A ÚLTIMA CEIA DO SENHOR.

A ÚLTIMA CEIA DO SENHOR

17 E, no primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?

18 E ele disse: Ide à cidade, a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos. (Mateus – 26:17 e 18)

Jerusalém vivia dias turbulentos, política romana, religiosidade judaica e preparações para o pessach. A cidade abrigava peregrinos de várias regiões, tantas fronteiriças como de locais distantes e desconhecidos. A cidade fervilhava de mercadores, oportunistas, fiéis e toda sorte de etnias que vinham para as festividades e celebrações da páscoa.

O dia esmaecia silenciosamente nas colinas de Jerusalém. O burburinho de pessoas se fazia nas estreitas ruas da cidade e os pastores recolhiam as suas ovelhas depois de um causticante dia no pastoreio.

O cenáculo estava preparado. Uma grande mesa esperava os convivas para àquela que seria a última ceia do Senhor.

Nas masmorras do palácio se encontravam Barrabás, julgado e culpado de motim contra Roma, além de Dimas e Jestas, ladrões que seriam crucificados juntamente com Barrabás.

Angustiados estavam, prevendo os horrores do martírio na cruz, além dos açoites e escárnio do povo. Uma sina irreversível nas mãos dos soldados romanos, verdadeiros assassinos profissionais e acostumados às atrocidades cometidas sob as ordens de seus governantes.

Ainda que a brisa da tarde soprasse amena, o clima na cidade era austero, severo, anunciando as agonias e o frio de uma morte dolorida e desumana, motivada pela insensatez, inveja e ignorância de doutores da lei orgulhosos pelo doutorado, mas sem nenhum resquício do amor verdadeiro.

Jesus de Nazaré vivia as poucas horas de liberdade terrena junto com seus discípulos. Satanás já havia invadido o coração de Judas Iscariotes para traí-lo e entregar nas mãos do Sinédrio.

Na casa preparada para a última ceia as candeias bruxuleantes iluminavam o cenário. Os discípulos não se davam conta do que estaria para ocorrer, ainda que muitas vezes Jesus já houvera instruído a respeito. Eles estavam numa posição de conforto, não imaginavam jamais que o Mestre iria apartar-se deles na forma humana para sofrer os horrores da crucificação.

O traidor também se encontrava à mesa, mas num dado momento saiu para encontrar com os principais e escribas no intuito de apontar o local onde Jesus seria preso. A saída de Judas não foi motivo de desconfiança dos demais, uma vez que ele detinha a bolsa com dinheiro , portanto, imaginavam que estaria saindo para aquisição de alguns víveres.

E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos.

E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça;

Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus.

E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós;

Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus.

E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.

Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.

Lucas 22:14-20

Instituía-se nesse momento o Novo Testamento.

Depois da ceia, saiu Jesus para orar juntamente com seus discípulos no Monte chamado das Oliveiras. Sua agonia era muito grande ao ponto de suar sangue. O “suar sangue”, é chamado de “hematidrose“. Essa reação é produzida diante de condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo (sabemos que Jesus Cristo realmente passou por um forte abatimento). As tensões extremas, com contrações musculares localizadas, produzem um rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas; o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo.

Já era madrugada de sexta-feira quando Jesus foi preso e entregue nas mãos de seus algozes. Seus discípulos se dispersaram, fugindo amedrontados.

Jesus estava só, mas como uma ovelha diante de seus tosquiadores nada proferiu, calado aceitou a condição de sofrer e morrer, para que nossos pecados fossem perdoados.

(Depois de açoitado e humilhado Jesus foi condenado a carregar o patibulum (madeira horizontal) que seria posteriormente encaixada em outra estaca vertical (formando uma cruz) o patibulum que era destinado a Barrabás foi herdado por Ele.

Imaginem a exultação de Barrabás quando soube de sua soltura e da condenação de um justo em seu lugar. Barrabás realmente era criminoso pois incitara uma rebelião contra o estado Romano, mas Jesus somente pregava a verdade, a harmonia e o amor. O reino que Barrabás desejava era o reino e o domínio terreno enquanto que Jesus pregava o Reino dos céus que nunca haverá de passar como passam os reinos construídos pelos homens.

