Na moral

O professor Antônio Neves de Mesquita em seu ótimo livro Povos e Nações do Mundo Antigo faz-nos observar que o politeísmo não precede ao monoteísmo. A adoração ao único Deus verdadeiro inicia-se com Enos (Gn 4.26), mas, como era de se esperar, o homem buscou alternativas para sua sede de relacionar-se com o sobrenatural.

O eminente professor registra que a adoração a deuses estranhos cresceu, sobretudo, à medida que o homem observava os fenômenos da natureza. Por exemplo, quando alguém observava que as fases da lua influenciavam na cheia das marés e no fluxo dos rios, preferia devotar reverência à lua a reconhecer que Deus tudo criara. Vejamos a advertência de Moisés a respeito da prática que era tão comum naquele tempo:

Que não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus; e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o Senhor teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus. (Dt 4 : 19)

A “adoração alternativa” não era gratuita. Na verdade, o homem, na maioria das vezes, se relaciona com o sobrenatural com segundas intenções. Quando Jesus fala de “verdadeiros adoradores”, penso que isso consolida a ideia de que adorador é aquele que não depende do favor dos céus para se inclinar em adoração. A adoração precede o favor. Mas, voltando à “adoração alternativa”, vemos que ela decorria da necessidade de subsistência. A adoração à lua, bem como a qualquer outro deus, atendia a pelo menos duas exigências: aplacar a ira da divindade e invocar seu favor. A partir dessa percepção equivocada, não mais houve limites para a criatividade humana na adoração a deuses para todo gosto e modelo. Assim, se conclui que tivemos o monoteísmo, depois a adoração a dois, três, quatro deuses e assim por diante.

Já o ateísmo vem do racionalismo. Nega a existência de qualquer divindade. Crê no uso da razão para a explicação de qualquer coisa. Os ateus zombam do politeísmo assim como nós, mas também zombam do Deus a quem adoramos e servimos. Consideram Jesus como fato histórico – porém, morto e sepultado. Quando a Bíblia os chama de néscios (Sl 14.1), o faz no mesmo contexto em que declara a inutilidade de todos os homens. O vs. 3 do mesmo Salmo diz: “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um”. O Salmo é doutrinário, posto que Paulo se vale dele para fundamentar a doutrina da depravação total em Romanos 3. 12.

Nesse sentido, monoteístas, politeístas ou ateístas estão todos debaixo da ira de Deus, até que se voltem a Ele, cujo Caminho único se dá pela pessoa de Jesus Cristo, que é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do Ser de Deus, além de sustentar todas as coisas pela palavra de seu poder e de ter herdado nome mais excelente que qualquer dos anjos.

O próximo texto deverá dispor sobre convergências entre o cristianismo moderninho – que nada mais é que um cristianismo alternativo - e o ateísmo; isso se Deus o permitir.

davitardim.blogspot.com.br