A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS

O TRANSITÓRIO E O ETERNO

A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS

Paulo Sergio Larios

Lucas 9:28-36

INTRODUÇÃO

O episódio conhecido como a transfiguração de Jesus, é narrado em Lucas 9:28-36; Mateus 17:1-8; Marcos 9:2-8; com referências em II Pedro 1:16-18, 2 Corintios 3, e João 1:14. Vê-se que é muito bem documentado o assunto. Aprendi há tempos, que se o mesmo assunto, ou fato é narrado algumas vezes na Bíblia, é porque o Espírito Santo está nos chamando à atenção do mesmo. No caso, então, da Transfiguração, o fato é narrado muitas vezes; devemos então prestar atenção e tentar extrair o que Deus quer que enxerguemos nele.

A história diz que Jesus separou para orarem num monte com ele, Pedro, João e Tiago, e enquanto Jesus orava, transfigurou-se, transmudou-se a sua aparência e viu-se Moisés e Elias que falavam com Jesus a respeito da sua partida, ou seja, da sua morte na Cruz. Num impulso, Pedro sugeriu fazerem três cabanas a eles, no qual a sua teologia foi corrigida pelo próprio Deus.

Sempre imagino que a pregação precisa responder a algumas perguntas teológicas que nós podemos ter. A Bíblia deve responder sobre a própria Bíblia e sobre a nossa vida secular, ou melhor, a Bíblia deve nos dirigir. Como sempre digo: não é o material que rege o espiritual, mas sim o contrário, é o espiritual que rege a nossa vida material. Observar o que a Bíblia diz deve responder a muitas questões.

Esse texto nos fala ainda a respeito da nossa teologia, que pode estar errada e precisa de correção, de vez em quando. A análise de Pedro a respeito do que fazer, após ver Jesus com Moisés e Elias, poderia ser interpretada como certo, se não fosse o próprio Deus intervindo e corrigindo o erro.

O que aprendemos da oração, ao lermos esse texto? O que aprendemos de Cristo, também, ao lermos o texto, pois toda a Bíblia converge para Cristo e o texto nos mostra algo bastante raro: um milagre ocorrido com Jesus, não um milagre que ele realizou, mas um milagre que ocorreu com ele. O que aprendemos sobre Cristo aqui? Porque Moisés e Elias apareceram? E o mais importante, entre tantas outras perguntas: Porque Jesus transfigurou-se? O que isso significa? E porque Jesus orava?

Esse texto como muitos outros textos, nos fala pessoalmente a respeito da Bíblia. Principalmente nós que somos pregadores temos algumas tendências. Uma delas é não lermos mais a Bíblia de maneira devocional. Com o tempo criam-se técnicas e um olhar que sempre procura uma próxima pregação, uma nova Palavra, em detrimento de também lermos a Bíblia, apenas para termos o contato com o nosso Deus; entretanto, apesar de sermos pregadores, ainda assim não deixamos de sermos ovelhas.

Enxergo ainda mais uma realidade: os discípulos estavam dormindo, enquanto um dos maiores milagres da Bíblia ocorria próximo a eles.

E por fim, esse texto pouco e mal pregado nas nossas Igrejas, é um daqueles textos que por trazer suas dificuldades é omitido de nossos púlpitos. O que me fala a respeito da falta de profundidade de nossas pregações. Precisamos de correção para entender que ministramos a Deus, ou sob a supervisão de Deus. Nosso culto deve ser voltado para Deus e não para agradar aos irmãos que vão congregar; porém entendendo que a Palavra que pregamos não é nossa, mas sim dos irmãos que a ouvem. Não ministramos o que queremos e nem o que os irmãos querem ouvir, mas o que Deus manda pregar.

A superficialidade em nossas pregações pode vir de várias fontes e uma delas são os muitos afazeres e falta de tempo em esperar em Deus o que dizer. Não se engane o povo sabe discernir muito bem quando uma mensagem é elaborada de qualquer jeito - ela não tem coerência. Os pregadores, principalmente os que pregam muito deveriam se ouvir de vez em quando. Pregar bastante, em quantidade, não é sinônimo de qualidade. Uma mensagem para sair a contento, precisa de tempo, de maturação, para entender o coração de Deus.

Os pregadores precisam se vigiar, principalmente os lideres. A Teologia que você prega não mudou com o tempo? Pegando aquele escrito de cinco anos atrás, você o pregaria da mesma maneira?

E precisa o mesmo pregador pregar todo dia? Só tem um pregador na Igreja? Num certo debate, os irmãos concluíram que a função do pastor é pastorear e quando o pastor é também pregador, o que é outra função, é muito bom para a comunidade. Mas principalmente no caso do pastor da Igreja, se ele deseja que a Igreja se perpetue após ele, faz-se necessário então levantar outros obreiros. Uma Igreja estruturada precisa subsistir mesmo sem os fundadores da Igreja. A prova do tempo é que dirá se fizeram, ou não um bom serviço. Infelizmente muitas Igrejas morrem, com seus fundadores. Como pensamos Igreja: micro, ou macro?

Se um pregador lê um texto, fazendo menção de pregá-lo, ele tem a responsabilidade de nos explicá-lo todo, mas vemos assuntos profundos sendo negligenciados em nossos púlpitos e tratados apenas como uma base rala para a defesa de suas teses, algumas delas: furadas. Nossa teologia deve ser: O que a Bíblia fala a respeito da Bíblia? E ainda: se o pregador trouxe um texto para a comunidade, então deve explicá-lo todo, se não é para fazê-lo, porque fez a congregação o ler? Se não era para explicar o texto, porque então usá-lo?

A Transfiguração nos fala a respeito de Teologia Errada, na qual o próprio Deus precisa corrigir de vez em quando, portanto fala de pregação. E sinto dizer, mas a maioria dos pregadores de hoje não passariam num simples teste de um livro de homilética. E a maioria dos seminários teológicos desaprova veementemente essa maneira atual de pregar. Não há consistência teológica, bíblica, nas pregações.

Certa vez fiz o desafio, numa Igreja Tradicional, onde estava pregando, a respeito de que deveria haver um intercâmbio de pregadores nas Igrejas e os Pentecostais e Neopentecostais, deveriam vir pregar nas Igrejas Tradicionais e os Tradicionais nas outras Igrejas.

E já disse alguém, que a Igreja da Reforma está precisando ser reformada.

PRIMEIRA PARTE – A ORAÇÃO COMO FONTE DE TRANSFIGURAÇÃO

"Sussurros que não podem ser expressos em palavras são freqüentemente orações que não podem ser recusadas". C. H. SPURGEON

Lemos em Lucas 9:22 e 26-27, que Jesus já alertava aos discípulos, anteriormente que ele seria morto, mas que ressuscitaria ao terceiro dia, além de dizer que alguns dos que andavam com ele, naqueles dias, não morreriam sem antes verem o Reino de Deus e o Filho do Homem vindo em Glória. Alguns poucos dias se passaram e Jesus convidou alguns discípulos para irem orar com ele.

Jesus foi orar num monte, acredito por ser deserto e poder orar com mais liberdade, devido à solidão e não necessariamente por qualquer outro motivo. Devemos orar, sempre, em qualquer lugar. Orar no monte não é diferente de orar em casa, ou em outro ambiente qualquer. A Bíblia indica o lugar para orar: no nosso quarto, após a porta ser fechada atrás de nós. (Mateus 6:6)

A oração de Jesus no monte foi prolongada, pois vemos que os discípulos não agüentando acabaram caindo no sono. É transparente na Bíblia que Jesus orava muito, ficando algumas vezes até a noite inteira em oração. Enquanto orava, a certo tempo, Jesus foi transfigurado pelo poder do Espírito Santo. Quer dizer: o rosto de Jesus brilhou, assim como as suas vestes. Lucas diz que Jesus brilhou como um relâmpago. Com certeza essa é a manifestação da glória de Cristo, prometida para alguns discípulos anteriormente. Nota-se também pelo linguajar que esse texto é escatológico e nos remete para o futuro, aonde Cristo virá buscar a sua Igreja.

