QUAIS SÃO OS TORMENTOS ETERNOS, PARA AQUELES QUE ESCOLHERAM O CAMINHO DO INFERNO PARA SEGUIR?...
 
 
Primeiro, precisamos compreender qual seja a finalidade desta meditação, evitar o mal e a condenação eterna das almas. E para melhor compreender isso, perguntamos: quais são os caminhos do inferno? São todos os pecados mortais cometidos com o consentimento humano, isto é, são os pecados cometidos contra as Leis de Deus, tanto as naturais quanto as eternas, e isto a partir de nosso livre arbítrio, ou seja, a partir de nosso poder de escolha e decisão; tais pecados também são chamados de obras da carne. Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus”! (Gl 5,19-21). E São Paulo ainda repete, nos adverte e admoesta: Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus. Ao menos alguns de vós têm sido isso. Mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus. Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma”. (1Cor 6,9-12).
 
Por isso, o hagiógrafo do Livro de Sabedoria nos exorta: “Não procureis a morte por uma vida desregrada, não sejais o próprio artífice de vossa perda. Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo devem cooperar para a salvação. Nelas nenhum princípio é funesto, e a morte não é a rainha da terra, porque a justiça é imortal”. (Sab 1,13-15). E também São Paulo, na Primeira Carta a Timóteo, nos exorta: “Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. (1Tm 2,1-4).
 
Ora, se Deus quer que todos os homens sejam salvos, por que existe o inferno? Porque o inferno é uma decisão pessoal irrevogável tomada por aqueles que decidem por ele, isto é, por aqueles que decidem dizer não a Deus e sim ao mal, pelos pecados mortais que decidiram cometer. Nada em nossa vida acontece sem a nossa decisão. Com efeito, assim nos ensinou o Senhor: Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram”. (Mt 7,13-14). Por outro lado o Senhor também nos ensina: “Eu vim como luz ao mundo; assim, todo aquele que crer em mim não ficará nas trevas. Se alguém ouve as minhas palavras e não as guarda, eu não o condenarei, porque não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue; a palavra que anunciei julgá-lo-á no último dia. Em verdade, não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele mesmo me prescreveu o que devo dizer e o que devo ensinar. E sei que o seu mandamento é vida eterna. Portanto, o que digo, digo-o segundo me falou o Pai”. (Jo 12,46-50). E ensinou ainda: “Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa”. (Lc 15,7.10). Ou seja, a misericórdia do Senhor é infinita como Ele e o seu Reino de Amor, ela é um santo convite a todos nós pecadores para que nos arrependamos e voltemos ao seu convívio amoroso e santo.
 
Então, há alguma possibilidade de rejeição desse convite de Deus? Depende de cada ser humano, pois, todos são chamados ninguém escapa desse convite (cf. Is 40,26;Sl 138), assim, só o fato de existir aqui neste mundo, já é o convite feito para  experimentarmos a divina misericórdia, ele é inato. E pelo o que vemos na face da terra, tem sido elevadíssimo o número daqueles que têm rejeitado esse convite de Deus. E o que acontece com os que se entregam ao pecado e ao mal, como estamos constatando na face da terra? Infelizmente se desligam de Deus definitivamente. Misericórdia, Senhor, tende piedade de nós, dá-nos o dom do arrependimento sincero para que pela penitência, confissão de nossos pecados e reparação dos mesmos, nos tornemos agradáveis ao teu coração ardente de amor por nós, pois deste tua vida, derramaste o teu Sangue, para nos livrar do inferno e dos tormentos eternos.
 
O que é uma alma condenada e qual será o seu fim? Pelo relato da Sagrada Escritura (cf. Lc 16,19-31;Mt 25,46a;Ap 21,8), uma alma condenada é aquela que rejeitou o amor de Deus definitivamente, por isso, só traz no seu íntimo o ódio, a blasfêmia, e todos os tormentos advindos de seus inúmeros pecados. Ela nunca mais terá esperança nem alívio algum, mas somente uma agonia sufocante e um desespero interminável, por ter cultivado isso pela aparente “delícia” dos pecados praticados ao longo de sua vida terrena. Santa Faustina, numa visão que teve do inferno e das almas condenadas, cita os seguintes tormentos que elas sofrerão: “Hoje, conduzida por um Anjo, fui levada às profundezas do Inferno um lugar de grande castigo, e como é grande a sua extensão. Tipos de tormentos que vi:
 
  • Primeiro tormento que constitui o Inferno é a perda de Deus;
  • O segundo, o contínuo remorso de consciência;
  • O terceiro, o de que esse destino já não mudará nunca;
  • O quarto tormento, é o fogo que atravessa a alma, mas não a destrói; é um tormento terrível, é um fogo puramente espiritual, aceso pela ira de Deus;
  • O quinto é a contínua escuridão terrível cheiro sufocante e, embora haja escuridão, os demônios e as almas condenadas veem-se mutuamente e veem todo o mal dos outros e o seu.
  • O sexto é a continua companhia do demônio;
  • O sétimo tormento, o terrível desespero, ódio a Deus, maldições, blasfêmias.
 
São tormentos que todos os condenados sofrem juntos. Mas não é ó fim dos tormentos. Existem tormentos especiais para as almas, os tormentos dos sentidos. Cada alma é atormentada com o que pecou, de maneira horrível e indescritível. Existem terríveis prisões subterrâneas, abismos de castigo, onde um tormento se distingue do outro. Eu teria morrido vendo esses terríveis tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus.
 
Que o pecador saiba que será atormentado com o sentido com que pecou, por toda a eternidade. Estou escrevendo por ordem de Deus, para que nenhuma alma se escuse dizendo que não há inferno ou que ninguém esteve 'lá e não sabe como é.
 
Eu, Irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos para falar às almas e testemunhar que o Inferno existe. Sobre isso não posso falar agora, tenho ordem de Deus para deixar isso por escrito. Os demônios tinham grande ódio contra mim, mas, por ordem de Deus tinham que me obedecer O que eu escrevi dá apenas uma pálida imagem das coisas que vi.; Percebi, no entanto, uma coisa: o maior número das almas que lá estão é justamente daqueles que não acreditavam que o Inferno existisse. Quando voltei a mim, não podia me refazer do terror de ver como as almas, sofrem terrivelmente ali e, por isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores; incessantemente, peço a misericórdia de Deus para eles. Ó meu Jesus, prefiro agonizar até o fim do mundo nos maiores suplícios a ter que vos ofender com o menor pecado que seja”.[1]
 
Portanto, “Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem”. (Ap 14,13). “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição. Então o que está assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Novamente me disse: Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim. A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva. O vencedor herdará tudo isso; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos os mentirosos terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre, a segunda morte”. (Ap 21,1-8).
 
Aquele que atesta estas coisas diz: Sim! Eu venho depressa! Amém. Vem, Senhor Jesus! A graça do Senhor Jesus esteja com todos. (Ap 22,20-21).
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando Maria,OFMConv.
 
[1] Compilação do Diário de Santa Faustina, em PDF, disponível para dowload no site: http://sagrada.org.br/site/?p=13812 (01/11/2013).