DEUS, BÍBLIA E RELIGIÃO - Breve estudo para compreendermos melhor o mundo em que vivemos

No mundo moderno, a maioria das pessoas, mesmo as mais simples, consegue abraçar uma gama de conhecimentos que nem o mais notável cientista de cinco séculos atrás dominaria.

Se escolhermos aleatoriamente uma dúzia de pessoas que encontrarmos numa rua do centro de uma grande cidade moderna, provavelmente entre elas encontraremos alguém que sabe um pouco de mecânica de carro, outro de procedimentos básicos de internet, outro de como se utiliza um telefone celular, e assim por diante. No entanto, se pedirmos para falarem alguma coisa sobre Ur-Nammu, Hamurábi, Tamuz ou Mitra as chances de ficarem sem ter o que falar são muito grandes, a não ser que haja um historiador ou teólogo ali no meio. É impressionante como sabemos tanto sobre carro, tecnologia, futebol, novela, a vida alheia, mas um dos assuntos mais importantes para a Humanidade, já que interfere inexoravelmente em nosso dia a dia, influenciando o nosso comportamento e maneira de pensarmos, é tão pouco compreendido ou questionado. Refiro-me à religião.

Esse estudo pretende trazer uma luz para aqueles que se interessam pelo tema e desejam compreender melhor o mundo em que vivemos.

Começaremos com a pergunta básica:

Deus existe?

Há argumentos poderosos tanto para a existência de Deus quanto para sua inexistência.

A favor da existência, existe o argumento da Causa Primeira. São Tomás de Aquino disse que tudo deve ter uma causa. Logo, o mundo precisou de um agente causador. E esse agente é Deus. E Deus é um ser incriado. Bertrand Russell disse que esse argumento pode ser aplicado para o mundo, logo, o mundo sempre existiu e não precisou ser criado. Portanto, Deus não existe.

Outro argumento é moral. Dizem que os sentimentos de ética e moral que todos temos foram dados por Deus e até os selvagens o possuem. Ora, se existe dentro de nós é porque alguém colocou e esse alguém é Deus.

Contra esse argumento, os críticos dizem que o sentimento moral de certo e errado varia de acordo com época, e lugar, portanto, não está vinculado a algo que Deus colocou dentro de nós. Por exemplo, sabemos que a maioria condena a escravidão. Mas ela foi aceita no passado, inclusive o Deus bíblico apoiava. No livro do Êxodo Ele fala a Moisés como um escravo deve ser tratado, como deve ser castigado. Um pai pode vender a própria filha como escrava (Êxodo 21,7). O patrão pode espancar seus escravos (Êxodo 21,21). A maioria acha a homossexualidade errada. Mas se uma pessoa que é contra o amor homoafetivo tivesse vivido ao tempo de Aristóteles na Grécia, provavelmente concordaria com ela, pois o amor entre dois homens era visto como ideal supremo de amor, o mais sublime perante os deuses. Já o amor entre duas mulheres não era muito apreciado.

A moral também depende de região.

Se você é ocidental, especialmente se for mulher vai achar que a poligamia é errada [a não ser que a mulher também tiver direito a levar para a cama mais de um marido]. Mas se você nasceu no Irã, vai achar perfeitamente normal um homem ter várias esposas.

Se você é do Ocidente, e tiver um coração piedoso, vai achar errado bater na esposa. Mas se nasceu na Arábia Saudita, e for homem, provavelmente vai achar natural e certo o esposo bater na esposa. Isso não quer dizer que todos os sauditas aprovam bater na esposa. Mas uma grande parcela não acha errado.

Em alguns lugares do mundo, existe a tradição do marido ceder a esposa ao visitante. Aqui no Brasil, por exemplo, isso é vergonhoso. Alguns povos do planeta praticam a zoofilia sem que isso seja considerado errado. Aqui no Ocidente abusar sexualmente de animais é totalmente imoral.

Creio que bastam estes exemplos para podermos dizer sem medo de errar que nossos sentimentos de moral e de ética dependem de época e lugar e não de um Ser Transcendente que os colocou em nós.

Mas há um terceiro argumento a favor da existência de Deus, e penso ser o mais forte: o design inteligente. Tem até uma historinha: se alguém encontrasse um relógio no bosque, diria que foi feito por um construtor, que é o relojoeiro. O mesmo serve para o mundo, que é infinitamente mais complexo que um relógio. Se um simples relógio precisou de alguém para construí-lo, ainda mais o universo. E esse construtor é Deus.