Sim, a oração de Jesus é essencialmente escuta da palavra de Deus contida na Escritura, uma escuta que se torna encontro com quem é vivente em Deus, uma verdadeira experiência da comunhão dos santos. É nesta oração que Jesus encontra a confirmação do seu caminho, orientado agora para a paixão, morte e ressurreição, em continuidade com a história da salvação conduzida por Deus com o seu povo. É por isso que Moisés e Elias “falavam da sua morte, que ia acontecer em Jerusalém”. Não por acaso, pouco depois especifica-se que Jesus voltará resolutamente o seu rosto e os seus passos para a cidade santa (cf. Lucas 9:51), decidido a viver o que na oração compreendeu ser a sua missão.

Vemos nessa passagem bíblica o destino da Igreja: ouvir Deus falar e ver manifestações de glória. A oração feita naquele monte assume um papel impar na cristandade, como um clímax do Evangelho. A transfiguração nos mostra o que vai acontecer depois de todas as agruras que os cristãos passarem. Tomás de Aquino considerava a transfiguração como o maior dos milagres, uma vez que ele complementou o batismo e mostrou a perfeição da vida no Céu. A Transfiguração é também um dos cinco grandes marcos da vida de Jesus na narrativa dos evangelhos (os outros são o batismo, a crucificação, a ressurreição e a ascensão).

Jesus poderia ter descido à terra seguido por legiões de anjos, mas antes decidiu revelar a sua natureza de forma progressiva, e aos poucos foi ficando mais categórico. Diante de um povo ávido por riquezas e bens materiais, por diversas vezes proibiu aos seus de dizerem que ele era o Messias. E no monte ele disse aos discípulos que com ele estavam que a ninguém dissessem isso até que ele ressuscitasse dos mortos. Ao tratar da transfiguração Tomás de Aquino diz que para trilhar bem um caminho é necessário conhecer bem o seu final. E isso sobretudo quando o caminho é difícil e áspero e a jornada laboriosa, mas belo o fim.

Ora, para efetivar a Redenção com a morte na Cruz, e para formar a Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo ia submeter os apóstolos a provas duríssimas. Era muito conveniente, portanto, que fizesse co¬nhecer experimentalmente, pelo menos a três deles, os fulgores de sua glória. Desse modo, não só se sentiriam robustecidos para enfrentar os traumas de sua Paixão, como também mais facilmente ajudariam seus irmãos a solidificar a Santa Igreja, e fortaleceriam os fiéis ao longo dos tempos.

ORAÇÃO QUE TRANSFORMA

Essa passagem toda da transfiguração tem a oração como fator primordial, pois Jesus estava orando, quando esse glorioso milagre aconteceu. Dois fatos nos devem nortear aqui: o primeiro é que a oração transforma quem ora, e o segundo fato é uma pergunta muito séria: porque Jesus orava?

Ao falarmos sobre a oração que transforma, é interessante vermos os fatos anteriores que estavam ocorrendo, onde Jesus tinha-lhes dito, aos discípulos, em Lucas 9:22: ”É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, no terceiro dia, ressuscite.” É óbvio que a perseguição que culminaria na morte de Jesus, seria estendida para os discípulos também. Cristo vinha já dizendo que ressuscitaria ao terceiro dia, mas eles não entendiam o que isso compunha, pois suas mentes estavam fechadas para essa revelação. Propositalmente, em Lucas 9:27, um versículo anterior ao inicio do relato da transfiguração, Jesus disse o seguinte: “Verdadeiramente, vos digo: alguns há dos que aqui se encontram que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam o reino de Deus.” Jesus andava com seus discípulos, falando-lhes a respeito do seu reino e da sua segunda vinda em glória. Entretanto, Deus sabia que não havia firmeza, do que as palavras de Cristo queriam dizer, e por permissão, para que tivessem firme convicção no íntimo do coração e, apesar das realidades presentes, pudessem crer nas realidades futuras, deixou-lhes ver, mesmo que por brevíssimo tempo, a imagem prefigurada de como seria no Reino dos Céus. Foi como se dissesse: Para que a demora não faça nascer em vós à incredulidade, logo, agora mesmo, eu vos digo alguns dos que aqui estão não provarão a morte antes de verem o Filho do homem vindo na glória de seu Pai (Mt 16,28).

Mediante esse histórico e previsão futura, esse texto da transfiguração nos fala sobre uma oração. Subir ao monte da oração é ir até o cume, o mais alto lugar possível que consigamos, para nessa nossa maneira de se expor, dizer a Deus que estamos perto dele. A intimidade ganha na oração é transformadora. Ao dois andarem juntos de acordo, existirá então uma interação onde o um afetará o outro e os dois serão transformados ao andarem juntos. O homem ao andar com Deus não pode mudar a Deus, pois Deus não pode ser mudado pelo homem, porém Deus ao andar com o homem o transforma. Ao andar com Deus, vamos sendo transformados na sua imagem. Andar com Deus é receber de Deus orientação e aprender sobre sabedoria, pois o principio da sabedoria é o temor ao Senhor. Andar com Deus é ficar inteligente. Sentar-se à mesa do Rei é usufruir o que está na mesa do Rei. Andar com Deus é ter a mente de Cristo. E como é que Cristo pensa? É assim que pensamos. Quando oramos e recebemos a orientação de Deus, e colocamos em pratica o que Deus nos fala, então ocorre a transformação de nosso pensamentos e atitudes. Já disse alguém que não são as situações externas que devem mudar, mas sim a nossa atitude frente a elas. Devemos enxergar Deus em tudo, pois ele está realmente envolvido com tudo no mundo. Uma máxima importante é: como Cristo agiria se estivesse no meu lugar, frente a esse problema?

É interessante, ainda, notar a diferença entre Elias e Jesus. Elias depois de uma situação estressante, onde perseguido fugiu, pois tornara-se o inimigo publico numero um do reino, foi dormir, numa atitude clara de querer a morte, frente ao problema. O que nos lembra Jonas se enfiando no seu problema cada vez mais. Deus mandou Jonas para Ninive e ele seguira direção contrária, entrou num barco, foi ao mais fundo do barco e lá dormiu, numa atitude de total alienação frente à situação. Elias foi dormir debaixo de uma árvore e depois entrou numa caverna. E segundo consta atrasou a obra de Deus em pelo menos seis anos, pois Deus mandou que ele saísse da caverna e ungisse Hazael como rei da Siria, ungisse a Jeú rei de Israel e Eliseu, profeta em seu lugar. Deus tinha um propósito para com Israel, devido a idolatria reinante e disse que quem escapasse da espada de Hazael, Jeú o mataria, e quem escapasse da espada de Jeu, Eliseu o mataria. Ou seja, Deus levantou três pesos sobre Israel, para julgá-los e convertê-los. Elias desceu da caverna onde estava e ungiu, numa ato preguiçoso e desobediente, a Eliseu profeta em seu lugar... e só. Quem ungiu a hazael e a Jeú foi Eliseu, quem perpetuou a obra do outro, ou seja acabou o ministério do profeta anterior. Perante o estress Elias foi covarde e desobediente. (I Reis 19)

Jesus, ao se deparar com o estress que o cercava, ia orar. Vemos muitas passagens onde Jesus estava caindo de cansaço, durante o dia, mas que ia à noite orar. Eram horas e horas de trabalho ministerial, onde milhares de coisas ocorriam, desde a hora em que Jesus abria seus olhos, até a hora que conseguia dormir, quando conseguia. Assim como Jesus virou a noite orando a respeito de quem seriam os doze, existiram muitos outros momentos de total estresse em que Jesus descansava... orando. O que nos leva ao nosso segundo ponto: Porque Jesus orava?

POR QUE JESUS ORAVA?

Essa pergunta parece ser bastante boba, a principio. Jesus orava porque todos devemos orar, pois é assim mesmo no Reino de Deus. Deus poderia fazer com que as coisas acontecessem na nossa vida sem que nós precisássemos orar, mas Ele decidiu que só vão acontecer se orarmos. É lógico que existem muitas nuanças que não pensamos normalmente, como no caso da oração de alinhamento de Daniel, onde ele gastou um período lendo as crônicas antigas e entendeu que era o tempo em que Israel deveria voltar do Exílio. Daniel orou então para que ele entendesse o que Deus estava fazendo, pois Deus estava fazendo algo e era ele quem não sabia o que Deus estava fazendo, apesar de Deus não parar de fazer o que estava fazendo. Deus segue um plano fixo de salvação e julgamento, que não parou em momento algum, apesar de só Deus entender as variáveis.

