Homilia Pe. Ângelo Busnardo III Dom. Comum.

III DOMINGO COMUM

26 / 01 / 2014

Is.8,23b-9,3 / 1Cor.1,10-13.17 / Mt.4,12-23

A luz não existe para ser vista mas para permitir a visão. Num ambiente mergulhado em total escuridão nada se pode ver. Se neste mesmo ambiente for acesa uma luz, poder-se-á ver os objetos e as pessoas que estão no lugar. Um microscópio pode ser considerado uma luz porque, através dele, podem-se ver seres minúsculos que são invisíveis a olho nu. Um telescópio pode ser considerado uma luz porque, através dele, podem ser vistos objetos distantes que estão fora do alcance da visão sem ele.

Jesus é a luz do mundo: 5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo.9,5). Como não temos acesso sensível ao Pai, não podemos perguntar-lhe qual é a vontade dele a nosso respeito. Jesus veio de junto do Pai e, através dele, podemos saber qual é a vontade do Pai a nosso respeito. Jesus é a luz do mundo porque, vindo do lado do Pai, nos revelou o que devemos fazer agora para agradar o Pai e nos salvar.

A região destinada às tribos de Zabulon e Neftali, no tempo de Jesus, era habitada por numerosos pagãos a ponto de a idolatria se sobrepor ao culto hebreu. Por isto era considerada uma região mergulhada nas trevas. Isaías previu que uma grande luz dissiparia aquelas trevas: 1 O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz. Sobre os que habitavam a terra da sombra, brilhou uma luz (Is.9,1). A luz anunciada por Isaías é Jesus. Foi em Cafarnaum que Jesus começou o anúncio da Boa Nova. Portanto, aquela região que estava mergulhada no paganismo e na idolatria foi a primeira região a receber a mensagem divina anunciada pelo Messias.

Os cristãos devem zelar para que haja união entre os membros da comunidade. Opiniões divergentes que não atingem a essência da fé não devem ser motivo para divisões entre os membros de uma comunidade: 11 Isto, irmãos, digo porque pelos familiares de Cloé eu soube que há entre vós discórdias. 12 Com isto entendo que cada um de vós diz: “Eu sou de Paulo”, “eu de Apolo”, “eu de Cefas”, “eu de Cristo”. 13 Está Cristo dividido? Ou foi Paulo crucificado por vós, ou fostes batizados para o nome de Paulo? (1Cor.1,11-13). Os motivos da discórdia não atingiam pontos essenciais da fé. Por isto, deviam ser ignorados em nome da unidade dos membros da comunidade. Se a discórdia fosse gerada por alguém que negasse algum ponto essencial da fé, a orientação da São Paulo seria diferente. Se alguém negasse que Jesus é o Messias ou dissesse que Jesus não esta presente numa hóstia consagrada, São Paulo teria mandado expulsá-lo da comunidade e não teria orientado a tolerar o erro para preservar a unidade dos membros da comunidade.

Jesus se encarnou para salvar as almas. Por isto, o anúncio do Evangelho começa com um convite para a conversão: 17 Desde então Jesus começou a pregar e a dizer: “Convertei-vos, pois o reino dos céus está próximo” (Mt.4,17). Sem uma mudança radical da vida para fazer na terra a vontade de Deus não há salvação. Ao mesmo tempo em que Jesus apela para uma mudança de vida anuncia também a proximidade do reino de Deus. O reino de Deus aqui anunciado é a Igreja Católica que Jesus fundará na última ceia ao substituir o sacrifício do cordeiro animal pelo sacrifício de si mesmo, o Cordeiro de Deus, perpetuado através da Eucaristia.

Quando Jesus começou a vida pública estava em vigor a igreja do Antigo Testamento sob a jurisdição dos eclesiásticos de Jerusalém que também Jesus chama de reino de Deus e avisa que será substituída: 43 Por isso eu vos digo: O reino de Deus (a igreja do Antigo Testamento) será tirado de vós e será dado a um povo que produza os devidos frutos. 44 Aquele que cair sobre esta pedra ficará despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será esmagado” (Mt.21,43-44). Se os sacerdotes do templo tivessem reconhecido que Jesus era o verdadeiro Messias e se tivessem unido a Ele e o tivesse colocado no lugar do sumo sacerdote, após tê-los submetido a uma rigorosa purificação, os teria utilizado para evangelizar o mundo. Substituindo o sacrifício do cordeiro animal pela Eucaristia, o reino de Deus do Antigo Testamento (a igreja do Antigo Testamento) teria sido transformada no reino de Deus do Novo Testamento (a Igreja Católica). Havia vinte e quatro equipes de sacerdotes servindo o templo de Jerusalém num total que certamente ultrapassava duzentos e quarenta sacerdotes. Todos viviam com as suas famílias às custas do serviço no templo. Como Jesus não demonstrava nenhuma preocupação com dinheiro, o medo de perder o emprego e as mordomias deve ter pesado muito na decisão de rejeitar Jesus.

Desde o começo da sua vida pública, Jesus se preocupou com a continuidade da sua obra assim que a sua missão na terra tivesse acabado. Para isto, escolheu homens para serem preparados para continuar o anúncio do Evangelho: 18 Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. 19 Jesus lhes disse: “Vinde comigo, e eu farei de vós pescadores de gente”. 20 Deixando imediatamente as redes, eles o seguiram. 21 Indo mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Juntamente com seu pai Zebedeu, consertavam as redes no barco. Jesus os chamou. 22 Eles prontamente deixaram o barco e o pai, e o seguiram (Mt.4,18-22). Se os sacerdotes do templo de Jerusalém tivessem aceitado Jesus, certamente teriam sido eles os escolhidos para anunciar o Evangelho, pois eles tinham muito mais preparo que os pescadores da Galileia. Mas para Deus são mais úteis homens fiéis do que homens intelectualmente preparados.

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo
Enviado por Joanne em 22/01/2014
Reeditado em 22/01/2014
Código do texto: T4660231
Classificação de conteúdo: seguro