Homilia Pe. Ângelo Busnardo V Domingo Comum.

V DOMINGO COMUM

09 / 02 / 2014

Is.58,7-10 / 1Cor.2,1-5 / Mt.5,13-16

Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres sem teto! Quando vires um homem sem roupa, veste-o e não te recuses a ajudar o próximo! (Is.58,7). Isaías sugere que se ajude os pobres sem se preocupar com a fidelidade religiosa das pessoas pobres. Entre os judeus não havia pessoas infiéis. Tanto os pobres como os ricos eram obrigados a cumprir as leis religiosas vigentes no país. Quem desrespeitasse as leis religiosas israelitas era sumariamente apedrejado:

Foi o que aconteceu com o homem apanhado recolhendo lenha num sábado durante a travessia do deserto: 32 Enquanto os israelitas se achavam no deserto, um homem foi surpreendido apanhando lenha num sábado. 33 Os que o surpreenderam apanhando lenha, levaram-no a Moisés, Aarão e toda a comunidade. 34 Como não se decidiu o que fazer com ele, deixaram-no sob custódia. 35 Então o Senhor disse a Moisés: “Este homem deve ser condenado à morte. A comunidade toda o apedrejará fora do acampamento”. 36 Toda a comunidade o conduziu para fora do acampamento e o apedrejou até morrer, como o Senhor tinha mandado a Moisés (Nm.15.32-36).

O mesmo aconteceu com um filho de mulher israelita e de um egípcio que blasfemou contra o nome de Deus: 10 O filho de uma israelita com pai egípcio, saiu de casa e se encontrava entre os israelitas. No acampamento o filho da israelita brigou com um homem israelita, 11 e blasfemou o santo nome, amaldiçoando-o. Levaram-no a Moisés. (A mãe dele chamava-se Salomit filha de Dabri, da tribo de Dã). 12 Deixaram-no preso até que se tomasse uma decisão por ordem do Senhor. 13 Então o Senhor falou a Moisés, dizendo: 14 “Faze sair o blasfemador para fora do acampamento. Todos os que o ouviram, ponham-lhe a mão sobre a cabeça e a comunidade toda o apedrejará. 15 Depois falarás aos israelitas, dizendo: Quem amaldiçoar a Deus deverá pagar pelo pecado. 16 E quem blasfemar o nome do Senhor será punido de morte. A comunidade toda o apedrejará. Seja estrangeiro ou natural do país, deverá morrer quem blasfemar o nome do Senhor (Lv.24,10-16).

Portanto, em Israel, devia-se ajudar as pessoas pobres sem verificar se cumpriam suas obrigações religiosas.

Ao responder aos enviados de João Batista, Jesus indicou como prova que Ele era o verdadeiro Messias o fato de evangelizar os pobres: 2 No cárcere João ouviu falar das obras de Cristo e lhe enviou seus discípulos 3 para lhe perguntarem: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” 4 Jesus lhes respondeu: “Ide anunciar a João o que ouvis e vedes: 5os cegos vêem e os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados (Mt.11,2-5).

Os primeiros cristãos, seguindo a orientação de Jesus, restringiam a ajuda material aos pobres convertidos que faziam parte das comunidades: 34 Não havia entre eles indigentes. Os proprietários de campos ou casas vendiam tudo 35 e iam depositar o preço do vendido aos pés dos apóstolos. Repartia-se, então, a cada um segundo sua necessidade (At.4,34). Os pobres que se tinham convertido e faziam parte da comunidade eram ajudados materialmente. Não se diz que os cristãos fossem ajudar pobres não convertidos.

Hoje não podemos aplicar literalmente o que Isaías anunciou e ajudar toda pessoa que estiver passando necessidade. Devemos distinguir a caridade da filantropia. A Caridade visa em primeiro lugar salvar a alma que é infinitamente superior ao corpo. Se o pobre não quer salvar a alma é melhor deixá-lo sofrendo para que chegue no inferno habituado a sofrer. Quem ajuda um pobre sem exigir que se converta está trabalhando para satanás e não para Deus e não está praticando a caridade, mas a filantropia. A filantropia só serve para engordar bodes e cabras para a churrascaria de Belzebu.

