ÉTICA ECOLÓGICA E DIALOGO INTER-RELIGIOSO

A missão é comumente entendida como um movimento para fora, um movimento centrifugo para povos e culturas, para situações exteriores, para além-fronteiras. Isto é profundamente verdadeiro à medida que se fundamenta na ordem de Jesus de ir pelo mundo todo e pregar o Evangelho. Missão é, porém, antes de tudo, um movimento para o coração de Deus.

Hoje a missão é chamada a responder a muitos desafios, entre os quais o maior é a globalização excludente. Uma Igreja Missionária, pobre e pascal, entra nas rachaduras da exclusão para implantar o sonho dos pobres e oprimidos. A universalidade missionária quer abranger a todos, sem excluir ninguém, a partir da diversidade das culturas e povos. A Igreja missionária se abastece do profetismo e não faz nenhuma redução ao Evangelho. O projeto de Jesus continua sendo o caminho verdadeiro da missão.

A missão na atualidade inclui o dialogo, particularmente o dialogo inter-religioso. Mesmo que o anuncio de Jesus e de sua mensagem seja um dos elementos específicos da missão, este último está sempre associado ao dialogo enraizado na iniciativa de Deus que, desde a criação do mundo, derrama suas sementes de vida e de busca em todos em todos os povos e culturas.

Diante desse trabalho espera-se que eu possa basicamente perceber a existência e a qualidade da interferência do homem na natureza e começa por sua própria realidade. Que sejam capazes de criticar quanto à necessidade ou a qualidade dessa interferência influencia na sua existência. Que sua participação seja respeitada e que não desperdicem os recursos utilizados e retirados da natureza.

A bíblia descreve de que na criação, “Deus contemplou a sua obra e viu que tudo o que tinha feito era muito bom” (Gn 1,31). Ao gerar, ou seja, criar o homem e a mulher, a ordem de Deus foi esta: Cuidar, cultivar e zelar pela sua criação.

No sexto dia da criação, o homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus. E a ordem que Deus concedeu a eles foi: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a! Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que se movem pelo chão (Gn 1,26-28). Se interpretarmos ao pé da letra, estas palavras podemos entender que Deus nos fez donos do mundo e podemos destruí-lo do jeito que quisermos. Sendo assim alguns olham a terra como objeto de exploração, por causa do egoísmo humano. Muitos colocam a falsa segurança no ter, não no ser, apossando-se da terra e de todos os bens criados.

Explora-se e desintegra-se a natureza, destruindo a natureza, e principalmente, colocando em risco a vida do planeta, patrimônio da humanidade. Por isso, como está descrito na Sagrada Escritura “a criação geme e sofre em dores de parto” (Rm 8,22),

Segundo a Sagrada Escritura, no livro de Gênesis, 2.15, encontra-se a primeira ordem de Deus ao ser humano para cuidar da meio ambiente: “Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e guardar”.

Meio Ambiente é todo e qualquer espaço (natural) ou construído onde ocorrem as interações que permitem a vida. Como conseqüência desta interdependência, qualquer prejuízo ao meio ambiente compromete as formas de vida nela existente.

O momento atual exige um comportamento diferente, para melhorar a qualidade de vida e a participação da cidadania. A natureza do homem é a de aprender sempre isto pode transformá-lo em outro ser. Não adianta tecnologia senão soubermos fazer uso dela.

A “natureza” está sendo destruída. Os produtos resultantes desta destruição são visíveis por toda à parte: águas continentais e oceânicas poluídas, ar atmosférico irrespirável, buraco na camada protetora de ozônio, aumento da temperatura nas áreas centrais das cidades, efeito estufa, chuvas ácidas, solos ressecados, desertificação, ausência de lugares para depositar os resíduos sólidos, visíveis por todas as partes da natureza. São novos problemas que ocasionam aos seres humanos uma série de doenças respiratórias, pulmonares, intoxicação, surdez, câncer de pele, etc.

A questão ambiental deve ser compreendida como um produto da intervenção da sociedade sobre a natureza. Diz respeito não apenas a problemas relacionados à natureza, mas as problemáticas decorrentes da ação social. Corresponde à produção destrutiva que se caracteriza pelo incessante uso de recursos naturais sem a possibilidade de reposição. Os recursos da natureza – não renováveis – uma vez utilizados não podem ser reutilizados e assim os ciclos da natureza e a sua apropriação torna-se inadequados.

As relações que os seres humanos estabelecem entre si e com a natureza, de caráter econômico, político, cultural, produzem modos de ser e de viver e definem, a cada momento, o que será imprescindível ao bem viver: um conjunto de bens e serviços, produzidos por toda sociedade, que poderão ser usufruídos. Materializado nos objetos de consumo, nos produtos e bens materiais ou simbólicos e nos serviços, encontra-se o trabalho humano, realizado sob determinadas relações e condições.

A Terra é uma mãe generosa, mas também pode ser uma mãe cruel. Organismo vivo que precisa continuar (regenerar). A Terra pode continuar, mas sem a presença da Vida humana. Nós somos aquele que cuida da Terra: que planta, que rega, que aduba, etc. O aquecimento global não está no caminho, nós já estamos dentro dela. Podemos perceber que as condições climáticas não são mais as mesmas.

O tempo tem mostrado através da natureza a fúria das águas, calor no inverno, frio no verão, seca em regiões chuvosas e chuva em lugares secos, as flores caindo antes dos frutos produzirem, a elevação do nível do mar colocando em risco o desaparecimento de algumas cidades, o solo em desertificação, entre outras manifestações da natureza.Os países pobres são massacrados pelos países mais ricos que ao invés de ajudá-los lançam bombas. Os dados mudaram passamos dos limites.O capitalismo está chegando ao seu fim. Ou o homem acaba com ele ou ele acaba com o homem.

