Homilia Pe. Ângelo Busnardo - Corpus Christi/O Profeta Jeremias (XII Dom. Comum)

CORPUS CHRISTI

19 / 06 / 2014

Dt.8,2-3.14b-16ª / 1Cor.10,16-17 / Jo.6,51-58

Deus criou Adão e Eva livres do sofrimento e da morte. Antes do pecado, a natureza produzia espontaneamente ar, água e comida e o corpo era compatível com a natureza não precisando de roupas e nem de casas. Mas Deus avisou Adão que, se pecasse, seria submetido ao sofrimento e à morte: 16 O Senhor Deus deu ao homem uma ordem, dizendo: “Podes comer de todas as árvores do jardim. 17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer” (Gn.2,16-17). Adão e Eva pecaram e Deus os submeteu ao sofrimento e à morte através da maldição da terra: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 1 9 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar” (Gn.3,17-19).

Após criar Adão, Deus soprou nele infundindo-lhe um elemento eterno que Jesus chama de vida eterna: 7 Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem se tornou ser vivo (Gn.2,7). O maior prejuízo que o pecado infligiu na humanidade não foi o sofrimento e a morte mas a perda da vida eterna, o sopro de Deus.

Para restaurar o ser humano Jesus se encarnou assumindo um corpo feito de terra amaldiçoada, submetendo-se assim ao sofrimento e à morte. Foi satanás que induziu Adão e Eva a pecar. Como, perante Deus, não se obedece a dois senhores, obedecendo a satanás, Adão e Eva e todos os seus descendentes se tornaram escravos dele. Jesus precisava oferecer ao ser humano a possibilidade de libertar-se da escravidão de satanás e a possibilidade de recuperar o sopro de Deus, a vida eterna, e para isto Jesus instituiu os sacramentos: pelo batismo o homem se liberta da escravidão de satanás e pela eucaristia recupera o sopro de Deus – a vida eterna: 53 Jesus lhes disse: “Na verdade eu vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54 Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia (Jo.6,53-54).

Jesus nunca pecou e, portanto, nunca se tornou escravo de satanás. O diabo tentou Eva e ela caiu na tentação e induziu Adão a pecar também. O diabo tentou Jesus: 1 Em seguida, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo (Mt.4,1). Jesus não caiu na tentação: 10 Jesus, então, lhe falou: “Afasta-te, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele servirás”(Mt.4,10).

Jesus morreu na cruz e ressuscitou. O corpo de Jesus era feito de terra amaldiçoada deste planeta, mas ressuscitou livre da maldição. Uma hóstia consagrada é Jesus ressuscitado, corpo, sangue, alma e divindade. Ingerindo o corpo ressuscitado de Jesus, conforme estabelecido por Ele (Cf.Jo.6,54), nós recuperamos o sopro que Deus infundiu em Adão e que ele e Eva perderam ao cometer o primeiro pecado.

Somente recupera o sopro de Deus aquele que, antes de receber a Eucaristia, se liberta da escravidão de satanás através do perdão dos pecados. Quem recebe a Eucaristia em pecado mortal comete um sacrilégio, isto é, come e bebe a própria condenação: 27 Assim, pois, quem come o pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo e então coma do pão e beba do cálice; 29 pois aquele que, sem discernir o corpo [do Senhor], come e bebe, come e bebe sua própria condenação (1Cor.11,27-29).

Infelizmente, hoje a maioria das pessoas perdeu a consciência do pecado e a maioria dos eclesiásticos jogou fora a consciência do pecado. Não considerando pecados atos que Deus condena como sendo pecados mortais, especialmente na área sexual como sexo fora do matrimônio, uso do DIU e da pílula do dia seguinte, homossexualismo, lesbianismo... o número de comunhões sacrílegas é muito grande.

Quando o sumo sacerdote, os demais sacerdotes, o sinédrio, Pilatos e Judas colocaram Jesus na cruz, o transformaram num instrumento de salvação. Mesmo assim pecaram gravemente: 10 Disse-lhe então Pilatos: “Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar?” 11 Jesus lhe respondeu: “Não terias nenhum poder sobre mim se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior” (Jo.19,10-12).

Quem comete um sacrilégio por receber a Eucaristia ou outro sacramento em pecado mortal transforma Jesus num instrumento de condenação, cometendo assim um pecado maior do que cometeram aqueles que condenaram Jesus à morte na cruz. Infelizmente, são muitos aqueles que perderam a consciência do pecado e continuam comungando apesar de viver em estado de pecado mortal. São também muitos os eclesiásticos que jogaram fora a consciência do pecado e continuam distribuindo sacramentos sacrílegos.

Código : christ17

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbbusnardo@gmail.com

XII DOMINGO COMUM

22 / 06 / 2014

Jr.20,10-13 / Rm.5,12-15 / Mt.10,26-33

A perseguição pode vir dos inimigos da Igreja ou das autoridades eclesiásticas. Jeremias foi perseguido pelas autoridades eclesiásticas. Sendo Israel uma teocracia, o rei era chefe político e religioso. Quando o rei era infiel, escolhia sacerdotes também infiéis para presidir o templo e quem denunciasse as safadezas deles era perseguido. Inspirado por Deus, Jeremias denunciou as infidelidades do rei e dos sacerdotes e foi perseguido: 10 Ouço a calúnia de muitos: “Terror de todos os lados! Denunciai, denunciemo-lo!” Todos que estavam em paz comigo, esperam um passo falso meu: “Talvez ele se deixe seduzir! Então o dominaremos e nos vingaremos dele!” (Jr.20,10).

