Homilia Pe. Ângelo Busnardo (A Sagrada Família de Nazaré)

A SAGRADA FAMÍLIA

Eclo.3,3-7.14-17 / Cl.3,12-21 / Mt.2,13-15.19-23

A família ideal é aquela constituída de um homem, uma mulher e filhos unidos pelo vínculo do amor. É comum, porém, um homem e uma mulher se juntarem para formar uma família sem ter o amor como vínculo principal: há mulheres que, sem sentir amor por ele, casam com um homem para livrar-se da solidão, para evitar de ficar solteiras, porque o pretendente tem dinheiro, ou porque querem sair de casa e têm medo de enfrentar a vida sozinhas; há também homens que se juntam com uma mulher sem sentir amor por ela. Há também casais que se unem por amor, mas que estão irregulares perante Deus por recusarem o sacramento do matrimônio ou por não poderem recebê-lo por ter saído de matrimônios anteriores desfeitos.

É certo que não faltava verdadeiro amor entre José, Maria e Jesus. Mas José, Maria e Jesus não constituíam uma família normal no conceito humano. Um homem e uma mulher que se amam contraem o sacramento do matrimônio com o objetivo de ter filhos. Maria tinha feito um voto de virgindade, portanto, tinha decidido não ter filhos. Na época, toda mulher sadia em idade reprodutiva era obrigada a ter filhos, porque morriam muitos homens jovens na guerra e o país precisava de uma reprodução acelerada para evitar de ser aniquilado pelos povos vizinhos. Ao chegar a idade reprodutiva, a mulher que não tivesse marido era colocada junto com um homem, mesmo que o indivíduo tivesse outras mulheres, para engravidar e reproduzir. Para conservar o voto de virgindade, Maria foi forçada a procurar um homem que concordasse em casar e viver com ela sem ter relações sexuais. José concordou em casar com Maria e viver com ela, respeitando o voto de virgindade dela. Portanto, Maria e José formavam uma família estruturada no vínculo do amor, mas que excluía a reprodução.

Maria e José formavam exatamente a família que Deus precisava para formar um corpo para a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que precisava vir ao mundo para resgatar a humanidade. Como pessoa divina, Jesus é eterno. Como Ele existia antes de se encarnar, Jesus precisava apenas do corpo de uma mulher para tornar-se homem. Nós precisamos de um homem e de uma mulher para ser gerados, porque não existíamos previamente. A nossa alma foi criada por Deus no momento da conceição: 17 Mas ele respondeu-lhes: “Meu Pai continua trabalhando até agora e eu também trabalho” (Cf.Jo.5,17). A função do Pai é criar. Se houver uma mulher ficando grávida agora e certamente há, Deus está criando a alma do filho daquela mulher. É o corpo da mulher que forma o corpo da criança após engravidar. Para formar o corpo de Jesus era necessário somente o corpo de uma mulher. Mas a mulher que formaria o corpo de Jesus precisava ser virgem e estar numa situação regular perante as normas eclesiásticas vigentes. Maria era virgem e estava casada. Portanto, preenchia os requisitos necessários para ser a mãe do Messias.

Pelo fato de José e Maria contarem com a presença de Jesus não foram eximidos de sofrimentos e contratempos. Jesus nasceu em Belém durante uma viagem e, por falta de lugar nas hospedarias da cidade, numa estrebaria. Para escapar de uma tentativa de morte por parte do rei Herodes, Maria e José tiveram que fugir para o Egito. Na volta do Egito, como a vida de Jesus ainda corria risco por causa do filho de Herodes, José e Maria não puderam fixar-se em Belém e precisaram estabelecer-se em Nazaré. Ao completar doze anos, sem avisar José e Maria, Jesus, que precisava obedecer primeiro ao Pai eterno, ficou em Jerusalém para dar uma chacoalhada naqueles sacerdotes e doutores medíocres que liam as profecias mas eram incapazes de compreendê-las.

Para amparar uma mulher que era apenas formalmente sua esposa e um menino do qual ele não era pai, José precisou desmontar e montar sua oficina diversas vezes. José morreu antes de Jesus começar a vida pública. Portanto, quando tudo parecia se ter normalizado, José foi enviado para a mansão dos mortos para aguardar a ressurreição de Jesus para entrar no céu.

Hoje, as famílias se desfazem sem motivos reais. O egoísmo, a falsidade, a arrogância e a imoralidade por parte de um dos membros do casal põem a perder a estrutura de uma família que tinha tudo para da certo. O espírito de sacrifício e o exemplo de Maria e José deveriam incentivar as famílias a enfrentar as adversidades sem nem mesmo pensar em separação. Mas o mundo promove o contrário. E a maioria, achando que podem salvar-se sem renúncia e sacrifícios, acaba seguindo as propostas do mundo.

Código : famil10

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 25/12/2013
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