Os críticos dizem que há falhas no argumento do desenho inteligente. Primeiro, porque o fato de ser o universo complexo não prova que foi projetado por um Deus. Só porque nossa mente fica maravilhada com a grandeza do cosmos, não prova que ele foi criado por Deus. Segundo, porque a ciência já mostrou que o universo foi criado a partir de uma grande explosão, o Big Bang, há cerca de 15 bilhões de anos. E que portanto, não há necessidade de colocar Deus nessa história.

O que os cientistas não sabem dizer é o que havia antes dessa grande explosão. Aliás, eles dizem, e existem várias teorias. Mas deixo ao leitor se aprofundar se tiver interesse.

Embora todo esse embate entre ciência e religião para discutir se Deus existe ou não, eu particularmente acho que a crença em Deus é útil para muitas pessoas e não deveria ser desestimulada. A fé em Deus pode dar esperança de cura ao enfermo, consolar os aflitos, transformar um homem bruto num bom marido e pai de família, tirar pessoas dos vícios, etc.

Evidentemente, todos esses benefícios podem ser alcançados somente com a força de vontade do próprio indivíduo ou com ajuda de terapeutas. Portanto, na minha opinião, penso que todos deveriam ser livres para crer ou não em Deus.

Apenas acho especialmente perigoso quando Deus é visto pelo devoto como um juiz, que fornece regras de comportamento e pune quem não as obedece com um castigo eterno. Essa ideia na minha opinião é o principal motivo de tantos problemas que existem na religião. Agora vamos tentar descobrir de onde se originou a crença em um Deus que julga, e manda alguns para o céu e outros para o inferno.

Como e por quê o homem começou a acreditar em Deus?

Há várias teorias para o surgimento da crença em deus: a antropológica, a sociológica, a psicológica, a econômica, etc. Na verdade, todas elas têm seu quinhão de importância para explicar o nascer do sentimento religioso no homem. Lembrando que religião, numa definição popular, é religar-se a Deus, voltar a unir-se a Deus.

Muitos cientistas dizem que o medo foi o motivo primeiro da crença em Deus. O homem primitivo temia os raios, as tempestades e as enchentes. Aí começou a acreditar que os fenômenos da natureza eram manifestações de espíritos invisíveis. O tempo bom, a saúde, o sucesso na caça eram sinais que esses deuses estavam felizes com o povo da terra e do contrário, estavam zangados.

O Dr. David Sloan Wilson, professor da Universidade Estadual de Nova York em Binghamton e respeitado biólogo evolucionário, diz que “a religião representa uma espécie de mega-adaptação: um traço que veio a predominar por garantir vantagens àqueles que o possuem.” Na teoria dele, aceita por muitos cientistas, os bandos que fossem unidos pela crença em um deus, eram mais coesos e por isso, tinham vantagens na luta pela sobrevivência contra grupos rivais que não tinham um líder espiritual, nem crença em um deus. Assim, aqueles grupos de crentes, iam se fortalecendo e se expandindo, enquanto os outros grupos, que não acreditavam em divindades, iam desaparecendo.

No começo, havia o politeísmo, que é a crença na existência de vários deuses. O monoteísmo é inventado por Akenaton, o faraó egípcio que viveu no século 14 a.C. Séculos depois, o judaísmo também irá adotar o conceito de um deus único e influenciará as demais religiões atuais. Nós ocidentais somos monoteístas e todo nosso entendimento moral e ético é baseado na Bíblia, que para muitos, é uma obra revelada por Deus. Vamos investigar essa afirmação a seguir...

A Bíblia foi escrita sob inspiração de Deus?

Até meados de 1750, poucos contestavam a inspiração divina. A Bíblia era interpretada literalmente. Uma cobra que fala amistosamente com o casal primordial, um dilúvio universal, um profeta que abre o mar ao meio e outro que faz o sol parar, eram histórias tratadas por todos como reais. A partir do Iluminismo, movimento cultural do século dezoito, a autoridade da Bíblia e da Igreja começa a ser questionada inexoravelmente por intelectuais europeus.

Descobertas arqueológicas na Antiga Mesopotâmia revelaram que grande parte das narrativas bíblicas foi adaptada de contos sumérios e babilônicos. O Épico de Gilgamesh já falava sobre um homem fabricado do barro, um deus que faz descer um dilúvio sobre a terra, mas salva a vida de uma família em uma arca cheia de animais. Os redatores do Antigo Testamento pegaram essas histórias que eram repassadas oralmente e as adaptaram conforme lhes convinha. Pronto. Os cientistas não tinham dúvida: não se tratava de fatos, mas lendas que passavam de um povo para outro.

As ferramentas para se descobrir se a Bíblia foi ou não foi inspirada em Deus e se o Deus bíblico é uma criação da mente humana são:

1) A Crítica textual

Que é o exame rigoroso das Escrituras. Com ela pode-se perceber que a Bíblia tem:

Contradições.

