Aos que ficam....

Quem são esses que me velam depositando flores sem saberem meu gosto?

Estranhos, desconhecidos, que pouco estiveram ao meu lado. Quem é essa gente?

Só podem estar aqui por desencargo de consciência ou para depositarem suas lágrimas secas como o gelo.

Essa cena é surreal, patética!

Meu passado é um pretérito perfeito e não esse futuro oco, vazio, que nunca será (serão) um tempo verbal. Talvez pelo acaso – irregular.

Afinal, o que querem?

Eu, particularmente, fui e sou feliz, mesmo na solidão. Apenas cansei de viver a carne.

Sinceramente, seria mais verdadeiro estarmos sempre juntos, contudo, o “cada um para si e deus para todos” foi a eterna desculpa do dia a dia, ou talvez....quem é que gosta de ficar ao lado de velhos?

A distância, a falta de tempo, o cotidiano, sempre uma diáspora inexplicável.

De qualquer forma, prefiro dar o sinal e pegar o trem, porquê é hora de partir. Até breve aos que ficam.

Ah...sim....rezem mais baixo, pois vocês falam muitas linguas que desconheço e agora quero apenas descansar.

Depois desse primeiro ato cômico, partam para o segundo. Ali ao lado se encontra outro como eu. Talvez precise desses terços, velas e de toda essa gripe de choro.

O mundo gira, a vida continua. Não podemos estagnar olhando pendulos no céu e a terra como o centro do universo.

O século é XXI e milagre é simplesmente um capricho humano.

Estêvão Zizzi
Enviado por Estêvão Zizzi em 07/05/2014
Código do texto: T4797596
Classificação de conteúdo: seguro