Aos que ficam....
Quem são esses que me velam depositando flores sem saberem meu gosto?
Estranhos, desconhecidos, que pouco estiveram ao meu lado. Quem é essa gente?
Só podem estar aqui por desencargo de consciência ou para depositarem suas lágrimas secas como o gelo.
Essa cena é surreal, patética!
Meu passado é um pretérito perfeito e não esse futuro oco, vazio, que nunca será (serão) um tempo verbal. Talvez pelo acaso – irregular.
Afinal, o que querem?
Eu, particularmente, fui e sou feliz, mesmo na solidão. Apenas cansei de viver a carne.
Sinceramente, seria mais verdadeiro estarmos sempre juntos, contudo, o “cada um para si e deus para todos” foi a eterna desculpa do dia a dia, ou talvez....quem é que gosta de ficar ao lado de velhos?
A distância, a falta de tempo, o cotidiano, sempre uma diáspora inexplicável.
De qualquer forma, prefiro dar o sinal e pegar o trem, porquê é hora de partir. Até breve aos que ficam.
Ah...sim....rezem mais baixo, pois vocês falam muitas linguas que desconheço e agora quero apenas descansar.
Depois desse primeiro ato cômico, partam para o segundo. Ali ao lado se encontra outro como eu. Talvez precise desses terços, velas e de toda essa gripe de choro.
O mundo gira, a vida continua. Não podemos estagnar olhando pendulos no céu e a terra como o centro do universo.
O século é XXI e milagre é simplesmente um capricho humano.