A Fábula dos Lobos
 
(MATEUS 10.16)Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas.
 
Nas cores incertas do mundo, há uma escolha justa ao que migra à liberdade: querer ser lobo ou cordeiro.
O que somos nós, qual é a nossa escolha?
Em certo desdobramento no astral, deparei-me com uma pessoa de minha estima, já desencarnada, da qual reclamei pela longa ausência. Após conversarmos, atrevi-lhe a fazer uma pergunta. O que me motivou foi o terrível quadro que muitos familiares viviam, sendo alguns assombrados por doenças, cirurgias, problemas financeiros e demais vicissitudes que este globo nos sujeita a enfrentar. Diante daquele ser que me ama, atrevi-me a perguntar em uma curiosidade mórbida e humana:
- Quem, dentre os meus parentes, encontra-se em maior perigo?
A resposta assombrou-me e, então, lembrei que o melhor deveria ter permanecido calado:
- Você, dentre todos os de sua família, é o que se encontra em maior perigo.
Quedei-me no desconsolo. O impacto da resposta foi tal e me veio uma descarga de adrenalina tão intensa que despertei do sono. Fiquei sentado na cama e pus-me a refletir naquela devastadora revelação.
Passei mais de uma semana calado e taciturno vindo a preocupar os mais íntimos.
- É uma questão minha, dizia-lhes, o que era a mais cristalina verdade.
Fui descobrindo, com o passar dos dias, por que me encontrava naquela devastadora situação. Estou em perigo, por que sei das verdades celestiais e não as aplico. Por que conheço o que deveria viver e não vivo. Estou entre os lobos, vivendo minha vida de lobo e estou satisfeito com a mesma.
Os lobos comem o que querem e quando querem, bebem, tomam das fêmeas e dos machos e os possuem quando se lhes apraz. Assistem, dançam, ouvem e cantam suas músicas e festejam até se cansar, mas nunca estão saciados querendo sempre mais e mais.
O cordeiro, no entanto, é simples, manso e pacífico e se contenta com pouco. Come tanto da grama verde quanto da grama seca. Se faz frio, aquece-se com sua manta natural e se faz calor, busca a sombra e espera prudente.
Quando o lobo se aproxima do cordeiro e lhe ameaça devorar, este lhe diz::
- Irá me devorar hoje, mas o que comerá amanhã?
O lobo não quer saber e devora o cordeiro. Depois, devorará outros lobos e quando nada mais houver para ser devorado, devorará sua própria carne e estará para sempre insatisfeito vivendo no covil escuro onde os lobos vivem.
O cordeiro, ao contrário, se elevará às nuvens, pastará para sempre feliz e completo, sem maiores necessidades, nas searas da felicidade suprema do eterno...
Quer saber se és um cordeiro ou lobo?
Analisa como esta fábula te bateu.
Se a considerares pueril e vaga, inútil até, continue feliz em teu traje de lobo, pois até os lobos podem ser felizes, mas não poderão reclamar da escuridão e da podridão que cercará suas vidas de lobo.
Se tais palavras te incomodarão, gerando uma certa onda de tristeza, estás a um passo de largar a pele de lobo e buscar vestir a de cordeiro.
Se chorares, bendito seja, pois já vestistes a de cordeiro.
Poucos irão chorar, pois todos nós, juntos, estamos em perigo!
Namastê!