Aliás, só um Deus, para entender as variáveis. Um exemplo disso é a nossa oração. Aparentemente, até uma oração pequena, pode ter implicações muito grandes. Vamos pegar um exemplo qualquer, poderia ser um emprego, por exemplo. Oramos e jejuamos pedindo um emprego a Deus, que demora uns seis meses para se manifestar – mas poderia demorar mais, ou menos, tanto faz. Imagino eu, que para dar o emprego a alguém, Deus deva escolher a empresa, e ver as qualificações de quem pede, assim como Deus olha o presente, o passado e o futuro, para dar, ou não esse emprego. Na verdade nós não temos merecimento de nada, mas Deus escolheu nos acolher e nos amar – graças a Deus! Deus olha o presente, para ver se estamos pelo menos na posição básica mínima de santidade e obediência, para receber – pois sem santidade ninguém verá o Senhor. Deus olha o passado para ver o histórico do local onde irá colocar o cristão que está orando e confiando nele - imagino aqui uma ovelhinha, um animalzinho, inocente, que olha para uma floresta fechada, que é esse mundo, onde ele deve se embrenhar nessa floresta, para achar os campos verdejantes, que só Deus sabe onde estão. Existem ilhas de campos verdejantes, frente a esse mundo perigoso, que são oásis para o cristão, mas só Deus sabe onde estão os nossos oásis e só Ele sabe como nos levar até eles.

Quando oramos e Deus olha para o futuro, ele olha não só para o nosso futuro, ele olha para o futuro de todos. Ou seja, imagino que para Deus responder uma oração, aparentemente a mais boba de todas, é necessário olhar o presente, o passado e o futuro, para dar ou não. Imagino Deus olhando de cima, perscrutando, ou seja, olhando minuciosamente, estudando todas as variáveis. Imagino Deus olhando de cima para uma complexa rede de gente, que não param de andar, de falar, de pensar, de casar de divorciar, de nascer, de morrer, de elaborar coisas boas e más e nada, absolutamente nada, foge da mente aguçada de Deus. Visualizo linhas de gente, ou de orações, indo e vindo, se entrecruzando, sem parar. E só um Deus, com letra maiúscula, e com um pensamento único, poderia fazer isso. Se houvessem um rol de deuses, já não daria certo, pois cada um teria um pensamento discordante do outro e a coisa não andaria. E dizer que Deus é três, ao olharmos para a triunidade, é o mesmo, no nosso caso, de dizer que Ele é um, portanto é infalível, pois o plano concentrado em um é melhor do que o plano diluído em muitos.

Aqui, cabe Provérbios 11:14: “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança.”Versículo que fala sobre o lider humano ter conselheiros, que é bom, perante Deus. Mas quem aconselhou a Deus, alguma coisa? Isaías 40:12-31, trata sobre esse assunto de forma impressionante, num texto que nos abre horizontes. Na minha Bíblia o texto chama “A Majestade do Senhor”.

Voltamos à pergunta: Porque Jesus precisa orar? Jesus não é Deus? Jesus não faz parte da Trindade, portanto tem atributos eternos, como a onisciência, onipotência e onipresença? Jesus e o Pai não são um, porque Jesus precisa orar, afinal? Porque Jesus orava, então?

Hebreus 5:7-8 diz assim: “Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve.” Nos dias de sua vida mortal, Jesus orou.

Não podemos nunca nos esquecer, ao tratar sobre Jesus, que Ele foi o único que teve duas naturezas: a humana e a divina, chamada de União Hipostática. (Esses são versículos básicos sobre o tema, merecem ser estudados e compreendidos: João 1:14; Fil. 2:5-11; Hb 4:15)

Em Filipenses 2:7, a Bíblia diz que Cristo esvaziou-se, ou despiu-se da sua glória. As idéias de esvaziar, ou despir-se, é ficar vazio, ou ainda de tirar a roupa. É como se Cristo tivesse deixado a sua glória um pouco lá no Céu, dobrada, num armário, ou numa cadeira. Imaginemos um Manto de Glória, que estava lá, em algum lugar, bem guardado, vigiado, até que Ele completasse a obra aqui na Terra. Nós não pensamos muito a respeito do tema, mas isso explica muita coisa. Jesus agiu até grande parte da metade dos evangelhos, como se não soubesse exatamente quem era, mas a idéia é que ia aos poucos percebendo-se. Uma fala interessante, entre um monte de outras, aqui servindo apenas de exemplo, realmente são muitas as situações, é a fala de Satanás na Provação de Jesus no deserto. Em Mateus temos três tentações descritas em Mateus 4 e Lucas 4, sendo que juntando os dois textos, em todas as três tentações Satanás jogou a duvida: “Se tu és o Filho de Deus”, o que já era uma duvida consistente, seguida da devida tentação, onde Jesus foi tentado no corpo, na alma e no espírito.

As fomes do corpo sabemos que são materiais, como sono, descanso, alimentação, saúde etc. A tentação no corpo são portanto nesse nível: doenças, dores, insônia, fome, sexo etc.

As fomes da alma, que é o que faz ponte entre o espírito e o corpo, portanto a alma, que é o nosso mundo de pensamentos e sentimentos, ou seja a nossa mente, são tentações relativas à mente e aos sentimentos. Esquizofrenia, estresse e traumas amorosos, familiares e sociais, fazem parte, além das fortalezas espirituais descritas em 2 Corintios 10:3-5: “Porque, ainda que vivamos na carne, não militamos segundo a carne. Não são carnais as armas com que lutamos. São poderosas, em Deus, capazes de arrasar fortificações. Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e o reduzimos à obediência a Cristo.” Essas fortalezas são ensinos humanos e outros demoníacos, portanto ensinos babilônicos. (Ao estudarmos o que a Bíblia nos fala a respeito da Babilônia e dos seus ensinos, entendemos que a Babilônia significa todo ensino contrário a Bíblia. A mistura que eles faziam era grande, onde astrologia era misturada com ensinos humanos e a ciência da época.)

Essa esquizofrenia (loucura) especifica que me refiro, tem a ver com a fuga que as pessoas fazem quando não tem forças de confrontarem os seus problemas. Essa esquizofrenia, ou loucura de assumir uma outra personalidade momentânea, como o pai de família que no bar é um alcoólatra, mas em casa é bom; ou a mãe que é boa dona de casa, mas é compulsiva a respeito das várias traições; ou o moço tímido que foge dos seus problemas nas drogas; ou o travesti, homem ou mulher, que é um símbolo dessa esquizofrenia, onde assume literalmente uma outra personalidade, por um tempo, ao vestir roupas do outro sexo, e acreditar ser durante um tempo, do outro sexo, sendo que nunca o será biologicamente, pois a mudança física não pode mudar o DNA, que define os sexos. Essa esquizofrenia é o pecado. Já ouviu a frase: “Existem horas em que até parece que ele é outra pessoa?” Essa esquizofrenia, ou fuga da realidade, é a falta de saber lidar com a situação. Os drogados são outro símbolo forte disso. O drogado em si não sabe lidar com sua vida, que acha muito difícil e foge para o mundo das drogas, onde durante alguns minutos ele sai da realidade e saboreia um prazer que o faz esquecer da vida. Essa esquizofrenia manifestada por quem não sabe lidar com a vida, que podemos dizer que é fuga da realidade, ou do ambiente de estresse, pode manifestar-se em áreas que não imaginávamos a principio, como a pessoa que faz dez faculdades. Pra que dez? Ou então alguém que trabalha vinte e quatro horas do seu tempo, pode estar se escondendo numa esquizofrenia controlada e permitida pela sociedade, mas que faz com que muitos pais e mães percam a família. Ouvimos falar de gente que optou em casar e não ter filhos, para poder trabalhar melhor. Existem um monte de adolescentes escondendo a sua vida atrás de eletrônicos, porque é mais fácil lidar com o amigo virtual do que com o amigo real. A família virtual é mais fácil. Existem milhões de esquizofrenias, ou maneiras de fugir da realidade, algumas não são permitidas pela sociedade, como o cigarro, outras são abraçadas e ditas como boas, como fazer 200 horas extras por mês. Um professor da Escola Dominical que conheci, perdeu a família porque a esposa cristã, o acusou de morar na Igreja e não saber conviver com a família. Como diz a Bíblia: Tudo tem um tempo debaixo do Sol. Não se engane, muito afazer nem sempre é salutar. O que é que o nosso coração diz sobre o que fazemos? Se o nosso coração não nos acusar, então tá!

