Homilia Pe. Ângelo Busnardo- IV Domingo do Advento.

IV DOMINGO DO ADVENTO

22 / 12 / 2013

Is.7,1014 / Rm.1,1-7 / Mt.1,18-24

Numa teocracia, o rei, além de chefe político, é também chefe religioso. Os sacerdotes que exerciam o ministério no templo eram escolhidos pelo rei. Quando o rei era fiel escolhia sacerdotes fiéis para o serviço religioso no templo. Os reis infiéis escolhiam sacerdotes a eles submissos para trabalhar no templo. Acaz foi um rei infiel e entregou o templo a sacerdotes predispostos a fazer a vontade dele. Quando as autoridades eram infiéis, Deus suscitava profetas para indicar o caminho para o povo e para advertir as autoridades infiéis.

Acaz reinou em Judá entre 735 e 715 A.C.. Logo no início do seu reinado foi convocado por Facéia, rei de Israel e Rason de Damasco para combaterem juntos Teglat-Falasar III, rei da Assíria. Como ele não concordou e preferiu aliar-se aos assírios, Faceia e Rason invadiram Jerusalém (Cf.Is.7,1-9). Como Acaz confiava mais nas armas do que em Deus decidiu unir-se aos pagãos para se defender. Isaías teve a espinhosa missão de advertir o rei para que não fizesse alianças com pagãos e confiasse em Deus. O rei Acaz não aceitou a advertência. Isaías tentou convencer o rei, propondo-lhe que pedisse a Deus um milagre: 10 E o Senhor continuou a falar a Acaz: 11 “Pede ao Senhor teu Deus um sinal, quer seja embaixo no Xeol quer em cima nas alturas” (Is.7,10-11). Acaz se recusou a pedir o sinal: 12 Acaz, porém, disse: “Não pedirei nem tentarei o Senhor ” (Is.7,12).

Por isto, Isaías proferiu a profecia que visava de imediato a situação política do momento: 13 Então Isaías disse: “Ouvi, casa de Davi! Parece-vos pouco fatigardes os homens para que fatigueis também o meu Deus? 14 Por isso, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a jovem mulher está grávida e vai dar à luz um filho, e lhe dará o nome Emanuel (Is.7,13-14). A intenção de Isaías era dizer a Acaz: “Já que você não quer obedecer a Deus, Deus suscitará um outro para tomar o teu lugar”. Mas Deus usou a situação política e o profeta Isaías para anunciar o Messias. Na profecia, Isaías usou o termo “almah” = jovem mulher, que não especifica que se trata uma virgem. Em hebraico, é o termo “Betulah” que indica mulher virgem. Na tradução da Bíblia para o grego aproximadamente duzentos e cinqüenta anos antes de Cristo foi usado o temo “parthenos”. Obviamente, Jesus é filho de uma virgem. Se Jesus fosse filho de uma mulher e um homem não seria Deus. Jesus, como segunda pessoa da Santíssima Trindade, existia antes de se encarnar, Por isto, precisava apenas do corpo de uma mulher para adquirir um corpo humano.

Maria tinha feito um voto de virgindade conforme se pode deduzir da resposta que ela deu ao anjo na anunciação: 34 Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, pois não conheço homem?” 35 Em resposta o anjo lhe disse: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; é por isso que o menino santo que vai nascer será chamado Filho de Deus (Lc.1,34-35).

Como morriam muitos homens jovens na guerra, para evitar que Israel fosse eliminado pelos povos vizinhos, era necessário que toda mulher em idade reprodutiva tivesse filhos. Esse era o motivo que levou Israel a adotar a poligamia. Quando uma mulher atingia a idade reprodutiva, se não houvesse homens solteiros que a assumisse, ela era entregue a um homem casado para que tivesse filhos. Para Maria manter-se virgem precisou unir-se matrimonialmente a um homem que concordava em casar com ela sem ter relações sexuais. Por isto, Maria casou com José.

De acordo com o costume da época, a mulher que casava pela primeira vez, após a formalização do casamento, permanecia na casa paterna por um ano. Neste período, a mulher podia ter relações sexuais com o marido porque já estava legalmente casada. Foi durante o período em que José e Maria, apesar de não morar juntos já estavam casados, que Maria ficou grávida por obra do Espírito Santo. Como não era o pai da criança, José supôs que Maria se tivesse tornado adúltera. A lei mandava apedrejar as adúlteras.

José tinha a obrigação de denunciar o suposto adultério de Maria: 18 A origem de Jesus Cristo, porém, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José. Mas antes de morarem juntos, ficou grávida do Espírito Santo (Mt.1,18). Se Maria não fosse denunciada e, posteriormente, o suposto adultério fosse descoberto, José seria condenado. Por isto, José decidiu fugir: 19 José, seu marido, sendo homem justo e não querendo denunciá-la, resolveu abandoná-la em segredo (Mt.1,19).

Desde que foi informado em sonho profético que Jesus não era filho de homem mas filho de Deus, José acolheu Maria e manteve o compromisso de exercer o papel de marido sem ter relações sexuais com ela: 20 Mas enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e disse: “José filho de Davi não tenhas medo de receber Maria, tua esposa, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus. É ele que salvará o povo de seus pecados” (Mt.1,20-21); 24 Quando acordou, José fez como o anjo do Senhor lhe tinha mandado e aceitou sua mulher. 25 E não teve relações com ela até que ela deu à luz um filho, a quem ele pôs o nome de Jesus (Mt.1,24-25).

Código : domin868

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 18/12/2013
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