Homilia Pe. Ângelo Busnardo VI Dom. Comum( A justiça divina)
VI DOMINGO COMUM
16 / 02 / 2014
Eclo.15,16-21 / 1Cor.2,6-10 / Mt.5,17-37
Deus quer ser adorado por seres livres. A liberdade que Deus concedeu às suas criaturas é tal que elas podem voltar-se contra Ele. Deus criou os anjos para adorá-lo e servi-lo. Todos os anjos eram livres e foram criados para morar com Deus e serem plenamente felizes. Usando mal a própria liberdade, parte dos anjos se voltou contra Deus e se tornaram demônios. Deus criou o inferno e condenou os anjos rebeldes a um sofrimento sem fim no fogo. O fogo do inferno está à disposição também de todos os seres humanos que não fizerem a vontade de Deus durante a vida nesta terra.
Deus colocou à disposição de todos o caminho da salvação e o caminho da perdição para que todos os seres humanos decidam, durante esta vida, se querem morar no céu ou no inferno após a morte: 15 Se quiseres, podes observar os mandamentos: ser fiel depende da boa vontade. 16 Diante de ti pôs o fogo e a água: e tu estenderás a mão para onde quiseres. 17 Diante dos homens está a vida e a morte: a cada um será dado o que lhe agradar (Eclo.15,15-17). Deus quer a salvação de todos mas não obriga suas criaturas a aceitá-la: 20 A ninguém deu a ordem de ser ímpio; a ninguém deu permissão para pecar (Eclo.15,20).
O mundo considera sábio aquele que acumulou muito conhecimento, especialmente conhecimento que pode ser usado para produzir produtos úteis para a vida na terra. Como a vida na terra é curta, aquele que concentra seus esforços para melhorar a vida neste mundo possui uma sabedoria pobre que poderá ajudá-lo somente durante poucos anos. A sabedoria divina é superior e misteriosa porque direciona o sábio para aprender e ensinar aquilo que é útil para a salvação eterna: 6 Todavia, falamos entre os perfeitos uma sabedoria que não é deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que perecem. 7 Mas ensinamos uma sabedoria divina, misteriosa, escondida, predestinada por Deus antes dos séculos para nossa glória (1Cor.2,6-10). A sabedoria divina tem poucos adeptos porque a maioria das pessoas prefere concentrar seus esforços em busca do sucesso nesta vida.
Costuma-se afirmar que o Deus revelado pelo Antigo Testamento é um Deus severo e o Deus revelado por Jesus é um Pai Misericordioso. Na verdade Deus é imutável e não pode haver diferença entre o Deus do Antigo e do Novo Testamento. Mas o Deus revelado pelo Antigo Testamento é menos exigente que o Deus revelado por Jesus.
Jesus confirmou tudo aquilo que está no Antigo Testamento: 17 Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim abolir mas completar. 18 E eu vos garanto: enquanto não passar o céu e a terra, não passará um i ou um pontinho da Lei, sem que tudo se cumpra (Mt.5,17-18). Além de confirmar tudo aquilo que foi revelado no Antigo Testamento, Jesus exige um cumprimento mais rigoroso:
1. No Antigo Testamento era considerado assassino somente aquele que efetivamente matasse uma pessoa. Segundo Jesus quem se encolerizar contra o irmão e o insultar chamando-o “patife”, “tolo” será tratado por Deus com o mesmo rigor com que tratará aquele que matou o irmão: 21 Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; quem matar será réu de julgamento. 22 Pois eu vos digo: quem se encolerizar contra seu irmão será réu de julgamento. Quem chamar seu irmão de patife será réu perante o Sinédrio, e quem o chamar de tolo será réu do inferno de fogo (Mt.5,21-22).
No Antigo Testamento era considerado adúltero somente aquele que efetivamente tivesse relações sexuais com uma mulher casada com outro homem. Jesus afirmou que o Pai tratará como adúltero todo aquele que tentar seduzir uma mulher, mesmo que não consiga: 27 Ouvistes o que foi dito: Não cometerás adultério. 28 Pois eu vos digo: Todo aquele que lançar um olhar de cobiça sobre uma mulher, já cometeu adultério em seu coração (Mt.5,27).
Para demonstrar a severidade o Pai ao castigar, após a morte, no purgatório ou no inferno, aqueles que morrerem sem se purificar totalmente durante esta vida, Jesus afirmou que o sofrimento a que serão submetidos é maior do que a dor que sentiria aquele que cortasse mãos e pés e arrancasse os olhos sem anestesia: 29 Se teu olho direito te leva a pecar, arranca-o e joga longe de ti, pois é preferível perder um dos teus membros do que teu corpo inteiro ser lançado no inferno. 30 E se tua mão direita te leva a pecar, corta-a e joga longe de ti, pois é preferível perder um dos teus membros do que teu corpo inteiro ser lançado no inferno (Mt.5,29-30).
O Antigo Testamento permitia o divórcio: 1 Se um homem toma uma mulher e casa-se com ela e esta depois não lhe agrada porque descobriu nela algo de inconveniente, escreverá uma certidão de divórcio e assim despedirá a mulher. 2 Tendo saído da casa do marido, a mulher poderá casar com outro homem (Dt.24,1-2). Jesus afirmou que, pelo fato de Deus na origem ter criado somente um homem e uma mulher, não queria o divórcio: 4 Ele respondeu: “Não lestes que no princípio o Criador os fez (um) homem e (uma) mulher 5 e disse: Por isso o homem deixará o pai e a mãe para unir-se à sua mulher, e os dois serão uma só carne? 6 Assim, já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu” (Mt.19.4-6); 31 Também foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe certidão de divórcio. 32 Pois eu vos digo: Todo aquele que se divorciar de sua mulher – exceto em caso de ‘prostituição’– a faz cometer adultério; e quem se casar com ela comete adultério (Mt.5,31-32).
Aqueles que vivem em pecado mortal, para tranquilizar a própria consciência, acham que um Pai misericordioso não terá coragem de colocar no inferno suas criaturas. A misericórdia do Pai consiste no fato que Ele perdoa o pecador sinceramente arrependido que abandona a vida de pecado, se arrepende e confessa seus pecados durante a vida na terra. Com a morte do indivíduo acaba a misericórdia e entra a justiça de Deus.
Código : domin875
Ângelo José Busnardio
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