O PECADO É GOSTOSO...
Durante um tempo morou uma mulher na casa dos meus pais. Não sei por que ela foi morar lá, mas foi. Era uma mulher que me chamava atenção. Um belo dia estava sentado no chão da varanda da cozinha, fazendo uma pipa, e ela estava lavando umas roupas no tanque a uma distância de 2 metros, mais ou menos. Conforme o movimento que ela fazia eu tinha uma visão perturbadora para um adolescente. Fiz um gesto para ela e tive como resposta uma pergunta: “Você sabe o que é isso?”. Não poderia deixar de dizer que sim, e ouvi a sentença que me deixou mais agitado ainda: “Esta noite vamos ver se sabe mesmo”.
Na calada daquela noite ela veio deitar-se na minha cama dizendo que iria me ensinar o que o meu gesto queria dizer. Não sei quanto tempo demorou, mas foi o suficiente para eu ter uma aula, ao mesmo tempo, agradável e assustadora. Assustadora pelo medo de que meu pai, ou minha mãe, acordasse para ir ao banheiro ou beber água e descobrisse o que estava acontecendo.
Minha primeira experiência. E, sério, foi muito bom.
Se você esperava que eu fosse dizer que detestei, que aquilo era coisa do capeta, ou qualquer coisa nesse sentido, sinto muito. Foi muito bom.
Esse é o problema do pecado, ele é um negócio bom. O pecado promete e dá prazer instantâneo. É infalível. Tudo que cerca o pecado, principalmente na área sexual, é bem prazeroso. O Diabo não seria burro de usar uma coisa repugnante, feia, sem graça, que não prometesse muito prazer. O texto bíblico da tentação de Eva mostra isso de maneira clara quando diz que “a mulher viu que a árvore PARECIA AGRADÁVEL ao paladar, era ATRAENTE AOS OLHOS e, além disso, DESEJÁVEL ...” (Gn 3:6).
Preste atenção a este outro texto: “Da janela de minha casa olhei através da grade, e vi entre os inexperientes, no meio dos jovens, um rapaz sem juízo. Ele vinha pela rua, próximo à esquina de certa mulher, andando em direção a casa dela. Era crepúsculo, o entardecer do dia, chegavam as sombras da noite, crescia a escuridão. A mulher veio então ao seu encontro, vestida como prostituta, cheia de astúcia no coração. (Ela é espalhafatosa e provocadora, seus pés nunca param em casa; uma hora na rua, outra nas praças, em cada esquina fica à espreita.) Ela agarrou o rapaz, beijou-o e lhe disse descaradamente: “Tenho em casa carne dos sacrifícios de comunhão, que fiz para cumprir os meus votos. Por isso saí para encontra-lo; vim à sua procura e o encontrei! Estendi sobre o meu leito cobertas de linho fino do Egito. Perfumei a minha cama com mirra, aloés e canela. Venha, vamos embriagar-nos de carícias até o amanhecer; gozemos das delicias do amor! Pois o meu marido não está em casa; partiu para uma longa viagem. Levou uma bolsa cheia de prata e não voltará antes da lua cheia. Com a sedução das palavras o persuadiu, e o atraiu com o dulçor dos lábios” (Pv 7:6 a 21).
Fala sério, não é uma baita cantada? Qual homem não viajaria com uma oferta desta? Sua imaginação voaria a mil por hora, e iria ver o quarto todo prontinho para o amor; sentiria os cheiros que ela disse ter colocado na cama. O texto não diz se era uma mulher bonita, mas provavelmente sim. Com roupas bem sensuais, chega e dá-lhe um beijo. O texto de diz que “imediatamente ele a seguiu...” (PV 7:22). É lógico que ele a seguiu. Nem precisava ter escrito isso. É tentação demais. Talvez você esteja pensando: “Eu resistiria”. Eu lhe garanto que HOJE eu também resistiria. Mas, no meu tempo de adolescente, sinceramente, não posso dizer que sim. Não vou ser hipócrita. Provavelmente eu cairia.
Nos esquecemos de que um dia fomos adolescentes e jovens, e que fizemos coisas das quais nos envergonhamos, e na vontade de querer evitar a tragédia dos que estão ao nosso alcance passamos uma imagem de infalíveis para eles, jogando um peso enorme sobre seus ombros, fazendo-os se sentirem os piores seres do mundo. Uns fracotes, inconsequentes, terríveis pecadores que sofrerão o castigo eterno por que, em algum momento, como nós também, caíram em uma cilada. Sempre pintamos o Diabo com cores vermelhas, pavorosas. Mas sabemos que não é assim. Ele tem as cores que agradam nossos olhos. Tem os sabores que saciam nosso apetite. Tem os cheiros que nos embriagam.
Assim, se você parar para pensar, vai perceber que não estou muito longe da razão. As coisas acontecem assim. A Palavra de Deus nos mostra uma grande quantidade de servos usados por Deus, que mesmo enquanto trabalhavam sob a direção de Deus, tropeçavam feio e caiam profundamente nessas armadilhas tão bem armadas pelo nosso inimigo.
Conta-se que três amigos disputavam para ver quem conseguiria chegar o mais próximo possível de um precipício, e que um deles disse que chegaria até dois passos de distância; um segundo, até um passo; o terceiro, porém, disse que ele preferia ficar o mais longe possível para evitar qualquer problema. É apenas uma história, provavelmente criada por alguém para ilustrar uma atitude correta que devemos ter.
O livro de Provérbios nos avisa que “há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte” (Pv 14:12). O melhor que podemos fazer é evitar a proximidade do precipício, pois basta uma escorregadinha para ser o fim. Como nos ensina Tiago: “Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte” (Tg 1:14,15). A nossa inclinação nos leva a desejar, e o fato de estarmos próximo ao abismo, nos faz cair nele, e a morte é a consequência. Por isso é melhor evitar a proximidade com o abismo.
O pecado é gostoso sim, mas as consequências dele são extremamente desastrosas. Por isso não dá para brincar com ele. Dizem que quem brinca com fogo se queima. Tenho certeza que quem brinca com o pecado acaba pecando. Não dá para andar muito perto dele sem pisar em suas trilhas. Somos fracos, suscetíveis a queda, falíveis sim senhor. Não temos forças para resistir. Mas Deus nos dá a garantia que podemos resistir. Tiago nos avisa: “Submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4:7). A resistência só é possível com a submissão a Deus. Através de Isaías Deus nos promete a vitória quando diz que “eu sou o Senhor, o seu Deus, que o segura pela mão direita e lhe diz: "Não tema eu o ajudarei” (Is 41:13).
Não se engane. O pecado é gostoso sim, e por isso só com a ajuda de Deus, com a submissão total a Ele, seremos capazes de resistir, pois já não seremos mais nós, mas o Espírito Santo que habita em nós que fará a resistência.