Homilia Pe. Ângelo Busnardo- A palavra de Deus ( XV Dom. Comum)

XV DOMINGO COMUM

13 / 07 / 2014

Is.55,10-11 / Rm.8,18-23 / Mt.13,1-23

A chuva que cai sobre a terra sempre produz algum efeito. Os efeitos produzidos pela chuva podem ser benéficos ou maléficos. Uma chuva moderada caindo sobre os campos na época do plantio tem efeitos benéficos para a lavoura. Uma chuva moderada caindo sobre a cidade purifica o ar, lava os telhados e as calçadas e irriga as plantas nas praças e jardins. Uma chuva forte caindo sobre os campos pode provocar erosão, originar enchentes e alagar os campos prejudicando as plantações. Caindo sobre a cidade uma chuva forte pode invadir casas, alagar ruas e impedir o transito de veículos e pedestres. Uma chuva forte pode danificar estradas pavimentadas e impedir o transito de veículos em estradas não pavimentadas.

A Palavra de Deus, como a chuva, também pode ter efeitos benéficos e maléficos. Para as pessoas interessadas em salvar a alma, a Palavra de Deus indica o caminho da conversão e as normas a seguir para permanecer fiel e se salvar. A Palavra de Deus serve também para indicar a aqueles que não se interessam pela salvação qual o castigo que receberão de Deus após a morte.

A Palavra de Deus tem efeitos maléficos também durante a vida na terra, Adão e Eva, após pecarem, não se arrependeram ao serem confrontados por Deus. Por isto, Deus pronunciou uma palavra de maldição contra a terra e criou o sofrimento e a morte: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado (Gn.3,17-19). Zacarias não acreditou no anjo que lhe anunciou o nascimento de João Batista e por isto ficou mudo até o dia da circuncisão de João Batista: 11 Então apareceu-lhe um anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. 12 Ao vê-lo, Zacarias se perturbou e teve medo. 13 Mas o anjo lhe disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque foi ouvida tua oração. Isabel, tua mulher, vai te dar um filho a quem darás o nome de João. 14 Ficarás alegre e muito feliz, e muitos se alegrarão com seu nascimento. 15 Ele será grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem licor e desde o ventre de sua mãe estará cheio do Espírito Santo. 16 Reconduzirá muitos israelitas para o Senhor, seu Deus. 17 Caminhará diante dele no espírito e no poder de Elias para reconduzir os corações dos pais para os filhos e os rebeldes para a sabedoria dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo bem disposto”. 18 Zacarias perguntou ao anjo: “Como terei certeza disso? Já sou velho e minha mulher é de idade muito avançada” 19 O anjo lhe respondeu: “Eu sou Gabriel, assistente diante de Deus. Fui enviado para te falar e dar esta boa-nova. 20 Por não teres acreditado em minhas palavras, que se cumprirão a seu tempo, ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que tudo houver acontecido”. (Lc.1,11-20). A caminho de Jerusalém, Jesus encontrou uma figueira que não tinha frutos e pronunciou uma maldição contra a planta: 12 No dia seguinte, ao saírem de Betânia, Jesus sentiu fome. 13 Viu de longe uma figueira coberta de folhas e foi ver se encontrava alguma coisa. Mas, nada encontrou a não ser folhas, pois não era tempo de figos. 14 Disse, então, à figueira: “Jamais alguém coma fruto de ti!” E seus discípulos ouviram isto (Mc.11,12-14). No dia seguinte, passando pela figueira, os discípulos notaram que ela estava seca: 20 Passando pela figueira na manhã seguinte, viram que ela tinha secado desde a raiz. 21 Pedro lembrou-se e disse a Jesus: “Mestre, olha como secou a figueira que amaldiçoaste!” (Mc.11,20-21). Jesus afirmou que do templo de Jerusalém não sobraria pedra sobre pedra: 5 Alguns falavam a respeito do Templo, que tinha sido construído com belas pedras e ornado de dádivas. Jesus, então disse: 6 “Dias virão em que de tudo isso, que estais vendo, não ficará pedra sobre pedra; tudo será destruído” (Lc.21,5-6). No ano setenta o templo foi destruído.

A maldição que Deus lançou contra a terra por causa do pecado e não arrependimento de Adão e Eva teve um efeito nefasto para a natureza e para o homem. Antes do pecado de Adão e Eva, havia somente um mar, não havia montanhas nem vales, a água potável era espalhada em pequenos córregos por toda a superfície do planeta, a temperatura se mantinha estável durante todo o ano, todas as árvores produziam frutos durante todo o ano, fornecendo aos homens e animais ar, água e comida espontaneamente. O corpo humano era compatível com a natureza e por isto não havia necessidade de roupas e nem de casas. No paraíso terrestre, o ser humano estava livre do sofrimento e da morte e os animais estavam sujeitos à morte por não possuírem almas mas estavam livres do sofrimento como as plantas que ainda hoje são vivas, se reproduzirem e estão livres do sofrimento apesar de estarem sujeitas à morte.

