Jesus e o Vegetarianismo

Este post por falar de religião talvez seja um pouco polêmico. Porém necessário. Ou talvez desnecessário.

Existem muitas “leituras”, interpretações sobre a bíblia que são discordantes. Por exemplo, católicos e protestantes tem visões bem diferentes sobre “Maria, mãe de Jesus”. E estas discordâncias são bastante comuns neste livro. Ele é escrito muitas vezes de maneira codificada e a interpretação nem sempre é simples.

Em geral pode-se pegar uma frase, ou melhor, um versículo e tirar uma conclusão. Porém ao analisar o contexto pode-se chegar à outras possibilidades. E quando estuda-se a história pode-se ter ainda outra forma de ver ainda mais distante.

Por exemplo, alguns protestantes dizem que por conta de trechos como este:

“Disse Deus: “Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês.

E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra, a todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem rente ao chão”. E assim foi.” Gênesis 1:29-30

(Voltando) Por conta de trechos como este, algumas vertentes cristãs protestantes tornaram-se vegetarianas e deixaram a carne há gerações. Outros acham que não tem nada a ver e continuam comendo carne e escolhem outros trechos para dizer que deve-se comer.

Porém sobre o que cada um pensa ou interpreta da bíblia não é meu trabalho julgar. Prefiro falar do que faz parte da história até dos que não são cristãos. E digo que com certeza se há cristãos aqui no Brasil, um país distante de Israel, dois mil anos depois de Jesus ter morrido, isso tudo tem a ver com animais.

Hã? Mas porque? Então vamos lá… um pouco de história geral…

Jesus era judeu. E entre os judeus da época (e não sei dizer até quando isso durou (não sei sequer se isso ainda existe)) era costume fazer sacrifícios de animais pela “remissão dos pecados”. Ou seja, oferecer um animal a Deus em troca do perdão. De onde os judeus tiraram esta ideia não sei dizer. Sei que o sacrifício de animais é bastante comum em muitas religiões antigas e algumas ainda o fazem até hoje.

Voltando aos judeus e Jesus… então, Jesus, passa por toda aquela história que já conhecemos e é por fim crucificado.

Pois bem, ai que começa a questão. Quando Jesus obedece o pedido de seu Pai, Deus, para morrer em nome dele, ele é crucificado e fica conhecido como o “cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”. Ele, Jesus, foi oferecido no lugar de um cordeiro (carneiro), que era um típico sacrifício animal da época, como pagamento dos pecados da humanidade.

Interessante, não é? Bom, a questão vai mais além. Como Jesus foi o sacrifício humano pelo pagamento dos pecados da humanidade isso significou que, a partir Dele não mais seriam feitos sacrifícios animais. E então depois disso todos os cristão nunca mais fizeram sacrifícios.

E é por isso que você, cristão que está lendo isso agora, não oferece sacrifícios animais à Deus.

Mas a história não termina aí. Até aqui já seria muito interessante ver como Jesus mudou a relação dos homens com os animais só pelo fato de ter existido.

Continuando, acontece que os romanos na época também faziam sacrifícios de animais. Porém para os deuses romanos. E isso significava que o povo romano, incluindo cristãos nascidos em roma, também deveriam fazer para o bem das cidades romanas. Eles precisavam da ajuda dos Deuses para o bem da pólis (cidade-estado).

E aí acontece um conflito. Roma começa a entrar em decadência. E no governo de Diocleciano, ele ao analisar a crise romana, chega entre outras conclusões, que a culpa é dos cristão porque não estão matando animais para oferecer aos Deuses.

Parece novela, mas é história. Religião era prioridade na época e isso realmente era importante para um romano.

Moral da história? Os cristãos se recusavam a matar animais. Os romanos obrigavam-nos a matar animais. Então, por conta deste detalhezinho, muitos cristão perderam a vida. O governo de Diocleciano foi uma das maiores perseguições à cristãos da história.

E acaba aí? Claro que não. Porque afinal há cristãos no mundo de hoje? Por causa da abolição do sacrifício animal.

Por conta dessa perseguição o cristianismo foi altamente “divulgado”. Deu efeito reverso. Ao invés de acabar, propagou! E então posteriormente à Diocleciano, no governo de Constantino, este tem uma visão de uma religião que tinha um Deus que ajudaria Roma a se reeguer. Estranho é que para Constantino foi justamente o cristianismo, que era uma religião que vinha sendo perseguida, que iria salvar Roma da crise.

E a partir disso, Constantino se converte e na história cristã daí pra frente o cristianismo “bombou” no mundo e chegou até os dias de hoje. Tudo por causa do “cordeiro de Deus” que aboliu o sacrifício animal. A abolição fez a fama.

Concluindo: não tenho opinião nenhuma sobre o que está ou não escrito na bíblia sobre comer ou não animais. A meu ver a bíblia fala de bondade e muitas outras coisas bonitas sobre um ser humano que vive para praticar o bem e o amor ao próximo.

São textos de difícil interpretação, que mudam de significado e contexto do inicio ao fim da bíblia. Que possui um “Antigo Testamento” que é um livro judaico, ou seja, com aquele clima judaico da época que fazia sacrifícios animais (em geral as partes que mais contém afirmações sobre o que se “deve ou não deve” fazer está no antigo testamento, repito, livro judaico, que tinha como intenção registrar a cultura judaica da época. Moisés, 10 mandamentos e toda aquela história) e um “Novo Testamento” que é a parte onde entra Jesus (que é rejeitado pelos Judeus como Messias)… e do novo testamento para frente é difícil achar uma frase fácil de se entender. Em geral cada versículo do novo testamento tem umas 20 formas de se interpretar (exagerei) e que despertam muita discussão.

Pensando em tudo isso vejo que o cristianismo tem muitas coisas em comum com a defesa dos animais. Penso que o ideal de mundo melhor que o vegano busca no planeta seja em grande parte semelhante ao cristão. Sempre imaginei que as pessoas religiosas estariam mais abertas às ideias de defesa do animais por se tratar de um movimento de bondade, de consideração pelo próximo, mas isso na prática é bem raro. Em geral, ao falar de defesa dos animais, o cristão tem como primeira prática buscar algum trecho da bíblia que explique porque ele deve continuar “usando” os animais como sempre fez. Apesar disso acredito que as pessoas estão prontas para a mudança e tudo irá mudar para melhor.

Fico por aqui.

Um abraço à todos e que nunca se esqueçam que o “cordeiro” de Deus foi o último sacrifício animal, aquele que tirou, ou deveria ter tirado, os pecados do mundo… tende piedade de nós

Hobbert Jász
Enviado por Hobbert Jász em 25/05/2014
Reeditado em 07/09/2014
Código do texto: T4819833
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