Junto com o desenvolvimento veio também a miséria.A riqueza para alguns e a pobreza para muitos. A ocupação irregular do espaço coloca a vida das pessoas em risco, como a de seus ocupantes como também as demais que pessoas que vivem nas suas proximidades. Um exemplo delas é a construção em morros, o deslizamento de terra provocado pelas chuvas acarretará danos e prejuízos para si e para todos que ali vivem. O homem também modifica o espaço para poder desenvolver as suas atividades e a sua ocupação. Um exemplo: desmatamento dos morros para cultivo de lavouras e construções de moradias.

Tudo o que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir e a viver: uma planta, um animal, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Uma antiga fábula diz que a essência do ser humano reside no cuidado. O cuidado é mais fundamental do que a razão e a vontade. O cuidado com a Terra, com a sociedade sustentável, com o corpo, com o espírito, com a grande travessia da morte. A ótica do cuidado funda uma nova ética, compreensível a todos e capaz de inspirar valores e atitudes fundamentais para a fase planetária da humanidade.

Consumir, portanto, não é um ato “neutro”: significa participar de um cenário de disputas por aquilo que a sociedade produz e pelo modo de usá-lo.

Se individualmente e de forma isolada pouco se pode fazer em relações marcadas pela desigualdade de forças e de poder, trabalhadores e consumidores conquistam formas de organização, e, por meio delas garantias e direitos concretizados em lei. As relações de trabalho e consumo produzem e reproduzem as tensões entre as desigualdades e luta pela igualdade, injustiça e luta pela justiça. É assim que se constrói, a cada momento, a cidadania, como uma série de lutas em prol da afirmação dos direitos ligados à liberdade, a participação nas decisões públicas e à igualdade de condições dignas de vida, modificando, dessa forma a distribuição de riqueza e poder na sociedade.

Lutar contra a devastação da natureza é uma questão fundamental, que precisa estar presente no dia-a-dia das pessoas. Este tema é muito importante já que o Planeta Terra não precisa de nós para viver, mas nós dependemos dela para sobreviver. Do ponto de vista da natureza nada mais é do que uma estranha criatura, que por vontade própria se transformou, numa aberração.

O Diálogo inter-religioso necessita de uma sólida espiritualidade. Antes de ser uma atividade, o diálogo é um encontro e uma exigência da fé cristã. Está enraizado profundamente no mistério trinitário, num Deus que é amor e comunhão. Este é o verdadeiro exemplo e fundamento do diálogo. Se todas as religiões conseguirem dialogar, para encontrar a paz, com certeza, todas as nações irão preservar a natureza criada por seu Deus.

Deus comunicou-se à humanidade em vários momentos da história, mas, de um modo único, enviou seu próprio Filho, Jesus Cristo. Ele esvaziou-se a si mesmo e se se solidarizou com o ser humano até o fim (cf. Fl 2, 5-8).

Assim, os cristãos, quando encontram outros crentes, são chamados a ter os mesmos sentimentos de Cristo, para seguir os seus passos.

O cristão tem como compromisso uma constante conversão a Deus. E, junto com as pessoas de outras religiões, busca a face de Deus (cf. SL 27,8).

O cristão, quando entra em contato com o povo das outras crenças, necessita manter uma clara identidade religiosa. O diálogo inter-religioso não exige que o cristão coloque de lado alguns elementos da fé ou da prática cristãs, colocando-os em dúvida. Ao contrário, os outros crentes querem claramente conhecer quem são encontrando.

Há diálogo na experiência religiosa, quando pessoas de diferentes crenças comunicam o próprio caminho para Deus. Há diálogo em favor da paz quando há um esforço conjunto de construir unidade e de superar os conflitos. E há, também, o dialogo dos intercâmbios teológicos, em que adeptos das varias religiões comparam e refletem os dados da própria fé. Na experiência de escuta e de comunicação com o outro, o missionário se transforma. Surge um desejo profundo de busca de unidade em Deus e de respeito profundo à diversidade.

O Diálogo inter-religioso é um encontro sincero de uma pessoa profundamente convencida de sua própria fé com um fiel de outra religião. Esse diálogo pressupõe a posse confiante e serena da própria identidade religiosa e uma participação tão eminente na comunidade de fé, que a pessoa pode ser nomeada embaixadora dessa comunidade.

Uma relação verdadeira com Deus somente pode gerar amor e harmonia nas relações de cada um com os seus semelhantes, principalmente entre as religiões. A paz é um processo continuo, sem fim. O dialogo entre religião e cultura e entre as próprias culturas pode favorecer esse processo e, destruindo as estruturas dos preconceitos, promover a paz, o entendimento e o amor.

REFERENCIA

BAXTER, J. Sidlow. Examinai as Escrituras. São Paulo: Vida Nova, 1992.

BIBLIA SAGRADA. São Paulo: Edições Loyola, 1994

BITTENCOURT, Estevão. Ciência e Fé na história dos primórdios. Rio de Janeiro: Livraria AGIR Editora, 1995.

BURNS, Bárbara. Costumes e Culturas: uma introdução à antropologia missionária. 3ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.

OLIVEIRA, Ética, uma face da cidadania. São Paulo: Moderna, 1997.

PESSINI, L. Ética. São Paulo: Loyola, 2006

Valtivio Vieira
Enviado por Valtivio Vieira em 04/10/2013
Código do texto: T4511185
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