Sexta-feira, tarde tenebrosa, sufocante. Ventos mornos assolando o monte da caveira, espetáculo tétrico. Três cruzes dominando o cenário medonho e, o Mestre ainda assim intercedendo junto ao Pai para que Ele perdoasse a todos que participavam de Sua agonia e morte, porque seus algozes “Não sabiam o que faziam”

Depois de tudo consumado Jesus foi colocado numa sepultura lacrada com uma pesada pedra. Seus seguidores estavam escondidos, desalentados, com medo.

O sábado seguinte à crucificação amanheceu silencioso, meditativo e provavelmente com um vazio nos corações dos seguidores do Mestre. Mas o que dizer de seus acusadores e executores. Será que havia arrependimento? Será que havia temor para àqueles que mataram o filho de Deus?

O domingo amanheceu com uma sensação diferente nas almas das pessoas, uma sensação de paz interior. As fragrâncias perfumadas das flores e o tépido sol da manhã envolviam as pessoas com uma estranha sensação de alegria, ainda que pesasse sobre muitos a dor do luto. Jesus ressuscitara como havia predito.

19- “Destruí este Templo, e em três dias o levantarei”.

20- Os Judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?”

21- Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo.

22- “Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele”. (João 2:19 a 22).

E hoje, o que fazemos para comemorar a Páscoa do Senhor ? Paramos para lembrar os momento de entrega e amor de Cristo por todos os pecadores ou esbanjamos em glutonarias e apego as guloseimas de chocolates? Paramos para refletir e orar ou almejamos somente os dias da folga no trabalho para passear e aproveitar o tempo ocioso em não fazer absolutamente nada.

Não devemos esquecer jamais do amor de Deus, uma vez que em sua infinita misericórdia nos deus seu filho unigênito para que morresse para salvação de nossos pecados.

16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

17 Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (João – 3:16 a 18)

Que possamos comemorar a Páscoa do Senhor, celebrando a passagem da morte para a vida em Jesus Cristo. Que possamos divisar no caminhante ao nosso lado, os ensinamentos e as doces consolações de Jesus em nossas estradas a caminho dos nossos Emaús.

Que possamos realmente, irmanados, lançar as nossas redes e pescar homens de boa índole para que sejam formados os ceifeiros para as searas , pois a seara é grande e poucos os ceifeiros.

Que a Páscoa que se avizinha, seja um dia de meditação, oração e júbilo para celebramos a vitoria de nosso Salvador sobre a morte e sobre as hostes do bem.

Que haja em todo mundo uma partilha do pão e, sejam saciadas as sedes de justiça. Não sejam os homens gladiadores e escravos dos vícios e do poder, mas que sejam humildes, pacatos e promovam a paz. Os tempos estão sendo abreviados e a volta de Jesus será breve e não haverá espaço no Reino Celeste para os homens que nestes tempos burlam os mandamentos Divinos.

2 - Timóteo 3

“1- Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.

2- Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,

3- Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,

4 Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,

5 Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela”. “Destes afasta-te”.

Estejamos portanto atentos, orando e vigiando para que não sejamos sucumbidos pelas armadilhas do inimigo.

Que uma nova e verdadeira alegria aflore nas almas de todos os homens e que as doces consolações do Espírito Santo sejam com todos. Que todos nós independentemente de placas de igreja possamos comemorar a vida ressurreta de Jesus Cristo o qual vive e reina para todo o sempre e, ainda que não sejamos merecedores de seu perdão, possamos compreender e praticar os seus ensinamentos porque Ele nos ama e quer a nossa salvação.

A Paz , a graça, o amor de Cristo e as doces consolações do Espírito Santo sejam com Todos. Amém.

Texto - Guilhermino Domingues de Oliveira.

Oliveira, Guilhermino Domingues de, In Recanto das Letras – São Paulo, 18 de maio de 2014.

Consultoria – Ismar Albuquerque da Rocha

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