Inteligência Suprema. Somos pensados por Deus, por isso existimos. Sendo Deus o Ser Supremo, o Existente em Essência, seu pensamento é criador, substancial. Deus criou o universo e a todos nós, num ato inefável de amor. Quão mal-agradecidos somos ao ponto de nos recusarmos a prestar culto a ser tão sublime, chegando mesmo a negar a sua existência!
Lembrem-se; o universo é Cosmos (ordem), não Caos. Vivemos num universo cósmico — portanto inteligente — e não num universo caótico e estúpido.


Rio de Janeiro, 17 de julho de 2014.