JESUS PODE ME PERDOAR, E VOCÊ, PODE?
Paulo Sergio Larios
Essa fala não é sobre mim, mas é genérica.
Conheço um casal de pastores, em que o marido desviou-se e voltou às drogas. A coisa de dois anos houve uma discussão entre nós e ele nunca mais falou comigo. Eu gosto dele, eu gosto do casal. O irmão nunca me perdoou pela discussão, nãos sei também se essa é uma estratégia para que eu não lhe fale sobre a droga, pode ser, de qualquer maneira não voltamos a nos falar. O irmão é daquelas pessoas rústicas e na ativa mostrou-se bastante fanático. À época em que o casal foi ungido a pastores, os dois estavam na ativa, pregando, felizes na Igreja onde congregavam, o Pastor Mariano, um líder que virou amigo, acredita que a unção dos dois acabou com eles. Eles eram membros da Igreja que estavam fazendo o seu serviço e bem, ai alguém decidiu ungi-los a pastores e enterrou o ministério dos dois. Aqui a dois fatos, um é Guerra Espiritual e o outro é a má escolha que alguns lideres fazem.
Tem gente que ainda não entendeu, que enfrentamos demônios. Eu explico a coisa assim: se o cara é um recém convertido e ora pela sua vida, ele enfrenta um demoniozinho qualquer, um pé rapado, um soldado raso do inimigo qualquer, com seu poder de fogo limitadíssimo. Se o cara já tem um ministério e ora pelo seu bairro e vai ganhando almas em oração e tendo respostas de Deus, ai é-lhe designado um demônio de um porte maior. Mas se o cara está orando por São Paulo, Rio, Minas e pelo Brasil inteiro, ele tem unção de pastor, autoridade nacional. Pra esse cara que ora bem e está mexendo com peixe grande, designam-lhe príncipes dos Estados e potestades nacionais. Mas se o cara está orando por vários órgãos internacionais, como o Portas Abertas e vai orando pelo Iraque, Israel, Inglaterra, França, Alemanha e mais um monte de países que Deus coloca em seu espírito, esse cara tem unção de missionário, mesmo não tendo o cargo – ainda – ungido pela Igreja. Ou seja, as orações, assim como o serviço ministerial que poderemos estar exercendo, mexe com certa casta de demônios e o casal de pastores a que me refiro, não agüentou os principados e as potestades que vieram atacá-los. A pastora não exerce mais o cargo e o marido, pastor voltou às drogas. Na época ele perdeu o emprego, quase a família, hoje ele está trabalhando num subemprego. E o casal não está firme. Entendeu que não dá pra ir ungindo qualquer um assim, de qualquer jeito? E não é de maneira alguma a questão da pessoa ter cursos de Teologia, ou não, mas de ter experiências com Deus. Deus não olha como nós olhamos.
Eu conheço um obreiro pela sua oração, mais do que pela sua fala.
Se alguém se destacar como pregador na Igreja já vão ungido o cara às pressas a pastor. Por isso que temos uma leva de pastores medíocres nos quatro cantos da terra. A função do Pastor é pastorear, ser dirigente, administrador, visionário, tem obrigação de saber lidar com ovelhas e tratá-las, se o pastor for pregador também – o que é outra função ministerial – muito bem, é lucro para a Igreja. Tem pastor que é pregador, mas nem todo pregador é pastor, ou o pode ser. A liderança, em quase todas as igrejas, tem muita pressa em preencher seus espaços vazios e é de tamanho bíblico a falta de bons obreiros. Mas no caso de pastores, especificamente, pode ser que a liderança esteja olhando para pastores e pastoras em suas fileiras e não consegue enxergá-los. A base pra isso é o seguinte: O que é um pastor? E o que é um pregador? A Igreja procura pastores ou procura pregadores? É lógico que de preferência se unir as duas coisas é melhor.
No caso do irmão pastor, meu conhecido, ele não pôde me perdoar, mas Jesus já perdoou, a mim e a ele, e isso antes da fundação do mundo e sacramentado legalmente na Cruz, a dois mil anos.
No caso de nós dois, em que devido à enormidade do problema, à época ele nas drogas, a esposa pedindo orações e ajuda pra mim, o casal se desfacelando, talvez até ciúmes da parte dele, ou aquela sensação de não se meta com a minha vida, um dia cortou-se relações. Eu continuo a orar por eles, para que Deus os levante e abençoe.
