SILÊNCIO*

Não sei meditar, não sei fazer silêncio, são tantas as distrações, os ruídos as rusgas... Ás vezes penso e ir para o campo. Aqui na cidade não conheço a chuva, não conheço as árvores, aqui sou um estranho, mas lá sou amigo do dia e da noite, e também vou dormir porque aprendi a dormir novamente. Os ruídos da cidade são egocêntricos e a ambição das maquinas, insone. Não posso meditar onde se despreza a chuva, o dia e a noite. Em vez de ouvir o silêncio, as pessoas da cidade preferem erguer um mundo fora do mundo... Um mundo de ficções mecatrônicas numa pseudo-realidade facebookiana que avilta a natureza e impede o ser humano de meditar. Meditar é fazer silêncio, meditar é estar imóvel, meditar é ruminar e esperar. Na cidade a ansiedade é saciedade, é satisfação, é busca desesperada pelo resultado e pelo termo, quer real ou virtual. Meditar é não esperar pelo resultado, é esvaziar a xícara de chá e permanecer neste vazio para que seja completado pela chuva, pelo dia e pela noite.

*Texto inspirado nas meditações de Thomas Merton.