Homilia Pe. Ângelo Busnardo VII Dom. Comum (Sede Santos)
VII DOMINGO COMUM
23 / 02 / 2014
Lv.19,1-2.17-18 / 1Cor.3,16-23 / Mt.5,38-48
Deus é santo e quem quiser morar na casa dele precisa tornar-se santo: 1 O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2 “Fala a toda a comunidade dos israelitas e dize-lhes: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo (Lv.19,1-2). Isto é confirmado por Jesus: 48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito (Mt.5,48). Quem morrer em pecado mortal irá para o inferno e ficará definitivamente fora do céu. Quem morrer livre de pecados mortais mas não estiver totalmente puro passará por uma purificação no purgatório até se livrar de todas as imperfeições antes de entrar no céu.
Na convivência com as pessoas é inevitável que surjam discórdias e atritos que geram mágoas: 17 Não odieis a teu irmão no coração. Repreende o próximo para não te tornares culpado de pecado por causa dele. 18 Não te vingues nem guardes rancor contra teus compatriotas. Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor (Lv.19,17-18). Se uma pessoa é ofendida, fica inevitavelmente magoada. A mágoa não deve ser alimentada. Em si, a mágoa não é pecado. Mas se a mágoa for alimentada se torna rancor e o rancor alimentado se torna ódio e o ódio predispõe o indivíduo a matar a pessoa odiada. Portanto, quem alimenta a mágoa peca.
Aquele que magoa o próximo ofende a Deus. A pessoa ofendida, além de não alimentar a mágoa, na medida do possível, deve preocupar-se também com a salvação do indivíduo que a ofendeu: 17 Não odieis a teu irmão no coração. Repreende o próximo para não te tornares culpado de pecado por causa dele (Lv.19,17). Não podemos obrigar alguém a rejeitar o pecado, mas para não nos tornarmos culpados do pecado alheio, devemos tentar induzi-lo a evitar o pecado: 18 Se eu disser ao ímpio que ele deve morrer e não falares advertindo-o a respeito de sua conduta perversa, para que ele viva, o ímpio morrerá por própria culpa, mas eu te pedirei contas do seu sangue. 19 Se, porém, depois de advertires um ímpio, ele não se afastar da impiedade e de sua conduta perversa, morrerá por própria culpa, mas tu salvarás a vida (Ez.3,18-19). Jesus confirma o que foi dito por Ezequiel, afirmando que devemos até usar o auxílio de testemunhas para induzir o pecador a evitar o pecado: 15 Se teu irmão pecar, vai e censura-o pessoalmente. Se ele te ouvir, terás ganho teu irmão. 16 Se não te ouvir, leva contigo uma ou duas pessoas a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. 17 Se não as ouvir, vai dizê-lo à igreja. E, se não escutar a igreja, seja para ti como um pagão e pecador público (Mt.18,15-17).
O Antigo Testamento revelou separadamente o primeiro mandamento “amar a Deus” e o segundo mandamento “amar ao próximo”: 4 Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. 5 Amarás o Senhor teu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças (Dt.6,4). 18 Não te vingues nem guardes rancor contra teus compatriotas. Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor (Lv.19,18). Jesus colocou os dois mandamentos juntos, atrelando o segundo mandamento ao primeiro: 34 Quando os fariseus souberam que Jesus fizera calar os saduceus, juntaram-se em bloco. 35 E um deles, doutor da Lei, perguntou, para o testar: 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37 Jesus lhe respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. 38 Este é o maior e o primeiro mandamento. 39 Mas o segundo é semelhante a este: Amarás o próximo como a ti mesmo. 40 Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt.22,34-40). Jesus não afirma que o segundo mandamento é igual, mas que é semelhante ao primeiro. Apesar de semelhante ao primeiro, o segundo mandamento é infinitamente inferior ao primeiro, assim como Adão foi criado semelhante a Deus mas era infinitamente inferior ao Criador. Muitos ignoram a Deus mas respeitam o próximo e até distribuem algumas migalhas para os pobres, pensando que, para se salvar, basta cumprir o segundo mandamento. Estes, apesar de serem considerados bons aos olhos do mundo, se condenarão por não ter amado a Deus acima de si mesmos e acima do próximo. Quem não cumpre suas obrigações para com Deus, não o ama e se condenará mesmo que tenha amado o próximo durante esta vida.
A Santíssima Trindade habita naquele que recebeu um batismo válido e está em estado de graça, neste caso o corpo passa a ser templo de Deus: 16 Não sabeis que sois templo de Deus e o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém profanar o templo de Deus, Deus o destruirá. 17 Porque o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós (1Cor.3,16-17). Deus não convive com o pecado. Portanto, quem não se libertou do pecado original pelo batismo ou, apesar de ter recebido um batismo válido, vive em pecado mortal é uma simples criatura e não conta com a presença de Deus dentro de si.
Amar aqueles que não se comportam bem é difícil, porque, apesar de não serem mal intencionados, às vezes dizem ou fazem algo que não agrada. Mas Jesus ordena amar também aqueles que intencionalmente procuram nos prejudicar: 43 Ouvistes que foi dito: Amarás teu próximo e odiarás teu inimigo. 44 Pois eu vos digo: Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, 45 para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus. Porque ele faz nascer o sol para bons e maus, e chover sobre justos e injustos (Mt.5,43-45). Se quisermos morar com Deus, devemos aprender a conviver com os nossos inimigos durante esta vida.
Código : domin876
Ângelo José Busnardo
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