São centenas delas. Um exemplo:

O casamento é bom? Sim. “O que acha uma esposa acha uma coisa boa, e recebe favor do Senhor” (Provérbios 18,22). Não é bom casar, segundo Paulo, o apóstolo: “Bom seria que o homem não tocasse em mulher” (1 Coríntios 7,1). Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se permanecerem com eu [solteiro] (1 Coríntios 7,8).

A crítica textual também nos ajuda a analisar imparcialmente a personalidade de Javé (Jeová).

Embora a Bíblia diga que Deus é bom: “O Senhor é bom para todos; tem compaixão de todas as suas obras.” (Salmo 145,9), o que vemos na maior parte do tempo é um Deus:

Ególatra. Ele quer adoração exclusiva. Em Êxodo 32,27 Moisés demorava-se a voltar do monte, onde foi receber as pedras da Lei do Senhor, e quando voltou, os hebreus dançavam e bebiam ao redor do bezerro de ouro, um ídolo pagão. Então, para punir aqueles que fizeram a obra, Deus disse aos filhos de Levi: “...cada um de vós meta a espada sobre sua coxa. Passai e repassai através do acampamento, de uma porta à outra, e cada um de vós mate o seu irmão, seu amigo, seu parente!” Resultado: três mil mortos. Qual foi o crime? Culto a outro deus.

Cruel. Como castigo ao povo de Samaria por ter deixado de adorá-lo, Javé preconiza no livro do profeta Oséias que “suas crianças serão cortadas em pedaços e suas mulheres grávidas terão seus ventres rasgados.”

Misógino. Ele parece não gostar de mulheres. A noiva que não apresentasse sinais de virgindade no dia do casamento podia ser morta pelo marido (Deuteronômio 22,13). “O homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem” (1Coríntios11:7-9). “Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher” (Efésios5:22-24). Em Isaías 3,16 Deus diz que vai castigar as mulheres porque “andam com o pescoço emproado, fazendo acenos com os olhos, e caminham com passo afetado, fazendo retinir as argolas de seus tornozelos”.

Homofóbico. Manda matar homossexuais: Levítico 20,13.

A favor de assassinatos. Manda matar populações inteiras, só porque seguem outros deuses, inclusive crianças inocentes:

Na campanha de invasão às tribos vizinhas, os soldados hebreus recebiam ordens de matar crianças, adultos e velhos. Deuteronômio 20,16: “Quanto às cidades daqueles povos cuja possessão te dá o Senhor, teu Deus, não deixarás nelas alma viva.” Em Números 31,14, Moisés, divinamente inspirado, manda seu exército matar todos os povos que encontrarem pela frente; até crianças e bebês eram mortos a fio de espadas. Somente as virgens eram poupadas. Estas seriam levadas prisioneiras, e feitas esposas dos soldados. Mas em Deuteronômio 21,10 somos informados do que acontecia com elas quando deixassem de agradar seus maridos: eram mandadas embora. Assim, sem poder levar nada com elas. Nem os filhos.

No livro de Josué, capítulo seis, o exército do Senhor invade a cidade “passando a fio de espada tudo o que nela se encontrava, homens, mulheres, crianças, velhos e até mesmo os bois, as ovelhas e os jumentos.”

Em muitas ocasiões, o próprio Deus bíblico comete assassinatos. A contagem de seus assassinatos chegou a 2.391.421 de mortos. Esse assombroso levantamento foi feito pelo blogueiro americano Steve Wells, editor do site Skeptic’s Annotated Bible (A Bíblia Anotada do Cético). No entanto, a soma poderia ser maior. É que ele não incluiu as mortes por afogamento no dilúvio.

Segue uma pequena lista da chacina provocada pelo deus hebreu:

Dilúvio. Javé está arrependido de ter criado o ser humano, pois este se desvirtuou, de modo que decide eliminá-lo da face da terra. Somente Noé, construtor da arca e o único justo, sua família e casais de animais são salvos; o próximo genocídio é a destruição de Sodoma e Gomorra com fogo e enxofre; a última das pragas contra o país do faraó é o extermínio de todos os primogênitos egípcios; o Senhor de Israel se irrita com aqueles que reclamavam pela falta de comida e água durante a caminhada em direção à “terra prometida” e manda serpentes para eliminá-los; morte dos moradores de Azot por hemorróidas; Davi comete adultério e a criança nascida desse relacionamento foi morta no sétimo dia de vida. e a lista segue, mas fiquemos com estes exemplos.

Erros científicos.

Na lista das aves que não eram para comer, Javé inclui o morcego. Mas morcego é um mamífero.

2) A segunda ferramenta para descobrir se a Bíblia é inspirada é o Estudo das religiões comparadas.