Amaldiçoando a terra, Deus submeteu ao sofrimento não somente o ser humano mas também os animais. Por isto, São Paulo diz que a natureza geme as dores do parto, aguardando a libertação dos filhos de Deus: 19 Com efeito, o mundo criado aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. 20 Pois as criaturas foram sujeitas à vaidade, não voluntariamente mas pela vontade daquele que as sujeitou, na esperança 21 de serem também elas libertadas do cativeiro da corrupção para participarem da liberdade gloriosa dos filhos de Deus. 22 Pois sabemos que toda a criação até agora geme e sente dores de parto (Rm.8,19-22).

Deus prometeu retirar a maldição da terra e restaurar o paraíso terrestre, libertando os seres humanos do sofrimento e da morte. Quando Deus retirar a maldição da terra e restaurar o paraíso terrestre (céus novos e terra nova), também os animais ficarão livres do sofrimento, apesar de se reproduzirem, viverem e, por não ter alma, morrerem como as árvores. Ao amaldiçoar a terra, Deus submeteu também os animais ao sofrimento, porque, de outra forma, o homem nunca conseguiria dominar os animais e eles destruiriam o ser humano. Deus não submeteu as árvores ao sofrimento, porque elas, não tendo mobilidade, nada podem fazer contra o homem.

Apesar de ter sido atingido pela maldição da terra, porque o corpo humano é feito de terra, através de Jesus nós podemos recuperar a filiação divina adotiva. Quem se tornar filho adotivo de Deus pelo Batismo e Eucaristia se torna também herdeiro junto com Jesus: 16 O próprio Espírito dá testemunho a nosso espírito que somos filhos de Deus. 17 Se filhos, também herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele para sermos também com ele glorificados (Rm.8,16-17).

Para colocar à nossa disposição a capacidade de nos tornar filhos de Deus, Jesus passou pela morte na cruz. Se quisermos nos salvar, também nós precisaremos passar pelo sofrimento. Mas o sofrimento que precisaremos suportar durante esta vida é muito menor do que a recompensa que receberemos no céu após a morte: 18 Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm comparação alguma com a glória futura que se manifestará em nós (Rm.8,18).

Citando o profeta Isaías, Jesus diz que falava em parábolas para confundir: 13 É por isso que lhes falo em parábolas: porque, olhando, não enxergam e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. 14 Neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvireis com os ouvidos e não compreendereis, olhareis com os olhos e não enxergareis, 15porque o coração deste povo se endureceu, ouviram mal com os ouvidos e taparam os olhos, para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração e se convertam e assim eu os cure (Mt.13,13-15). Aquele que tem uma inteligência medíocre e não presta muita atenção ao ler a palavra de Deus se torna uma presa fácil do demônio e irá morar com ele após a morte. Jesus explicou aos discípulos todas as parábolas, mas os evangelistas omitiram a explicação de Jesus ao escrever a maioria das parábolas: 33 Com muitas parábolas como esta, Jesus anunciava-lhes a palavra segundo podiam entender, 34 e nada lhes falava sem parábola; mas em particular explicava tudo a seus discípulos (Mc.4,33-34). Felizmente, junto com a parábola da semente, Mateus colocou também a explicação dada por Jesus.

A mesma semente cai em quatro tipos diferentes de solo: beira do cominho, terreno pedregoso, entre os espinhos, terra boa.

Beira do caminho: Há pessoas de inteligência medíocre e incapazes de se concentrar. Mesmo que estas pessoas ouçam a palavra de Deus, o demônio facilmente as distrai e impedem que se convertam: 19 Quando alguém ouve a palavra do Reino e não a entende, chega o maligno e arranca o que lhe foi semeado no coração: é o que foi semeado junto ao caminho (Mt.13,19).

Terreno pedregoso: Há pessoas inteligentes e esforçadas, mas que não se deixam mover por doutrinas que não coincidem com as opiniões deles: 20 O que foi semeado em terreno pedregoso é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; 21 mas não tem raízes; é inconstante: surgindo uma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo fraqueja (Mt.13,20-21).

Entre espinhos: Há pessoas inteligentes e esforçadas, mas que concentram toda a inteligência e esforços na busca de objetivos humanos: 22 O que foi semeado entre espinhos representa quem ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e tornam estéril (Mt.13,22)

Terra boa: Há pessoas inteligentes e esforçadas que concentram a capacidade intelectual e os esforços para compreender e colocar em pratica palavra de Deus: 23 O que foi semeado em terra boa é quem ouve a palavra e a entende e dá frutos: uns cem, outros sessenta, outros trinta” (Mt.13,23).

Código : domin895

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Angelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 09/07/2014
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