O ancião de barba

O ANCIÃO DE BARBA
Miguel Carqueija

Depois que passei a frequentar os debates no blog “Tubo de ensaio”, na Gazeta do Povo, descobri que militantes ateus com frequência lançam aos cristãos ironias sobre o “velho de barba, que controla tudo lá de cima”. Isso me faz lembrar os avisos do grande Papa Bento XVI (hoje papa emérito) sobre a “ignorância religiosa” — deficiência mesmo de muitos católicos (e alguns não sabem nem o que é missa, mesmo frequentando), que dirá de materialistas.
Todos nós, de fato, desde crianças nos familiarizamos com aquela imagem que aparece em pinturas, esculturas e gravuras, de um ancião com longa barba e comprida túnica, representando a Deus Pai. É uma figura que transmite dignidade, majestade e poder. Todavia, é apenas um símbolo.
Assim, nossos irmãos ateus colocam-se numa posição quixotesca, investindo contra moinhos de vento. Algo semelhante aos irmãos protestantes que insistem em acusar os católicos de “adorar imagens”.
É doutrina de fé, no Catolicismo, que Deus é puro espírito. É o Ser Supremo, onipotente, onisciente, onipresente, eterno e perfeitíssimo; entretanto não possui corpo, figura ou imagem; a rigor não pode ser representado.
Para contornar essa dificuldade criou-se aquela figura, que emana respeitabilidade; todavia Deus não é um velho de túnica e barba, mas um espírito puro.
A sugestão que eu posso dar aos amigos descrentes é essa: vocês têm todo o direito de polemizar e de discordar das doutrinas cristãs. Porém, se querem questionar as nossas doutrinas então questionem o que é doutrina, e não o que vocês acham que é doutrina. O “ancião de barba” não é um conceito doutrinal, mas iconográfico.
Não confundam doutrina com iconografia.


Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2013.


(imagem do google)