Mas Jesus me perdoou, e você, pode? É uma daquelas perguntas que expõe a maturidade cristã, se ela realmente existe. Falamos muito e bonito do amor cristão, mas o mesmo tem que ser usado na hora em que tem que ser usado. Falar de amor é uma coisa, amar é outra, bem diferente. Jesus me perdoou, e você, pode? É uma pergunta invertida, propositalmente, para quem sabe despertar algo em nós. E sobre mim, eu posso perdoar? Eu aprendi a perdoar? É o que devemos perguntar a nós mesmos.
É lógico que todo ato tem uma conseqüência, boa ou não. Existem pessoas que vão causando mal atrás de mal e a convivência com essas pessoas renitentes vai ficando insuportável, ai eu aconselho a sair de perto de tais pessoas. A Missionária Mailde já nos ministrou excelentemente um dia, para tomarmos cuidado com quem está do nosso lado. Certa vez ouvi uma Palavra que veio mudar alguns dos meus conceitos. Jesus mandou os discípulos atravessar o Mar da Galiléia, e na Palavra o pregador dizia que existem pessoas que Jesus quer que cheguem também do outro lado, mas só que ele no barco dele e você no seu. Por mais que gostemos de algumas pessoas, algumas tem a capacidade de nos fazer muito mal, porque são pessoas que gostaríamos de escutar, mas não dá. Como a minha mãe, que desviada da Assembléia de Deus, hoje ouve vozes de espíritos superiores. E pior é que ela conversa com essas vozes. Demorou mas a proibi de vir em casa, tentei evangelizá-la, ela aceitou Jesus de novo, mas não ficou firme, voltou aos seus espíritos que lhe dizem o que ela deve fazer, em todos os momentos da sua vida. Eu a proibi de vir à minha casa porque ela está endemoniada. Eu gosto dela, é claro, mas assim também não dá. Sinto muito, ela que chegue do outro lado, com o barco dela, eu vou seguindo com a minha família no nosso. E Jesus que cuide de todos nós. Por causa da minha mãe, os meus irmãos não conversam mais comigo, eles não compreendem que a minha mãe está endemoniada. Eles não podem me perdoar, mas eu posso e abençôo todos eles, e que Deus os faça entender o que está acontecendo, um dia.
Tem um monte de crente - cristãos não fazem isso – que não aprenderam a perdoar. Se chacoalharmos a Igreja e ver quem tem uma rixazinha contra o outro nas nossas congregações, praticamente não sobra um.
Um dia perguntaram: Você como pregador e ministro do evangelho, ama todos os irmãos da Igreja? É claro que não, é a única resposta. Pra amar você tem que chegar perto, conviver, descobrir. Como é que alguém pode amar quem não conhece? Amar leva tempo e disposição. O contrário é verdade também, sabia, podemos perder o amor por alguém. É fácil, é só ir pisando na bola sem parar, constantemente, que um dia o amor acaba. Eu não gosto de um monte de gente, assim como gosto de outro tanto.
Esse negócio também, que pastor ama todo mundo é mentira. Posso até conviver com você, aturar você, mas gostar e mais: amar, só com convivência, com educação, com carinho, com o tempo.
Eu posso perdoar, pois sei teologicamente e na convivência diária com meu Deus, que Ele me perdoa, sempre, até quando não mereço, o que é misericórdia. E a você também. É lógico também que Deus é justo e tudo tem conseqüências. E abençoado é o homem que Deus encobre suas trangressões. É a questão do amor de Deus que nos constrange. De um lado um miserável, sempre praticando o erro e do outro Deus, que é Amor Incondicional, sempre disposto a perdoar, a pesar de nós mesmos.
E se você foi alcançado pelo perdão de Deus, fica mais fácil entender que o perdão não é nosso, mas dele, emprestado a nós. Talvez algumas pessoas eu não consigo perdoar com o meu perdão, a minha dose de perdão, que eu tenho, mas com o perdão de Deus, com a dose dEle, ai fica mais fácil. E ai também eu não posso negar o perdão emprestado e só nos resta perdoar... a todos.