Homilia Pe. Ângelo Busnardo X XXIII Dom. Comum (O fim do mundo)

XXXIII DOMINGO COMUM

17 / 11 / 2013

Ml.3,19-20ª / 2Ts.3,7-12 / Lc.21,5-19

Este é o último domingo do tempo comum. No próximo domingo, a Igreja celebra a festa de Cristo Rei e em 01/12/2013 começará o novo ano litúrgico. Neste último domingo do tempo comum, a Igreja nos pede que reflitamos sobre o fim do mundo que acontecerá no último dia. Antes, porém, do fim do mundo, Deus reestabelcerá na terra o paraíso terrestre, ou seja, o reino que pedimos no Pai Nosso: 10 venha o teu Reino, seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu (Mt.6,10).

A primeira leitura não anuncia o fim do mundo mas a volta do paraíso terrestre: 19Porque eis que vem o dia, que queima como um forno. Todos os arrogantes e os que praticam o mal serão como palha; o dia que vem os queimará – diz o Senhor Todo-poderoso – de modo que não lhes restará raiz nem ramo (Ml.3,19). Malaquias fala do extermínio dos maus e não do extermínio de todos. Para que a vontade de Deus seja feita na terra de forma tão perfeita como ela está sendo feita agora no céu é necessário que todos aqueles que vivem em pecado sejam exterminados. O profeta Malaquias não anuncia o extermínio de todos mas apenas daqueles que praticam o mal. Os bons sobreviverão, portanto, não é o fim do mundo. Aqueles que temem a Deus sobreviverão: 20 Mas para vós que temeis o meu nome, brilhará o sol de justiça, que traz a cura em seus raios (Ml.3,20ª).

Durante o novo paraíso, as pessoas continuarão livres e, portanto, poderão pecar. Mas se alguém pecar será confrontado por Deus da mesma forma que Deus procurou Adão e Eva logo após o pecado. Adão e Eva não se arrependeram, pois Adão acusou Eva e esta acusou a serpente (Cf.Gn.3,9-13), por isto Deus não pôde perdoá-los. Se uma pessoa pecar no Novo Paraíso terrestre, Deus a procurará e se não se arrepender imediatamente será exterminada: 2 Naquele dia, cantai à vinha deliciosa! 3 Eu, o Senhor, sou o guarda, em todo momento eu a rego. Para que nada sofra, eu a guardo noite e dia. 4 Já não estou indignado: quem me dará espinhos e cardos? Na guerra investirei contra ela e ao mesmo tempo atearei fogo nela. 5 Mas aquele que se coloca sob a minha proteção, fará as pazes comigo; sim, comigo fará as pazes (Is.27,2-5). A vinha indica a pessoa fiel. Os espinhos e cardos as pessoas infiéis. Se na vinha do Senhor aparecerem espinhos e cardos, isto é pessoas infiéis, serão queimados a não ser que façam as pazes com Ele, isto é que se arrependam. Quem contatará as pessoas que eventualmente pecarem será o próprio Jesus, porque Ele aparecerá da mesma forma que, durante quarenta dias, apareceu aos apóstolos e discípulos: 9 Dizendo isto, elevou-se à vista deles e uma nuvem o ocultou a seus olhos. 10 Estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele partia, eis que dois homens vestidos de branco puseram-se diante deles. 11 Eles também disseram: “Galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que foi elevado ao céu de vosso meio, voltará assim como o vistes subir para o céu” (At.1,9-11).

Enquanto não voltar o paraíso terrestre, o mundo continuará, como sempre foi, envolto em guerras, terremotos: 9 Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis. É preciso que primeiro estas coisas aconteçam, mas não virá logo o fim”. 10 Então lhes disse: “Uma nação se levantará contra outra e um reino contra outro. 11 Haverá grandes terremotos e em muitos lugares fome e peste, acontecerão coisas terríveis e grandes sinais no céu (Lc.21,0-11). Aqueles que acreditam em Deus e convidam o povo para a conversão serão perseguidos: 12 Antes de tudo isso, porém, sereis presos e perseguidos, sereis entregues às sinagogas e às prisões, e conduzidos diante de reis e governadores, por causa do meu nome. 13 Assim tereis ocasião de dar testemunho. 14 Tende presente no coração de não vos preocupardes com a defesa. 15 Eu é que vos darei respostas tão sábias, a que nenhum dos adversários poderá resistir nem contradizer (Lc.21,12-15). Entre aqueles que não acreditam haverá sempre perseguidores que tentarão calar aqueles que anunciam o Evangelho. Mas pode haver pessoas equivocadas também entre aqueles que acreditam: 16 Sereis entregues até mesmo pelos pais e irmãos, por parentes e amigos, e alguns de vós serão mortos. 17 Todos vos odiarão por causa do meu nome. 18 Mas não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. 19 Pela vossa perseverança salvareis vossas vidas (Lc.21,16-19).

