O PERIGO DE SERMOS APENAS RELIGIOSOS ( EVANGÉLICOS).
O PERIGO DE SERMOS APENAS RELIGIOSOS ( EVANGÉLICOS).
Pr.Luciano Costa.( 16 de outubro de 2013)
Tornamo-nos peritos religiosos. Nossa práxis cristã tem causado ansiedade. Se hoje perguntarmos em muitas igrejas se o povo se sente cansado, sente-se distante do que tem projetado para a sua vida espiritual, que não estão satisfeitas com sua espiritualidade, que não estão sentindo-se tão amadas e que sua vida com Deus não vai tão bem assim (a maioria afirmaria que sim).
Fico pensando o que tem causado essa discrepância entre o que se prega, o que se ensina, o que se crê e o que se vive? Acredito que algo deve está errado conosco! O fardo de Jesus é suave e leve! Ele não devia nos cansar mais ainda... O convite de Jesus é para nos aliviar de nossas sobrecargas, de nossas opressões, contudo muitos cristãos hoje se encontram tão sobrecarregados de quando chegaram a nossas igrejas.
O que está havendo conosco? Pecamos tanto que não mais somos alvos da Graça de Deus? Estamos tão contaminados que o sangue de Jesus não nos purifica mais? Ou nossa crença tem nos proporcionado pesados fardos os quais não podemos mais conduzir? Muitos de nós procuram meios para superar suas deficiências, tem procurado por seus próprios esforços agradar a Deus. A carne jamais produzirá algo que agrade a Deus. Nossos esforços, nosso sacrifícios (sim, sacrifícios) jamais poderão nos libertar da culpa, da consciência pesada da tirania de um espirito religioso.
Infelizmente muitos de nossos irmãos tem vivenciado um cristianismo que lhes tem feito mais mal do que bem. Uma fé que exige dele mais do que o próprio Cristo requer. Então a frustração é certa. Vivem uma vida de perspectivas não alcançadas. Como aquele filho da parábola do filho pródigo que ficou em casa. São ingratos para com Deus. “Sirvo-te há tanto tempo e não me deste um cabrito..” Tem uma mentalidade de escravo apenas, de servo, mas jamais se veem como filhos amados do Pai. Estão sempre fazendo algo para Deus como se o serviço cristão fosse todo o relacionamento que Deus planejou para nós. Não dá para sentar aos pés de Jesus como Maria fez e apenas ouvi-lo, apenas senti-lo, apenas se aproximar como uma criança se aproxima do seu pai sem maiores reservas, sem temores, sem traumas, apena se entrega ao colo amável do pai.
Esta mentalidade nos leva a viver sempre em débito com Deus. Por mais que façamos a nossa concepção é que Deus ainda não está satisfeito com o nosso esforço. A coisa piora quando pecamos então toda a nossa espiritualidade e confiança em Deus se acabam também; logo procuramos fazer algo para compensar a nossa falta para com Deus, muitas vezes algum tipo de sacrifício e/ou propósito de melhor servi-lo.
Dentro dessa perspectiva acabamos vivendo um sistema que se baseia no que eu posso fazer pra Deus. Nossa comunhão fica frágil, pois pecamos todos os dias e assim sempre nos sentimos longe desse Deus que é tão inacessível a pobres servos pecadores. O sentimento de culpa causa em nós uma inabilidade para poder adentrar aos átrios o Senhor e servi-lo com alegria (Sl 100). Por mais que peçamos perdão, mas há muitos que jamais sentem que foram perdoados.
Criou-se também uma ideia que o perdão é somente para pecadores ímpios que é gratuito: “pela graça sois salvos e isto não vem de vós é dom de Deus”, diz Paulo escrevendo aos Efésios; contudo a coisa complica quando se trata do perdão para o filho de Deus. Também muitos têm vivido sob a perspectiva que tem que “pagar o preço” para poderem ser abençoados por Deus, ou para serem usados por Ele. Tudo bem que Deus exige de nós compromisso, santidade, lealdade, serviço voluntário e por amor, mas muitos vão além disso, querem impressionar Deus ( muitos também pensam que nos impressionam) geralmente essa pessoas apregoam a sua espiritualidade quando pregam, quando ensinam, ou até mesmo quando oram e em conversas informais.
Costumamos ouvir: orei hoje mais de duas horas! Essa semana estou no óleo! Estou em um compromisso com Deus! Estou na presença de Deus! Como se está na presença de Deus fosse algo que dependesse apenas do nosso esforço, de nossos méritos!!
Amados, isto tem causado confusão na mente de pessoas incautas que não conseguem ter esse “padrão” de espiritualidade. A Graça de Deus fica relegada a segundo plano quando queremos construir uma relação com o Deus baseada no que nós temos a oferecer a Ele e não no que Ele tem nos dado por meio de sua Graça ( Ef 1.3-6).
Surge uma indagação, como podemos evitar esse espirito de religiosidade em nossas vidas? Nem sempre é fácil detectar que estamos agindo e/ou vivendo nesse espirito. Na verdade muitas vezes agimos dentro dessa realidade. Porque com o passar do tempo nos tornamos rígidos, somos absorvidos em nossa prática cristã por comportamentos que são meramente atitudes religiosas, compulsórias, aparentes, fazemos simplesmente pelo dever de fazer, pela obrigação, ou como disse antes para aplacar a nossa consciência para com Deus.
Temos que servir a Deus com a graça que ele tem nos dado. Ele mesmo disse a Paulo: “ A minha graça de basta!”( II Co 12.9-10). Receio que para muitos de nós a graça não tem sido suficiente, por isso estamos sempre atrás de algo para preencher o que somente a graça de Deus pode fazer em nossas vidas.
Que venhamos a reconhecer como Paulo: “ Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua GRAÇA PARA COMIGO NÃO FOI VÃ, trabalhei mais do que todos eles; todavia, NÃO EU, MAS A GRAÇA DE DEUS, QUE ESTÁ COMIGO” ( I Co 15.10)