Quem consagra a vida a Deus para o anúncio do Evangelho deve concentrar seus esforços para a salvação das almas e apresentar-se como ministro dos mistérios de Deus: 1 Assim os homens vejam em nós ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. 2 Quanto ao mais, o que dos administradores se exige é que sejam fiéis (1Cor.4,1-2). Os mistérios de Cristo devem ser administrados com fidelidade. O mistério da salvação está ligado aos sacramentos. Sem receber os sacramentos instituídos por Jesus e confiados exclusivamente à Igreja Católica por Ele fundada ninguém se salva. Mas mesmo aquele que recebe os sacramentos distribuídos pela Igreja Católica pode se condenar e levar à condenação o ministro que os distribuiu. Para que um sacramento possa salvar é necessário que aquele que o recebe cumpra as exigências estabelecidas para cada sacramento. Quem recebe a Eucaristia em pecado mortal transforma Jesus num instrumento de condenação e se condena. Quem recebe o sacramento do matrimônio em pecado mortal também comete um sacrilégio e se condena. O ministro que distribui sacramentos sacrílegos é um ministro infiel e comete um pecado maior do que o próprio indivíduo a quem ele conferiu o sacramento sacrílego. Quem assinou a sentença de morte de Jesus foi Pilatos. Mas quem induziu Pilatos a assinar uma sentença de morte contra o Filho de Deus foi o sumo sacerdote e a quadrilha que o assessorava. Jesus disse a Pilatos que aquele que o induziu a assinar a sentença de morte cometeu um pecado maior do que ele: 11 Jesus lhe respondeu: “Não terias nenhum poder sobre mim se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior” (Jo.19,11). Assim também o ministro infiel que induz uma pessoa a receber um sacramento sacrílego comete um pecado maior do que a pessoa que recebe o sacramento sacrílego e, se não se arrependerem e confessarem em tempo, irão os dois para o inferno.

Há ministros que, apelando para afirmações de Jesus que proíbem julgar, dizem que não se podem negar os sacramentos a ninguém: 3 Quanto a mim, mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por qualquer tribunal humano, pois nem a mim mesmo me julgo. 4 Certo que de nada me acusa a consciência, mas nem por isso me creio justificado; quem me julga é o Senhor.5 Também vós, pois, não julgueis antes do tempo, enquanto não vier o Senhor, que iluminará os esconderijos das trevas e tornará manifestos os propósitos dos corações, e então cada um terá o louvor de Deus (1Cor.4,3-5). Um membro da comunidade não deve julgar outro membro da comunidade. Mas o ministro a quem compete a distribuição dos sacramentos é forçado a julgar mesmo que se recuse a expressar um julgamento. Se um casal pede o sacramento do matrimônio e o ministro lhe fornecer o sacramento, mesmo sem ter expressado um julgamento, tal ministro julgou que o casal estava em estado de graça, porque o sacramento do matrimônio só serve para a salvação se casal que o recebe está em estado de graça. Se o sacramento for recusado, apesar de não ter expressado um julgamento, o ministro julgou que o casal não estava em condições de receber o matrimônio para a salvação. Portanto, o ministro a quem compete a distribuição dos sacramentos, no exercício da sua função, não pode evitar de julgar.

Se o católico for fiel e autêntico, necessariamente influenciará o local onde vive, estuda ou trabalha e se não exerce influência alguma é porque não é um verdadeiro católico: 13 Vós sois o sal da terra. Mas se o sal perder o gosto salgado, com o que se há de salgar? Já não servirá para nada, apenas para ser jogado fora e pisado pelas pessoas (Mt.5,13). A influência exercida pelas palavras, pelas atitudes e pela fidelidade de um verdadeiro católico sobre o ambiente em que vive, estuda ou trabalha deve chamar a atenção não para o indivíduo mas para o Deus que ele adora: 14 Vós sois a luz do mundo. Não é possível esconder uma cidade situada sobre um monte, 15 nem se acende uma lamparina para se pôr debaixo de uma vasilha, mas num candelabro, para que ilumine todos os da casa. 16 É assim que deve brilhar vossa luz diante das pessoas, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus (Mt.5,14-16).

Código : domin874

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo
Enviado por Joanne em 05/02/2014
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