A tentação no espírito é a tentação de Satanás. O Diabo não tem desejo de ter dinheiro porque ele não precisa. O Diabo não é tentado em desejos carnais, pois ele não é de carne, mas espiritual. O Diabo não tem desejos sexuais, não precisa de casa, e de um monte de coisas que nós mortais e carnais precisamos. O Diabo não é um de nós, ele é um ser estranho. A tentação de Satanás, que ele tenta alguns que aceitam as suas idéias malformadas, é querer ser igual a Deus e sentar-se no Trono de Deus. Mas o pecado é a anulação da existência, pois nada existe sem Deus. Se Deus deixar de existir tudo se acaba. Pecar é se anular, deixar de ser, ir de encontro à morte física e espiritual. O pecado é mortal. Em Mateus 4 o Diabo mostrou a Jesus toda a glória do mundo e lhe disse que daria tudo a Jesus, se ele se ajoelhasse perante o Diabo. Com esse pecado não se tem argumento, não existe conversa, mande embora já. A glória pertence a Deus. Querer a glória de Deus é mortal e perigoso. O Diabo de certa maneira ofertou ao espírito humano de Cristo algo venenoso, querer ser igual a Deus. Tentações no Espírito tem a ver com o espírito humano. O Espírito humano quando tentado faz coisas como a Torre de Babel, que era uma afronta: Subiremos ao Céu – disse o rei.

Jesus orava porque estava num corpo encarnado, ou seja, Ele assumiu durante um tempo viver como nós humanos, em todos os sentidos, o que significa que Ele recebeu e aprendeu os ensinos de Deus através da revelação na oração. Quando Jesus orava e ia lendo as Escrituras que haviam na época, Ele ia entendendo quem era. Não faz nenhum sentido o Diabo ter tentado a Jesus triplamente com a duvida se Ele era ou não o Filho de Deus, o Filho Messias, o Salvador do Mundo, se aquilo não era realmente uma tentação. Mas na metade dos evangelhos vemos Jesus dizendo claramente quem ele era.

E até nesse nosso texto estudado, não faria sentido dizer que Moisés e Elias vieram falar com Jesus sobre a Cruz, se Ele já sabia tudo sobre a Cruz. O aprendizado cristão é progressivo e não vemos diferença disso no Ministério de Jesus. Jesus veio como homem, mas descobriu que era Deus. Essa é a resposta sobre Jesus que deveríamos atentar muito mais do que o que fizemos até agora.

Mas quando falamos de União Hipostática não podemos nos esquecer, ou separar isso das duas mentes de Cristo. Jesus foi o único ser, em qualquer lugar, que tem duas mentes, uma divina e outra terrena. (Eu quase escrevi carnal aqui, mas Jesus não tinha carne, ele não tinha a herança do pecado de Adão e Eva. Jesus nunca teve carne no sentido de Velha Natureza, pois Ele nunca teve Velha Natureza, mas a sua natureza sempre foi a do Reino de Deus. Jesus sempre teve Nova Natureza.) Eu já vi teólogos se enrolarem muito aqui, mas a explicação é muito simples. Jesus nasceu de mulher, de Maria, como qualquer criança, apesar de ter o Pai divino: Deus. Acredito que a sua infância foi a mais normal do mundo, apesar de que Jesus, como homem era um gênio. Ele tinha qualidades mentais excepcionais, como lemos na série de 5 livros do Psiquiatra Augusto Cury, sobre a mente de Cristo – que estão de graça na Internet. A adolescência de Jesus também não deve ter sido algo muito relevante, entre aspas, apesar de que Ele já vinha lendo, estudando e orando a respeito do que o próprio Deus lhe afirmou no inicio do seu ministério, ou seja, no dia do batismo nas águas, que Ele era sim o Filho de Deus, o Messias. Era Ele o escolhido e aquele que salvaria a humanidade, através de um sacrifício perfeito: único e eterno. Jesus iniciou o seu Ministério descobrindo que era o Filho de Deus, o Messias, mas aos poucos foi descobrindo que Ele e o Pai eram um só, literalmente. Como explicamos tudo isso? Simples irmão, o despir-se da sua glória só poderia ocorrer de uma maneira, na sua mente, e só com uma amnésia, dada por Deus é que isso poderia ocorrer. Mas o problema é que como é possível esconder uma lâmpada debaixo de uma cama, ou como é possível esconder uma cidade sobre uma montanha, como diz Mateus 5:14-15. Aos poucos Jesus foi lembrando que existia no Céu e que era Deus. No começo do seu ministério não vemos isso, mas na metade, ou até antes da metade dos evangelhos, Jesus já sabia quem era e a que viera. A mente celeste foi voltando aos poucos, enquanto a mente terrena de Cristo ia sendo alimentada pela Palavra e pelas revelações que iam chegando.

O que me lembra que vamos subir de nível, só quando passarmos desse nível, antes não. Deus tem mais revelações pra nós, mas antes de passar essa etapa, não as receberemos.

Jesus orava então para ter revelações, para ter intimidade com o Pai, para receber orientações, para obedecer e ser um exemplo para nós. Se Jesus começasse a fazer coisas que nós não podemos, não seria um exemplo a seguir, mas uma utopia, apenas um ser mitológico.

Jesus aprendeu sobre o seu ministério e sobre Ele e Deus orando, portanto devemos observar isso e orar também. Precisamos orar com mais qualidade e com mais quantidade. Jesus era excepcional, como já sabemos, tinha qualidades de pregador inimitáveis, operava em todos os dons do Espírito, era Mestre em dons de Cristo, ainda assim os seus discípulos não pediram para que ele os ensinasse a como administrar a Igreja, ou como cantar melhor, ou como pregar melhor, mas pediram a Jesus, o que registrou-se à eternidade: Como é que podemos orar melhor?

A oração do Pai-nosso é um exemplo magistral. Primeiro devemos sanar as necessidades de Deus. Primeiro Deus, depois Deus e mais além Deus. Lá pela metade da oração de Mateus 6 é que começamos a orar por nós, mas primeiro... as necessidades de Deus, depois as suas. E ai tudo o que pedir em oração acredite, será respondido. Tudo! Mas primeiro as necessidades de Deus. Mateus 6:33: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo.” A maneira de sermos colocados na frente na fila da resposta é buscarmos primeiro o Reino de Deus, ou as necessidades de Deus, o que é colocar a obra de Deus como prioridade em nossas vidas. O mais, o que precisamos, Ele se encarregará de dar. Quando cumprirmos a nossa parte, Ele garante a dEle.

SEGUNDA PARTE - CLIMAX E CULTO

O episódio da Transfiguração representa um clímax, um capítulo final, ou a culminação da fé cristã. Na vinda de Cristo, todos os que estiverem com Ele terão o corpo glorioso. Vale dizer que Jesus não foi transformado fisicamente, Ele não virou outra pessoa, ficou mais magro, ou mais gordo, mas suas vestes brilharam, assim como seu rosto. Ter o fato ocorrido no alto de uma montanha representa o ponto onde a natureza humana se encontra com Deus: o encontro do temporal com o eterno, com o próprio Jesus fazendo o papel de ponte entre o céu e a terra. A Transfiguração mostra o nosso destino final: a glorificação. É como um vislumbre do que virá, para que possamos esperar, com maiores bases agora, pois ocorreu com Jesus. 1 Corintios 15:40-55 nos fala sobre esse fato que ocorrerá conosco.

A glorificação é o futuro recebimento de absoluta e definitiva perfeição: física, mental e espiritual, para todos os crentes. Na Transfiguração de Jesus, Deus permitiu que durante um breve momento que esse fato fosse mostrado a alguns discípulos: Pedro, Tiago e João. O futuro do cristão é ter o corpo transfigurado, o que implica que não teremos as limitações da matéria, como temos agora. A Transfiguração de todos os cristãos salvos se dará em Mateus 16:27: “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e então recompensará a cada um segundo suas obras.”