Ao tomar conhecimento de religiões mais antigas que o cristianismo, os estudiosos perceberam que a doutrina bíblica não era original.

Deus escolhe o povo judeu como povo preferido. Essa ideia já existia entre sumérios, egípcios, chineses, babilônicos e gregos. Tinha por objetivo principal elevar a moral do povo.

Deus entrega uma legislação ao profeta Moisés. Essa crença de que Deus pode aparecer a um mortal e entregar leis havia muito tempo antes de Moisés.

2.050 antes de Cristo. Estamos na Mesopotâmia. Por essa época, surgem os primeiros reis que criam uma legislação para manter a ordem social. O interessante, é que esses reis diziam que o autor das leis não eram eles, mas Deus. Eles sabiam que se dessem crédito das leis para um deus, teriam mais êxito. Destaco dois monarcas conhecidos pelos historiadores:

Ur-Nammu (ou Ur-Engur), da cidade-Estado de Ur, na Suméria, e Hamurábi, na Babilônia.

Deus se une a uma mortal (Maria) e gera um filho (Jesus).

Essa crença fazia parte de muitas culturas pré-bíblicas. A origem pode estar ligada a crença de que alguns homens por seu carisma, forca e inteligência não eram totalmente humanos, mas tinham uma parte divina. A população de Roma achava que seus imperadores eram semideuses, filhos de um deus com uma mortal. Na mitologia grega temos Alcmena, esposa de Anfitrião, uniu-se a Zeus e gerou Hércules; Leda, esposa do rei Tíndaro, uniu-se a Zeus e gerou Helena; Dânae, filha de Acrísio e de Eurídice uniu-se a Zeus e gerou Perseu; Europa, filha de Agenor, uniu-se a Zeus e gerou Minos e Radamantis; Sémele, filha de Cadmo e de Harmonia uniu-se a Zeus e gerou Dionísio; Corônis, filha de Flégias uniu-se a Apolo e gerou Asclépio; na antiga pérsia, Dugdav ou Dugdhova, moça de quinze anos e ainda virgem, esposa de Pourushaspa, uniu-se a Ahuramazda e gerou Zoroastro.

Jesus morre, ressuscita, sobe aos céus de onde vai julgar os mortos e separar os bons dos maus.

Vamos ver de onde o cristianismo copiou essas ideias:

Tamuz, na Fenícia foi morto numa cruz, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus; Osíris, no Egito, que após ressuscitar, subiu aos céus para julgar as almas; Mitra, na Pérsia e depois adorado pelos romanos era chamado de o bom pastor, tinha doze discípulos, depois que ressuscitou, subiu aos céus numa carruagem de fogo; Átis, em Roma também era um semi deus que ressuscita ao terceiro dia e sobe aos céus; Baco, na Grécia alem de transformar água em vinho, ressuscita ao terceiro dia; Krishna, na Índia é outro que vence a morte e sobe aos céus.

Deus vai mandar alguns para o céu e outros para o inferno.

Os intelectuais bem antes de Cristo já ironizavam o conceito de um deus juiz:

“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas consequências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte.” Políbio, historiador grego – cerca de 203 a.C.

O inferno, segundo os estudiosos em mitologias, foi uma invenção sacerdotal, antes do povo bíblico, com vários objetivos:

Angariar poder e manter a ordem social.

Com medo das possíveis punições a quem desrespeitasse as leis sacerdotais, e tementes dos castigos no pós-morte, o povo se tornava mais obediente e seguia com mais devoção aquilo que as autoridades mandavam.

Riqueza.

Para garantir um lugar ao lado dos deuses depois da morte, o povo era obrigado a enviar presentes e ofertas aos sacerdotes, que geralmente eram também os governantes do reino.

Se a Bíblia não é a palavra de Deus, mas de homens que viveram há dois mil anos, onde vou me basear para saber o que é certo e errado?

Há varias filosofias de vida, algumas baseadas na crença em um Deus criador, mas sem estar atrelada a alguma religião, outras de discurso ateísta que fornecem bons ensinamentos éticos e morais para quem deseja ser feliz e agir de modo correto consigo, com os outros e o mundo em geral.

São chamadas filosofias humanistas, porque têm por objetivo trazer o bem e a paz para todos e de forma igual, sem discriminar cor de pele, raça, etnia, orientação sexual, crença religiosa.

Mensagem final:

Creio que cada um deve ser livre para seguir aquilo que sua própria consciência acha que deve ser certo ou errado. E ter o bom senso em respeitar a lei de cada país.

Sempre lembrando que não importa se você acredita em Deus ou não, nem que religião você segue. O que importa são suas atitudes perante o mundo. Seja feliz e faça os outros felizes. Obrigado.