Alguns podem deixar de se preocupar com a vida na terra, baseados na esperança que Deus agirá logo e por isto não precisam se prevenir para o futuro. São Paulo manda que todos continuem exercendo suas atividades normais como ele mesmo fazia apesar de anunciar a volta de Jesus e transformação do mundo: 6 Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, nós vos mandamos que vos afasteis de todo irmão que se entrega à ociosidade e não segue a tradição que de nós recebestes. 7 Pois bem sabeis como deveis imitar-nos. Não vivemos entre vós ociosos em preguiça, 8 nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhamos com afã e fadiga dia e noite para não sermos pesados a nenhum de vós (2Ts.3,6-8). Aquele que se deixa levar pela preguiça, por melhores que forem suas intenções, não fará parte do novo paraíso. A preguiça é um dos vícios capitais e deve ser evitada.

Apesar de os textos propostos pela liturgia anunciarem a volta do paraíso terrestre e não o fim do mundo, neste domingo a Igreja nos pede reflitamos sobre o fim do mundo. Conforme Jesus anunciou, o fim do mundo acontecerá no último dia e, no último dia, todos ressuscitarão: 54 Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia (Jo.6,54). Além da destruição da vida animal e vegetal, no último dia, acontecerão outros fenômenos.

No último dia, que para ser um dia não pode ter mais que doze horas, acontecerão os seguintes fenômenos:

1. Volta gloriosa de Jesus: 16 Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts.4,16).

2. A ressurreição dos mortos salvos: 16 Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts.4,16).

3. A transformação do corpo daqueles que estiverem vivos na terra os quais ressuscitarão sem passar pela morte física: 51 Eis que vou declarar-vos um mistério: nem todos morreremos, porém todos seremos transformados. 52 Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao último toque da trombeta – pois a trombeta tocará – os mortos ressuscitarão incorruptos, e nós seremos transformados. 53 Porque é preciso que este corpo corruptível se revista da incorrupção e que este ser mortal se revista de imortalidade (1Cor.15,51-53).

4. O arrebatamento, isto é, os ressuscitados salvos serão elevados no ar por alguns momentos enquanto desce fogo do céu para derreter a terra, exterminando a vida vegetal e animal: 17 Depois nós, os vivos, que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles para as nuvens, ao encontro do Senhor nos ares. Assim estaremos sempre com o Senhor (1Ts.4,17).

5. Fazendo descer fogo do céu, Deus derreterá a terra, exterminando a vida vegetal e animal que não serão mais necessárias: 10 Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão, e nele passarão com estrépito os céus, e os elementos abrasados se dissolverão e a terra será consumida com suas obras. 11 Pois, se deste modo tudo vai desagregar-se, como não deveis perseverar em vossa santa conduta e em vossa piedade, 12 aguardando e acelerando a chegada do dia de Deus, quando os céus em fogo se dissolverem e os elementos abrasados se derreterem? (2Pr.3,10-12).

6. A ressurreição dos condenados: 26 Assim como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho ter a vida em si mesmo. 27 E deu-lhe o poder de julgar, porque é o Filho do homem. 28 Não vos admireis, porque vem a hora em que todos os que estão mortos ouvirão sua voz. 29 Os que praticaram o bem sairão dos túmulos para a ressurreição da vida; os que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados (Jo.5,26-29). Segundo o conceito judaico, o inferno ficava embaixo da terra (inferno = lugar inferior). O apocalipse diz que quando as almas dos condenados saírem do inferno e chegarem à superfície da terra cercarão o acampamento dos santos como para atacá-los, mas um fogo vindo do céu os impedirá: 9 Subirão sobre a superfície da terra e cercarão o acampamento dos santos e a cidade amada. Mas descerá fogo do céu e os devorará (Ap.20,9).

7. O juízo final. Antes de entregar o reino para o Pai, Jesus colocará a humanidade em ordem dividida em três grupos. Os irmãos pequeninos salvos que ficarão em volta de Jesus: 27 Então, Pedro tomou a palavra e disse: “E nós, que deixamos tudo e te seguimos, o que teremos?” 28 Jesus respondeu: “Eu vos asseguro: Quando todas as coisas forem renovadas e o Filho do homem se assentar no trono de sua glória, vós que me seguistes também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel (Mt.19,27-28). Os irmãos pequeninos são as pessoas que consagraram a vida á pregação do evangelho. Colocará as ovelhas à sua direita: 31 Quando o Filho do homem vier em sua glória com todos os seus anjos, então se assentará no seu trono glorioso. 32 Em sua presença, todas as nações se reunirão e ele vai separar uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à esquerda (Mt.25,31-33). As ovelhas são os leigos que se salvaram. Colocará os cabritos à sua esquerda: 33 Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à esquerda (Mt.25,33). Os cabritos são os leigos e os irmãos pequeninos que não se salvaram.

8. A entrega do reino para o Pai: 22 Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão. 23 Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo, em seguida os que forem de Cristo por ocasião de sua vinda. 24 Depois será o fim, quando entregar o reino a Deus Pai, após haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação (1Cor.15,22-24).

código : domin864

Ângelo José Busnardo

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