O CULTO

Nessa passagem que nos fala a respeito da Transfiguração nós temos os elementos: uma montanha, que era um dos locais bíblicos de muitas manifestações milagrosas, tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento; temos a Trindade: Jesus o alvo do milagre, o Pai, que reorienta a teologia de Pedro e o Espírito Santo, representado na nuvem que brilhava (Mt 17:5); temos os discípulos; a Lei, os profetas e o Evangelho, sendo o ultimo o maior, portanto nós temos um culto.

Ao falarmos de culto: O que é? Lembramos de Abel, que ofereceu o primeiro sacrifício, deu o primeiro dizimo e fez o primeiro culto a Deus. O homem tinha perdido a presença de Deus, com o pecado e o culto, em Abel, significa voltar para o Jardim, para a presença de Deus, para o Céu. Culto significa voltar pra casa. No ajuntamento cristão entendemos a nossa existência e de toda humanidade. Nós vamos para a Igreja, numa tentativa de agradar a Deus. O alvo do culto é Deus nos aceitar. Em Abel, culto era Deus aceitar o seu sacrifício, a sua pessoa.

MOISÉS E ELIAS

Na aparição, sobretudo de Moisés, existem os que querem afirmar existir a reencarnação, doutrina maligna do Espiritismo. Moisés morreu como a Bíblia afirma categoricamente em várias passagens, como em Josué 1:1-2. Moisés não reencarnou, ele ressuscitou, para ter esse encontro com Jesus e Elias.

Moisés representa A Lei, toda ela, destacando-se a Lei Sacerdotal, onde dizia que um animal inocente seria morto no lugar do pecador, que num ato de fé, colocaria a sua mão na cabeça do animal e o seu pecado seria transferido para o inocente. Um inocente morreria pelo pecador. O grande problema do Sistema Sacrificial é que pecava-se e pedia-se perdão, mas ai pecava-se novamente e pedia-se perdão e isso indefinidamente, sem solução. Até que alguém indagou como seria possível que o sangue de bodes e touros pudessem tirar o pecado do outro? Não podia! Deus então resolve duas coisas: primeiro mudar o coração do homem, que de pedra seria de carne e essa é a Nova Aliança. (Ez 36:26-27; Hebreus 8:8-10) “Mas esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel depois daqueles dias: imprimirei as minhas leis no seu espírito e as gravarei no seu coração. Eu serei seu Deus, e eles serão meu povo.” (Hb 8:10) O segundo fato é que Deus proveu um sacrificio melhor. Cristo morreu para nos salvar, como diz Hebreus 10. “Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício e logo em seguida tomou lugar para sempre à direita de Deus.”

Elias representa os profetas. Como já exposto em outro lugar, a importância de Elias era muito grande. A respeito dos seus milagres, em contraste do dobro de milagres de Eliseu o seu discípulo, é que os milagres de Elias eram de ordem superior, mais abrangentes, nacionais, conquanto os milagres de Eliseu fossem de certa forma inferiores, mais localizados, mas não menos importantes, é claro. Acho interessante é que Elias seja o representante dos profetas e não outro, como Jeremias, ou Daniel, por exemplo. Porquê Elias? Destacando-se de todos os outros, Elias defendeu o monoteísmo de Deus, e a sua luta contra o sincretismo religioso, o que fez dele uma figura importante na sucessão das duas alianças.

Jesus representa o Evangelho. Evangelho significa boas novas de salvação. A Palavra da Lei nos mostra a religião, que muitas vezes é engessada pelos seus muitos ritos e liturgias. A profecia chega a ser mais perto daquilo que Deus quer para nós, mas o Evangelho é a culminância dessa verdade. Podemos dizer que a Lei são os ensinos rígidos; que a profecia é quando Deus fala conosco através de alguém, diferente do sacerdócio, que leva a Deus a fala, ou a necessidade do homem, num ato intervencionista, portanto menor do que Deus falando com o povo. Entretanto o Evangelho tem um algo superior: todo cristão do Novo Testamento é profeta. Além de que a mensagem do Novo Testamento é superior a qualquer outra: anunciamos claramente a Cristo. O que nos vai carregando logicamente para quando Deus endireitou a doutrina errada de Pedro.

Mas o que Moisés e Elias falavam com Jesus? A Bíblia afirma claramente que eles estavam falando como se daria a sua morte, o seu sacrifício, o que vem afirmar novamente que enquanto nesse corpo mortal, Jesus não usava das prerrogativas divinas, mas dependia exclusivamente do Espírito Santo para o guiar. E já sabemos que vamos ter novas revelações, quando passarmos pelas antigas revelações. O que me lembra o profeta Ezequiel e a famosa fala de Deus, em Ezequiel 2:1: “Filho do homem, fica em pé, pois falarei contigo.” Ezequiel estava caído quando Deus escolheu falar com ele? Segundo as visões anteriores do capítulo 1, ninguém pode dizer que Ezequiel estava desviado, fato que foi denunciado contra Jeremias. O que então significa para Ezequiel ficar de pé? Isso queria dizer que Deus iria dar novas revelações. O ficar de pé ali, não era porque ele não estava, mas sim porque Deus resolveu falar novamente, mas outras coisas com ele. Quando Deus manda alguém ficar de pé em Ezequiel significa que novas revelações irão vir a quem recebe a Palavra de Deus. Subiu de nível e Deus vai mostrar outras coisas.

ACORDADOS DO SONO, PELA GLÓRIA

É interessante que dominados pelo sono, os discípulos foram acordados pela manifestação da glória.

Uma vez surgiu a interessante pergunta: porque devemos pregar? Será que todos nos ouvem? Em Daniel 5, houve uma orgia em que bebiam nas taças consagradas do Templo de Deus e uma mão apareceu na parede e escreveu uma frase e não havia quem a interpretasse. Lembrando-se de Daniel o chamaram e ele expôs o que Deus queria dizer lhes dizer. Esta passagem significa que os homens estão bêbados, em suas orgias, em seus pecados e não conseguem entender o que Deus quer lhes transmitir. Sempre haverá a necessidade de intérpretes da Palavra de Deus, pois apesar de a Bíblia ser dada a todos, nem todos a compreendem. Por isto que existem os dons do Espírito, que falam sobre manifestações, ou sabedorias espirituais dadas aos cristãos e os dons de Cristo, que são dons ministeriais, ou capacitações para a obra ministerial.

O mundo está embriagado pelo pecado, mas isso não impediu de Jesus vir à Terra e de Deus trazer uma libertação gloriosa. Infelizmente, muitos cristãos estão dormindo para a manifestação de Cristo, ou a sua volta, que se realizará em breve e muitos estão alheios, dormindo, cochilando.

DEUS NOS DESPERTA

De vez em quando Deus desperta alguém para ser salvo e ele entende a manifestação da glória que ocorre ao seu redor e Deus fala com ele e o direciona melhor. Existe uma infinidade de fatores aqui envolvidos, mas eu quero destacar apenas um, a iluminação da alma.

Efésios 1:16-18: “Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações. Rogo ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de sabedoria que vos revele o conhecimento dele; que ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais a que esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que ele reserva aos santos.”

Paulo orou pelos irmãos efésios numa oração que nos revela o que ele orava e como ele aprendeu de oração. A oração é longa, mas destaquei apenas três versículos. Paulo orava pelos irmãos efésios, pedindo a Deus que Deus lhes desse: 1 - O Espírito de Sabedoria, que é o Espírito Santo; 2 - Revelação, mas que era a revelação do conhecimento de Deus; 3 - A iluminação dos olhos do coração deles; concluindo que, tendo todas essas orações respondidas eles compreenderiam a “esperança” (ou o ministério evangélico) que foram chamados, e qual era a herança que Deus reserva aos santos.

