A lepra segundo a Bíblia e o simbolismo da purificação

A lepra segundo a Bíblia e o simbolismo da purificação

“Quando um homem tiver na pele da sua carne inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele como praga de lepra, então será levado a Arão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes, e o sacerdote examinará a praga na pele da carne. Se o pêlo na praga se tiver tornado branco, e a praga parecer mais profunda que a pele, é praga de lepra; o sacerdote, verificando isto, o declarará imundo.” Lv 13:2-3
“o sacerdote ordenará que, para aquele que se há de purificar, se tomem duas aves vivas e limpas, pau de cedro, carmesim e hissopo. Mandará também que se imole uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas. Tomará a ave viva, e com ela o pau de cedro, o carmesim e o hissopo, os quais molhará, juntamente com a ave viva, no sangue da ave que foi imolada sobre as águas vivas” Lv 14:4-6
“Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra”. (Mat. 8:3)

A lepra bíblica não é a lepra médica. Trata-se de algo muito mais amplo, que engloba várias doenças de pele, e chega inclusive ao aspecto do sobrenatural, como no caso das vestes com lepra e da casa com lepra. Segundo a tradição oral, talmudistas e mais especificamente Maimônides, esta se tratava mais de uma úlcera da pele. A palavra hebraica que designa a doença é tsarahat, e significa “atacar”. É uma doença, ou conjunto de doenças que está ligada a calúnias e pecados, e tem caráter de castigo ou praga. Sua causa é de violação de regra ética e moral, e não meramente uma doença médica ou de origem contagiosa, psicológica, genética etc. Refere-se muito ao povo de Israel que estaria livre das doenças (ou pragas) que havia na terra do Egito.
Atualmente nas igrejas populares se vê muitas curas de doença de pele. Em geral se trata de psoríase e doenças assemelhadas, com fundo que médicos atribuem como emocional. Mas o sacerdote não é médico. Resta assim a obra de purificação, para se voltar a habitar na comunidade. Aqui a questão é do0 castigo da doença, e da reflexão que deve ter aquele que a tem. A causa dessa doença, segundo os exegetas, é a má língua, a calúnia e difamação. Em especial contra familiares e cita-se o fato de Mirian, irmã de Moisés (Num. 12:10). Lembra também da doença, Deut. 24:8. Em certo modo, grande parte da cura está em teshuvah, no retorno a Deus, além dessa purificação feita pelo sacerdote.
Interessante é o simbolismo descrito na purificação do leproso, na parashá matsorah. Assim o cedro simboliza a força e soberba, o hissopo é espécie de musgo, que simboliza a modéstia, o que está no social de classe baixa. O carmesim significa a má conduta. Já os pássaros são pardais, e são as palavras de má língua. As águas são a vida contínua de novas ideias. O cedro também tem de ser um pedacinho, para mostrar certa humildade que deve ser buscada. Os pássaros que voam são assim dois, um da boa palavra e outro da má. Mas o pássaro simboliza a palavra irresponsável, como falou Rabi Itzhak Arama. Vale lembrar que tudo isso se deve a uma doença gerada pela difamação e calúnia, uma espécie de praga.
Vemos assim que com a busca da luz, de Deus e Cristo, acabam por sumir essas feridas. Isso implica em saber falar o que é bom, soltar o pássaro e se purificar do pecado e do erro. Se deve lembrar-se do poder do Verbo, e que esse pode ser usado para salvar pessoas, para ajudar e dar lições de sabedoria. A palavra revelou a Torá, e também Cristo veio com a palavra da verdade. A lepra bíblia é assim curada e nos leva a entender a causa sobrenatural de algumas doenças, e mesmo de alguns acontecimentos, como o caso da lepra da casa. Lembramos que a Criação se fez pelas palavras, ou pronunciamentos. Então o homem precisa se policiar no que fala. As lições talmúdicas e dos sábios de Israel por fim nos mostram que não se deve caluniar as pessoas, em especial os parentes. E que a fé em Deus livra de todo o mal, seja natural, ou sobrenatural.