No tempo de Jesus, a Igreja era dirigida por eclesiásticos infiéis e Ele foi perseguido desde o começo da vida pública até à morte na cruz. Na primeira visita que fez a Nazaré após começar a vida pública ameaçaram matá-lo: 28 Quando ouviram isso, todos os que estavam na sinagoga ficaram furiosos. 29 Levantaram-se, arrastaram-no para fora da cidade e o conduziram até o alto do monte onde estava construída a cidade, para dali o precipitarem. 30 Mas, passando por meio deles, Jesus foi embora (Lc.4,28-30). No templo de Jerusalém tentaram apedrejá-lo: 29 Meu Pai que me deu as ovelhas é maior do que todos, e ninguém poderá retirá-las da mão do meu Pai. 30 Eu e o Pai somos um”. 31 Os judeus apanharam de novo pedras para apedrejá-lo (Jo.10,29-31). No fim, os líderes eclesiásticos de Jerusalém prenderam Jesus e forçaram Pilatos a condená-lo à morte na cruz.

Em nosso tempo, a Lúcia recebeu de Deus, através de Maria em 1917, uma mensagem para ser revelada em 1960. Na década de quarenta, o Vaticano se apoderou da mensagem. Na época, a Lúcia era freira na congregação das Irmãs Dorotéias. Para impedir que a Irmã Lúcia divulgasse o que ela sabia, o Vaticano a obrigou a sair da congregação das Dorotéias e a prenderam numa congregação de clausura. A vocação vem de Deus. Deus chamou a Lúcia para a congregação das Dorotéias. Mas para evitar que a Ir. Lúcia publicasse o segredo de Fátima em 1960 como tinha sido pedido por Deus através de Maria, o papa Pio XII prendeu a Ir. Lúcia num cativeiro. Os papas que vieram após Pio XII não publicaram o segredo de Fátima em 1960 e mantiveram a Ir. Lúcia no cativeiro até à morte. Para a Ir. Lúcia que não tinha vocação para viver em clausura deve ter sido uma verdadeira tortura. Quando Jesus voltar, as autoridades eclesiásticas só não o submeterão a algum tipo de tortura porque o corpo ressuscitado está livre do sofrimento e da morte.

A gravidade da ofensa é calculada pelo lado do ofendido. Um insulto dirigido a um mendigo pode ficar sem reação. O mesmo insulto dirigido ao um soldado armado pode induzir o ofendido a reagir com um tiro. O mesmo insulto dirigido ao presidente da república pode resultar em cadeia. Um pontapé dado a um cachorrinho o põe a correr. Um pontapé dado a um cachorro grande põe o ofensor a correr. Se alguém der um pontapé num leão é devorado por ele.

O pecado ofende a Deus: vista do lado do ofensor, a gravidade da ofensa é finita; vista do lado do ofendido (Deus), a gravidade da ofensa é infinita porque Deus é infinito. Quando o homem pecou produziu uma ofensa de gravidade finita vista do lado dele e uma ofensa de gravidade infinita se vista do lado de Deus: 15 Mas a transgressão não se compara com o dom. Se pela transgressão de um só morrem todos, muito mais copiosamente se derramou a graça de Deus e o dom gratuito que consiste na graça de um só homem, Jesus Cristo (Rm.5,15). Com a encarnação, morte e ressurreição Jesus produziu méritos infinitos e os colocou a disposição de toda a humanidade. Os méritos de Jesus são infinitos tanto se vistos do lado de Jesus que os produziu como se vistos do lado do homem que os usa para se libertar dos pecados. Por isto, São Paulo diz que o efeito da ofensa é inferior ao efeito da graça trazida por Jesus.

O objetivo dos perseguidores é desestimular o perseguido a anunciar o Evangelho através do medo. Mas Jesus diz que não se deve temer os perseguidores e nem deixar de anunciar a Boa Nova: 26 Portanto, não tenhais medo deles; porque não há nada encoberto que não venha a ser revelado, nem escondido que não venha a ser conhecido. 27 Dizei à luz do dia o que vos digo na escuridão, e proclamai de cima dos telhados o que vos digo ao pé do ouvido (Mt.10,26-27). Os perseguidores que hoje parecem levar vantagens amanhã estarão no inferno: 28 Não tenhais medo dos que matam o corpo mas não podem matar a alma. Deveis ter medo daquele que pode fazer perder-se a alma e o corpo no inferno (Mt.10,28).

Podemos considerar perseguição também quando aqueles que se opõem ao anúncio do Evangelho, não tendo poder para prender ou agredir fisicamente aqueles que anunciam o Evangelho, os ridicularizam ou lhes colocam obstáculos para dificultar a evangelização. Apesar de todas as dificuldades os seguidores de Jesus devem continuar dando testemunho: 32 Todo aquele, pois, que der testemunho de mim diante dos outros, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus. 33 Mas todo aquele que me negar diante dos outros, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus (Mt.10,32-33). Quem perseverar com fidelidade apesar das perseguições será defendido por Jesus quando estiver sendo julgado pelo Pai após a morte.

Código : domin892

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo
Enviado por Joanne em 17/06/2014
Código do texto: T4848534
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