Desses versículos básicos da iluminação da alma, quero destacar apenas que o espírito humano enegreceu-se com o advento do pecado, lá em Adão e Eva. Somos no linguajar de Paulo corpo, alma e espírito, mas somos no linguajar de Deus espírito, alma e corpo. Enxergamos de fora para dentro, do mais superficial para o mais profundo. Deus por outro lado já parte interiorizado, olhando para o mais profundo de nós e a partir daí a jornada é para fora. Nosso espírito perdeu a pureza que ganhou originaria em Deus. E na oração de Paulo entendemos que é necessário agora uma iluminação da nossa alma, pois necessitamos que o Espírito Santo nos ilumine a trajetória da vida.

O Espírito Santo é quem dá o entendimento espiritual que necessitamos, para compreender as coisas de Deus. Essa iluminação de um fato, ou texto bíblico, é clarificado pelo Espírito Santo que nos revela, nos da entendimento do que precisamos.

Iluminação da alma é a revelação que Deus dá através do Espírito Santo, para que saibamos da sabedoria e da mente de Deus. Atente para o fato que uma nuvem luminosa envolveu a todos e Deus falou então de dentro da nuvem. No monte da Transfiguração houve uma iluminação, uma revelação de algo que era sumamente importante para a cristandade em todos os tempos. E é o que vamos falar agora.

TERCEIRA PARTE - A CORREÇÃO DA TEOLOGIA ERRADA

Pedro vendo Moisés, Elias e Jesus, sem ser rebatido pelos irmãos João e Tiago, fez uma interpretação errada do Evangelho que ocorria à sua frente. Pedro propôs a idéia de fazer três cabanas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias. Pedro exibiu aqui a sua humanidade, frente a uma situação que não tinha ainda absorvido completamente. Mas porque Pedro sugeriu três cabanas?

À sugestão de Pedro em fazer três cabanas, nos deixa entender que na mente dele, Pedro queria dizer façamos três memoriais em forma de cabanas. Israel já tinha numa de suas festas solenes e uma das mais alegres A Festa dos Tabernáculos, onde era uma lembrança do tempo em que Israel morou em tendas, no deserto sobre a direção de Moisés. Durante essa festa, toda a proximidade de Jerusalém ficava rodeada de cabanas, ou tendas feitas de ramos de árvores. Era um memorial à provisão divina. O Tabernáculo era uma espécie de casa portátil, desmonstável, como uma tenda, ou uma barraca. A Festa dos Tabernáculos era um grande acampamento, social, alegre e festivo. Era uma festa memorial de gratidão. Talvez tenha vindo á mente de Pedro essa festa alegre, memorialista. É como se ele dissesse: Vamos fazer três cabanas, para não nos esquecermos que hoje ocorreu um grande milagre e vimos Moisés e Elias conversando com Jesus. Não parecia ser coisa de muita monta, aliás a idéia poderia passar totalmente como inócua, se não fosse pelo fato de que ainda falando uma nuvem brilhante os envolveu a todos e eles ficaram com medo ao entrarem na nuvem e de dentro da nuvem uma voz ouviu-se: Este é o meu filho, o Escolhido, ouçam-no!

A Teologia de Pedro estava errada porque ele igualou Jesus com todos os homens. A interpretação que ele fazia dos fatos estavam errados e o próprio Deus o redirecionou para o correto. Mas o que é que Pedro acabou sugerindo sem saber direito? Perante o milagre que ocorria à sua frente, onde estando dormindo os três discípulos, pois a oração de Jesus foi bastante longa, talvez o brilho de Moisés, de Elias e o de Jesus, ou o fato de Jesus aparecer em forma glorificado, ou seja: brilhando, os despertou. Pedro acabou igualando a Jesus com Moisés e Elias, mas Jesus nunca foi um homem igual. Jesus não é uma tentativa de reforma do homem, mas Jesus é um novo homem, um outro homem, uma recriação do ser-humano. Jesus é o primeiro de uma outra raça de homens. Pedro na sua fala igualou a Jesus como um outro homem qualquer. Ainda assim, o único momento em que os homens são igualados, e somos igualados por Deus, com todos os patriarcas, com todos os profetas e com todos os outros grandes homens de Deus, é na oração. Na salva de prata que está no Céu, e onde estão sendo recebidas as nossas orações, somos todos iguais perante Deus. Ainda assim, em oração Jesus é diferente, pois Ele é o alvo e o mentor de nossas orações.

A Teologia de Pedro estava errada, pois ele igualou a revelação divina que é progressiva. Moisés representa a Lei, Elias os Profetas e Jesus o Evangelho. A Lei e os Profetas são ensinos e revelações que fizeram a sua função no tempo, o que vigora hoje é o Evangelho. A Lei e os profetas são Antigo Testamento, portanto inferior ao Evangelho, que é o Novo Testamento. A Lei era sobretudo religião fixa e rígida, portanto ultrapassada biblicamente. A profecia do AT carecia de ter um coração de carne, pois era dura, de pedra. O Antigo Testamento é sombra do Novo, portanto igualar o Velho com o Novo era um erro.

Moisés e Elias representavam cada qual a Lei e a Profecia, mas Deus direcionou a Pedro e a nós a ouvir a mensagem de Jesus: A Ele ouvi! O Antigo Testamento é importantíssimo, enquanto que como aio nos leva a Cristo, mas sendo sombra é passageiro e precisamos deixar o transitório e focar no eterno.

Pedro sugeriu fazer três cabanas, ou tabernáculos, ou casas. Interiormente ele sugeriu que A Lei, a Profecia bíblica e o Evangelho ficassem confinados, limitados. Uma casa é um local de morada fixa, portanto não é móvel. A aparição de Moisés e Elias falando com Jesus sobre a crucificação, por si só indicava o caminho de volta a Jerusalém, ao Gólgota, à Cruz. A solução não era ficar no monte, na montanha, no mais perto de Deus, para não sofrer nas mãos dos homens, mas a solução era receber a vitória justamente num caminho descendente, para o vale, para o desprezo, para a morte. Só havia um caminho para Jesus, descer o monte, senão todos estaríamos perdidos, e a sugestão de Pedro mostrava-se então maligna, pois fincar as estacas falavam em fixidez, imobilidade, fim do ministério. Se a sugestão de Pedro fosse aceita o Evangelho nunca teria descido da montanha e nos salvado. Jesus precisava descer, pois a meta não era ser lembrado em memorial, mas como mártir. Jesus nasceu para morrer pelos homens, tendo a garantia de ressuscitar para Deus.

A Igreja tem um grande dilema frente a si, optaremos em sermos apenas memorial, uma lembrança num monte sem nome, desconhecido, e vazio, ou tomaremos coragem em sermos mártir, em carregar as nossas cruzes, em prol dos homens que não nos compreendem? Muitos são os problemas que podem engessar os irmãos e fazer com que percamos o poder de ter o Senhor andando conosco, ao contrário dEle nos dizendo que mandará um anjo andar conosco, pois não nos suporta mais. Nessa passagem a que me refiro, Moisés disse que se Deus não fosse com Israel ele não sairia do lugar com o povo, morreriam ali. Perder a presença de Deus é perder tudo. Nessa caminhada cristã muitos se vendem, ou se perdem, durante o caminho. Alguns largam até o manto, por ai.

Nesse monte, onde aprendemos que a oração nos transforma, aprendemos também que o caminho é sem volta. Andar com Deus não dá opção de retorno. Um dos direcionamentos que entendemos, também, na correção doutrinaria, é que o caminho não é para cima, mas para baixo, em direção ao vale. Cristo para ganhar o Céu se posicionou em direção ao vale, à Cruz. Muitos de nós buscam glórias terrenas, o que é contrário ao escopo inquestionável e invendável do Evangelho. Querer a glória dos homens é o contrário de receber a glorificação do Senhor. Se subimos o monte com idéia de sermos incensados, ou de fazer-se memoriais em nosso nome, é melhor não subir, pois a Glória não é nossa. Se orar significa ser transformado, para poder ter a capacidade de descer ao vale, e não estivermos dispostos a pagar o preço, ou não estamos entendendo o preço a ser pago, é melhor nem subir o monte. É melhor não querer ser mestre, do que o sendo agirmos de forma contrária à revelação da nuvem que vem nos iluminar. Se não quer descer do monte... porquê subiu?

