Homilia Pe. Ângelo Busnardo- III Domingo do Advento.
III DOMINGO DO ADVENTO
15 / 12 /2013
Is.35,1-6ª.10 / Tg.5,7-10 / Mt.11,2-11
Antes de criar os animais e os seres humanos Deus transformou a terra num paraíso, com ar, água e comida em toda a superfície emersa do planeta. Por causa do pecado e não arrependimento de Adão e Eva, Deus destruiu o paraíso terrestre com a maldição da terra: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar” (Gn.3,17-19). Antes do fim do mundo, o paraíso terrestre será restaurado por Deus: 10 venha o teu Reino, seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu (Mt.6,10). O único período em que toda a humanidade reduzida a apenas um casal fez na terra a vontade de Deus de forma tão perfeita como ela está sendo feita agora no céu é o período que vai da criação do homem até Adão e Eva cometerem o primeiro pecado. Portanto, no Pai Nosso, por ordem de Jesus, pedimos a volta do paraíso terrestre. A volta do paraíso terrestre é anunciada em outros texto bíblicos: 13 Nós, porém, de acordo com a sua promessa (promessa de Jesus) esperamos novos céus e nova terra em que mora a justiça (2Pr.3,13).
Na primeira leitura, Isaías descreve como será a superfície da terra quando Deus restaurar o paraíso terrestre: 1 Alegrem-se o deserto e a terra árida, regozije-se a estepe e floresça. 2 Que ela floresça como a flor do campo, que se regozije e grite de alegria! Foi-lhe dada a magnificência do Líbano, o esplendor do Carmelo e do Saron. Eles verão a glória do Senhor, o esplendor de nosso Deus (Is.35,1-2). Antes de criar a vida vegetal, animal e humana, Deus reuniu as águas dos mares num único lugar, nivelou a superfície emersa da terra, espalhou a água potável em pequenos córregos por toda a superfície do planeta e criou as árvores que eram todas frutíferas para que houvesse ar, água e comida em toda a terra para animais e homens (Cf.Gn.1 e 2). Para estabelecer o novo paraíso terrestre, Deus deverá restaurar tudo aquilo que Ele mesmo destruiu com a maldição da terra: Porque no deserto jorrará água e torrentes na estepe. 7 A terra ardente se transformará em um lago e a região seca em fontes de água. No covil dos chacais, a erva se tornará cana e junco (Is.35,6b-7).
Antes do pecado não havia sofrimento e nem morte. Com a maldição da terra o homem foi submetido ao sofrimento físico e psíquico. Com a retirada da maldição da terra, o sofrimento físico e psíquico desaparecerão: 3 Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos vacilantes! 4 Dizei aos covardes: Tende coragem, não temais! Eis o vosso Deus! Chega a vingança! A retribuição de Deus chega para vos salvar! 5 Então os olhos dos cegos verão e os ouvidos dos surdos se abrirão. 6 Então o coxo saltará como um cervo, e a língua do mudo gritará de alegria. Porque no deserto jorrará água e torrentes na estepe (Is.35,3-6).
Na era apostólica, supunham que a restauração do paraíso terrestre e a volta de Jesus acontecessem antes do fim daquela geração. Por isto, São Tiago aconselha os membros de comunidade a aguardar com paciência: 7 Tende, pois, paciência, irmãos, até a vinda do senhor. Vede o lavrador: espera o fruto precioso da terra e tem paciência até receber a chuva do outono e da primavera. 8 Tende também vós paciência e fortalecei vossos corações porque a vinda do Senhor está próxima (Tg.5,7-8). A terra ainda não foi transformada num paraíso e Jesus ainda não voltou. Mas devemos estar sempre preparados, porque, se Ele não voltar durante a nossa vida, pela morte nós iremos a Ele. As nossas obras passarão por um julgamento severo independentemente de encontrarmos a Deus pela morte como pela volta de Jesus.
Os judeus, inclusive João Batista, supunham que a restauração do paraíso terrestre seria feita pelo Messias. Por isto, João Batista, citando o profeta Isaías, anunciava que os montes seriam abaixados e os vales enchidos e os caminhos endireitados: 3 João percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, 4 como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz de quem clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas estradas. 5Todo vale será aterrado e todo monte e colina serão aplanados, os caminhos tortuosos serão endireitados, os caminhos esburacados ficarão planos. 6E todos verão a salvação de Deus! (Lc.3,3-6). Por isto, constatando que Jesus não estava cumprindo as profecias de Isaías, João Batista mandou discípulos consultá-lo: 2 No cárcere João ouviu falar das obras de Cristo e lhe enviou seus discípulos 3 para lhe perguntarem: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” (Mt,11,2-3). É provável que João Batista estivesse convicto que Jesus era o Messias mas, vendo que alguns dos seus discípulos ainda não tinham decidido seguir Jesus, enviou-os a Ele para que pudessem constatar com os próprios olhos que Jesus era o verdadeiro Messias.
Se Jesus fosse um falso messias, teria tentado convencer os enviados de João Batista a se juntar a ele. Ao contrário, Jesus indicou as obras que estava fazendo como prova que Ele era o verdadeiro Messias: 4 Jesus lhes respondeu: “Ide anunciar a João o que ouvis e vedes: 5os cegos vêem e os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. 6 Feliz é aquele que não se escandalizar de mim” (Mt.11,4-6). A principal preocupação de quem consagra vida a Deus deve sempre ser a salvação da própria alma e da alma das demais pessoas. Enganam-se aqueles que pensam que ajudar os pobres sem induzi-los a se converter tem algum mérito perante Deus. Antes de ajudar materialmente um pobre é necessário exigir que ponha em ordem a sua vida espiritual. Jesus indica que Ele era o verdadeiro Messias pelo fato de anunciar o Evangelho aos pobres e não pelo fato de tirar os pobres da pobreza. Ajudar pobres que não querem se converter corresponde a engordar bodes e cabras para a churrascaria de Belzebu.
Código : domin867
Ângelo José Busnardo
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