Homilia Pe. Ângelo Busnardo - A Santíssima Trindade.

A SANTÍSSIMA TRINDADE

15 / 06 /2014

Ex.34,4-6.8-9 / 2Cor.13,11-13 / Jo.3,16-18

A Trindade foi anunciada no início do livro do Gênesis: 1 No princípio Deus criou o céu e a terra. 2 A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam o Oceano e um vento impetuoso (Espírito Santo) soprava sobre as águas. 3 Deus disse: “Faça-se a luz” (Filho Jesus)! E a luz se fez. 4 Deus viu que a luz era boa. Deus separou a luz das trevas (Gn.1,1-3). O Pai estava criando pronunciando a palavra “faça-se”, o Verbo, que com a encarnação se tornou Jesus e o Espírito Santo pairava sobre as águas. Apesar de anunciada já no Antigo Testamento, somente no Novo Testamento, Deus revelou que o verbo “faça-se” e o “vento impetuoso” também são Pessoas Divinas distintas formando um único Deus.

A Trindade consiste num Deus único e indiviso formado por três Pessoas divinas distintas. Como a Divindade é indivisa onde está uma Pessoa divina estão as três Pessoas. Jesus ficou três horas vivo pregado na Cruz. Durante este período rezou o salmo 21 que começa com a frase “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes”: 2 Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? Longe estão de valer-me as palavras de meus brados (Sl.22-21,2). 46 Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte: Eli, Eli, lemá sabachthani! O que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Mt.27,46). Ao escrever isto, São Mateus quis apenas indicar que Jesus rezou este salmo enquanto estava vivo na cruz e não que o Pai e Espírito Santo teriam abandonado Jesus o que é impossível dado que a Trindade é indivisa. Enquanto Jesus estava vivo na cruz, o Pai e o Espírito Santo também estava lá. Somente Jesus estava sofrendo fisicamente, porque somente Ele tinha um corpo feito de terra.

As Pessoas da Santíssima Trindade se distinguem pelas funções:

1. A função do Pai é criar. O tempo do Pai termina com a encarnação de Jesus, mas sua função criadora continua sempre. Quando uma mulher fica grávida, é o Pai que cria naquele exato momento a alma para o novo ser.

2. A função do Filho Jesus é redimir. Pelo pecado de Adão e Eva toda a humanidade se tornou escrava de satanás. Com sua encarnação, paixão e morte na cruz Jesus produziu os méritos infinitos com os quais toda a humanidade pode se libertar da escravidão de satanás e voltar para o senhorio de Deus. O tempo de Jesus começa com a encarnação e vai até à vinda do Espírito Santo. A função redentora de Jesus continua sempre. É pelos méritos infinitos de Jesus que alguém, através dos sacramentos, se liberta dos pecados e volta para o senhorio de Deus.

3. A função do Espírito Santo é mover as pessoas a procurar os méritos infinitos de Jesus, através dos sacramentos instituídos por Ele e confiados exclusivamente à Igreja Católica fundada por Ele, para se libertar da escravidão satânica e se salvar. O tempo do Espírito Santo começou em Pentecostes e se estende até a volta de Jesus quando o Pai estabelecer na terra os novos céus e a nova terra.

Como a Trindade é indivisa, as Três Pessoas Divinas agem juntas mas manifestam a ação através de uma das Pessoas Divina durante o tempo próprio de cada uma delas: na criação, a ação da Trindade se manifestou através do Pai, na redenção, a ação da Trindade se manifestou através de Jesus e, em nosso tempo, a ação santificadora se manifesta através do Espírito Santo. A Trindade é invocada explicitamente no sinal da cruz e na conclusão de toda oração litúrgica. O missal traz diversos formulários de missas para o Filho Jesus e para o Espírito Santo mas estranhamente não traz nenhum formulário de missa para o Pai. Também é estranho notar que não há paróquias dedicadas ao Pai Eterno e são raros os santuários cujo patrono é o Padre Eterno. Parece que os líderes eclesiásticos descriminam o Pai Eterno. De minha parte, redigi uma missa para o Pai Eterno e a rezo nos dias que o diretório litúrgico indica “missa à Escolha”.

Pelo pecado de Adão e Eva todos são gerados separados de Deus e sujeitos à condenação. Se Deus quisesse condenar o mundo não precisava enviar Jesus, porque todos já estavam condenados. Por isto, Jesus afirma que o Pai o enviou para salvar o mundo e não para condená-lo: 17 Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele (Jo.3,17). Mas o simples fato de Jesus ter vindo ao mundo não torna todos automaticamente salvos. Na realidade, com sua encarnação, morte e ressurreição, Jesus colocou a salvação à disposição de todos e os méritos infinitos deles são suficientes para salvar a todos, mas o ser humano continua livre para ignorar e até rejeitar a salvação que está à disposição de todos: 18 Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus (Jo.3,18).

Código : domin891

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo
Enviado por Joanne em 12/06/2014
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