Deus interveio na história humana, quando Pedro igualou Jesus com Moisés e Elias, quando ele igualou a Lei e a Profecia com o Evangelho, quando ele tentou fixar limites à expansão da Palavra e recolocou a Teologia errada no lugar certo, de forma muito simples: ouça Jesus, olhe para Jesus, olhe para o Evangelho, entre o Velho Testamento e o Novo, pregue o Novo, entre a sombra e o eterno o eterno é melhor, entre o transitório e o eterno, escolha correto.

QUAL É A PALAVRA QUE A IGREJA BRASILEIRA ESTÁ PREGANDO E DEUS QUER REDIRECIONAR O NOSSO EVANGELHO?

Deus quer reorientar o nosso Evangelho que pregamos, é claro isso. Mas antes de entrar nesse porém eu quero pensar a respeito do seguinte: Pra quem nós pregamos? É lógico, pregamos aos homens a Palavra que Deus nos revela a dizer aos homens. Mas não é isso que estou dizendo, mas antes: A quem estamos tentando agradar? A palavra que pregamos está agradando aos homens, ou a Deus? É fácil distinguir. Como é que interpretamos a mensagem do Evangelho? Evangelho é a Palavra que faz com que homens arrependidos dos seus pecados estejam em agonia, aos pés da Cruz, suplicando misericórdia, com verdadeiro pavor de morrerem e irem ao Inferno, sabendo que o Inferno não é o pior, mas o pior é perder para sempre a presença de Deus. Por outro lado a mensagem que agrada aos homens é centralizada nos homens e nas suas necessidades, fortemente baseada na primeira pessoa do singular: Eu! – e portanto egocêntrica.

A verdadeira mensagem, conforme os manuais teológicos, não é nada disso que estamos vendo em profusão em nossas igrejas. O que é que a gente está pregando afinal?

Um fato que me chama muito a atenção, e o observo há muitos anos, é a Igreja Neopentecostal pregando o Velho Testamento, o que é errado e de forma errada. Explico isso ai. Errado parece-me pregar o Velho Testamento, já que temos um Novo Testamento. À primeira vista parece que estamos errando no básico do básico, que é pregando o Velho Testamento, se é que já temos um Novo Testamento. Parece-me que além de errar, estamos ainda pregando errado. Se temos uma Nova Lei, que vem explicar a Velha Lei, então o correto imagino seja pregar o Velho Testamento apenas sob o olhar do Novo – não necessariamente não pregar o Antigo Testamento, mas pregar sob a ótica do novo. A partir que existe um Novo, qualquer menção ao Velho tem que ser sob a supervisão do Novo – o que parece-me correto. Ou seja, falando de modo diferente isso: qualquer texto, ou pregação do Antigo Testamento tem que explicar Jesus e o Evangelho. Toda e qualquer pregação tem obrigatoriedade de estar sob as doutrinas e ensinos do Novo Testamento. Um exemplo claro disso, ocorre com a Igreja Adventista, onde ensinam Os Dez Mandamentos, aparentemente sem terem lido o que o Novo Testamento fala a respeito. Sem entrarmos em outros poréns, no caso do sábado, que eles querem descansar literalmente, a Bíblia é clara ao dizer que Jesus é o nosso sábado. (Hebreus 4) Não é mais para obedecer o descanso no sábado, mas Jesus é o nosso descanso na segunda-feira, na terça- feira e todos os dias e até também no sábado.

É lógico que também não vamos forçar textos a falarem de Jesus sem que ele o diga. Não é caso de cristianizar o Velho Testamento também. Mas antes expor o Novo, onde cabe o fazer assim. Um dos fatos desabonadores é que a pregação maciça do Antigo Testamento está tirando o tempo da pregação do Novo. As ovelhas conhecem muito pouco do Novo Testamento e a culpa é nossa. Nós não estamos pregando o Novo Testamento. Vê-se que um monte de gente fica falando em voltarmos à Igreja Primitiva, o que é errado, e ser como eles, mas não pregamos como eles. A Pregação da Igreja Primitiva eram a exposição dos Evangelhos, as Cartas de Paulo, as Cartas Pastorais, as Cartas Judaico Cristãs e o Apocalipse. A gente não prega isso, mas deveria.

O problema é que estamos pregando o Velho Testamento de maneira que parece que nem existe um Novo Testamento. A nossa Teologia está errada. O Velho Testamento precisa ouvir ao Filho. A Ele ouvi. Impressionantemente, nós invertemos o caldo de tal forma que perdeu o sabor. Nós interpretamos o Novo Testamento, pelo Velho, é isso que estamos fazendo, na nossa loucura. É isso que a Igreja Brasileira está fazendo.

Mas o problema vai um pouco mais longe - me parece. Porque as Igrejas brasileiras, de modo generalizado, estão pregando o Velho Testamento? Será que está todo mundo errando? Ou será que Deus não está por traz do pano direcionando a nossa pregação? Será que Deus tem um plano para essa Igreja contemporânea em que seja necessário pregar o Velho Testamento para isso? Pregar o Velho Testamento é imensamente mais fácil do que pregar o Novo, já sabemos, mas será que não está existindo uma permissão divina para isso? Ainda assim não me parece correto pregar o Velho se temos o Novo, mas já que estão pregando o Velho – assim como não é a vontade de Deus a Carta de Divórcio, mas para que o pecado não seja maior Deus permite – então ao menos preguemos o Velho Testamento sob o olhar do Novo. O que é o mínimo que devamos fazer.

Acho estranho ainda a Igreja Neopentecostal estar pregando o Velho Testamento. Vamos entender esse outro pensamento, então. De forma meio genérica, quem são os seguimentos evangélicos da atualidade? Quem são as grandes denominações que estão nos influenciando atualmente?

Atualmente temos três grandes seguimentos de Igreja que seguimos no Brasil: A Igreja Tradicional, que vem da Reforma Protestante; a Igreja Pentecostal e desde os anos sessenta a Igreja Neopentecostal, que estourou após os anos oitenta.

Inegavelmente a Igreja mais preparada atualmente é a Igreja da Reforma, apesar de que essa mesma Igreja da Reforma já está precisando de uma Reforma; precisamos da Reforma da Reforma, essa é a realidade. E ainda notamos que a Igreja Reformada está abraçando muitos elementos Neopentecostais, que eles tanto acusam.

Eu acho que não dá pra voltar pra trás e o que temos de mais avançado é a Neopentecostal. A Igreja, que entre aspas, poderia ter a liturgia e a mensagem mais eficaz de todos os tempos, superando pela forma as anteriores, só prega o Antigo Testamento, e pior, de uma maneira que não leva o povo ao Novo – pelo menos de uma maneira geral. Tem jeito de mudar essa bagunça toda? É lógico que tem. Entre a Lei e os Profetas, ouçam o Filho, o Evangelho, a Jesus!

É também interessante que a Igreja contemporânea fala muito, mas não tem uma proposta para o mundo. Na maioria do tempo a Igreja (todas) ficam envolvidas com seus problemas intestinais, que não conseguem enxergar que existe vida além do culto. A Igreja de Jesus era solução para o mundo, desde que Jesus veio para salvar o povo dos seus pecados e Ele pregava o arrependimento e ensinava as Doutrinas do Reino de Deus.

A Igreja contemporânea não sabe o que fazer com o mundo, tanto é que não prega para o mundo ouvir, mas para o cristão que abraça a causa da Igreja. Não sabemos o que fazer com o mundo, sendo que a resposta é clara: O Filho.

A Igreja para ser Igreja tem que apresentar o Filho de Deus. Pedro, Tiago e João aprenderam isso quando subiram ao monte da Transfiguração. Primeiro no monte, Deus ensina que a oração transforma quem ora. Segundo aprendemos que a nossa Teologia está errada em muitos pontos e Deus a redireciona, apontando o caminho certo que devemos seguir. Lucas 9:35: “Este é o meu Filho, o Escolhido; ouçam-no!”

A CENTRALIDADE DE CRISTO

“Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a criação. Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem nele. Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o Princípio, o primogênito dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas as coisas. Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus.” (Colossenses 1:15-20)

Jesus é a base do Cristianismo. Toda a Bíblia é Revelação de Deus. O Antigo Testamento e o Novo Testamento possuem a mesma importância, mas os Evangelhos têm um lugar de supremacia, pois ali se encontra a vida de Jesus e todos os outros livros se convergem para o centro que é o Cristo. (Efésios 1:9-10).

“Este é o meu Filho, o Escolhido; ouçam-no!” (Lucas 9:35)

A revelação que Deus deu aos discípulos no monte se aprofunda ao dizer que além de falar do Filho, a Igreja tem que ouvir o Filho. E o que é que Jesus falou o tempo todo em que esteve nesse mundo? Jesus sempre falou e ensinou desde o inicio a mesma coisa: O Reino de Deus. A centralidade da mensagem de Jesus é a Cruz, e além disso Ele sempre ensinou sobre o Reino e como vivermos dentro dele. E o que é o Reino de Deus? O Reino de Deus é a administração do Rei a respeito de seu reinado.

É lógico que temos muito a dizer a respeito do Neopentecostalismo. Leia esse pequeno texto sobre KOINONIA CRISTÃ:

O movimento neopentecostal derrubou um antigo axioma sociológico. Alegando que o mágico não forma em torno de si uma comunidade, mas apenas uma clientela, Émile Durkheim alegou em As Formas Elementares da Vida Religiosa, que não há igreja mágica. Mas o neopentecostalismo, posterior a Durkheim, trabalha muito com o conceito de igrejas mágicas. As igrejas neopentecostais, e a IURD é o maior exemplo, não são compostas de pessoas envolvidas em uma koinonia cristã. A maior parte não se conhece. Não há um projeto eclesiástico comum aos freqüentadores, que são apenas pessoas clientes, que buscam uma resposta mágica para seus problemas. Muitas dessas igrejas parecem mais com uma estação rodoviária, um lugar por onde as pessoas passam em busca de uma solução para algum problema, do que uma comunidade de fé, com um pecúlio espiritual comum aos seus membros. Algumas delas nem rol de membros possuem. Isto é muito perigoso porque produz uma legião de pessoas que, teoricamente, são cristãs por estarem ligadas a uma igreja chamada cristã, mas que desconhecem os fundamentos básicos do cristianismo, inclusive a solidariedade, a irmandade em Cristo. É cada um por si, cada um para resolver seu problema e cuidar de sua vida. Isto produz um cristianismo mesquinho, de cristãos isolacionistas. (http://www.teologicadecampinas.com.br/biblioteca-mainmenu-34/-estudos-textosartigos-36/32-neopentecostalismo-1-uma-introdu-geral)

Alguém um dia desses me disse que o policial americano não é ensinado a distinguir os erros da nota falsa, mas antes ele é ensinado à exaustão a entender qual é a verdadeira. Esse é o erro de ficarmos perdendo tempo em falarmos tanto nos erros doutrinários de várias denominações ou seguimentos evangélicos: ficamos focados no erro e não no acerto.

PROPOSTAS DA IGREJA

A principio parece-me que a Igreja atual necessita voltar para a escola e aprender o que sera um sermão homilético. A Igreja atual é estritamente de palavras, o que implica então necessariamente aprender a manusear tais palavras. As nossas pregações falham em mostrar o mínimo, que é um começo um meio e um final coeso. Temos muitos pregadores que começam num texto, não o explicam e finalizam em ouro ponto qualquer, que não tem nada a ver com o assunto. Alguns acham ainda “engraçadinho” ficar falando da suas vidas, ou de suas conquistas e o sermão vira uma biografia do cara. A Bíblia é um livro racional e outros ainda levam a congregação a viver emocionada, o que a faz pensar com as emoções e isso, não é racional.

Doutrina mesmo só temos no Novo Testamento. No Antigo Testamento temos muitos fatos onde podemos nos basear, mas ensino bíblico para a Igreja só o veremos no Novo. Só lembrando que a igreja é coisa do Novo Testamento e não do Velho. Romanos 10:14 diz assim: “Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?” O ensino das Doutrinas Bíblicas é necessário, pois são as Doutrinas que fazem a Igreja continuar a ser Igreja. A enorme preocupação de muitos pregadores em poder resolver o problema do irmão/cliente que quer ouvir uma palavra que o satisfaça, ou que o ajude nesse momento que está passando é só distração. Não dá para ficar pregando só benção sem o devido ensino. Não é à toa que Deus quer nos corrigir o nosso Evangelho. Precisamos rever um monte de coisas. A perpetuação da Igreja depende dos ensinos corretos das suas Doutrinas e não o contrário.

A proposta da “Igreja” de Adão e Eva era fazer do mundo um imenso Jardim. O mundo seria comandado pelo homem, que respeitaria o meio ambiente e teria paz com o universo e com todos os seres criados. Essa proposta é uma das mais fortes já existentes, pois tem ecos no Novo Testamento. Romanos 8:19: “Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus.” Veja que o universo não está esperando a manifestação de Cristo, ou a Volta de Cristo, mas a manifestação dos filhos de Deus. Tudo e todos estão esperando que nós entremos na posição, para a benção chegar.

A Igreja de Paulo é uma Igreja Carismática, a principio, inundada pelos dons do Espírito. A primeira proposta de Paulo para a Igreja é operar nos dons de poder. Mas já no fim da vida, Paulo fez uma outra proposta, de uma Igreja mais estruturada, mais pautada no ensino sério de um Pastorado. Paulo nos dá duas propostas, uma é a de Corintios, quando jovem e outra é a de Timóteo, quando já estava mais experiente. Ainda assim, na Igreja Carismática não faltavam ensinos sérios.

Cristo tem também a sua proposta de Igreja. Mateus 18:20: “Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” Vê que a Igreja de Jesus é de poucos e não de multidões, como o são na Igreja de Paulo, do inicio. A mais pura igreja é essa de dois ou três e não a de multidões. E enquanto o Espírito Santo tem o ministério de dons de poder, Cristo tem o Ministério da Igreja: Efésios 4:11: “A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores.”

A proposta da Igreja Católica era prender o Evangelho em quatro paredes, o que gerou a Reforma Protestante. A Reforma é uma proposta, onde tenta-se voltar ao mais puro teor do Evangelho, sabendo que estão na Idade Média e não na Igreja Primitiva. A Reforma tem esse fato de adaptar a Igreja para o seu tempo. É uma bela proposta.

É muito simplório as tentativas de voltar a Igreja Primitiva, mormente a de Pedro.

A proposta de Pedro era ter todos, tudo em comum. Essa proposta mostrou ser um fiasco, pois pouquíssimo tempo depois a igreja de Paulo está ajudando financeiramente a Igreja de Pedro, que está literalmente passando por sérias dificuldades. A Igreja Brasileira da década de sessenta, tinha idéias socialistas, baseadas em Pedro e em Marx e também não vingou.

A Célula é algum tipo de proposta? A célula é uma invencionice Pentecostal que nem merece crédito, mesmo que multidões a abracem. Não nos enganemos com as multidões. Me lembro que em certa parte, Jesus pediu que os discípulos afastassem o barco da praia, para que ele pudesse pregar, pois o povo aprendeu que tocar em Jesus curava, devido a isso Jesus pediu que o afastassem do povo, para que o povo parasse de tocar nele e o ouvissem novamente. Na verdade, aquele momento em que o povo aprendeu a tocar em Jesus, era uma crise, das piores possíveis, pois Ele não consegue falar mais com o povo, a não ser se afastando dele. O povo não quer mais ouvi-lo, mas quer tocá-lo. O povo queria a benção, mas não queria Jesus.

O pentecostalismo é uma volta a Igreja de dons de Paulo. O Neopentecostalismo é uma deturpação disso. A Igreja da Reforma é uma volta á Igreja Pastoral de Paulo, sem dons.

Resta saber, então, qual é a proposta que a Igreja atual tem para o mundo?

É precisamos ouvir mais o Filho e prestar mais atenção ao o vermos descendo o monte, rumo a morrer na Cruz. Qualquer que seja a nossa resposta parece que qualquer proposta séria tem que passar pela Cruz e ser aprovada por ela. O caminho de glorificação é para baixo e não para cima. Deus redirecionou o Evangelho de Pedro e faz o mesmo com o nosso. Precisamos aprender muito ainda.

Amém!

pslarios
Enviado por pslarios em 29/10/2013
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