TEOLOGIA DO CORPO 2 DE JOÃO PAULO II

Valtivio Vieira

Formação do Autor: Curso Superior em Gestão Pública, pela FATEC – Curitiba – PR; Licenciado em Filosofia, pelo Centro Universitário Claretiano – Curitiba – PR, Licenciado em Ciências Sociais, pela UCB – Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro – RJ, Bacharel em Teologia, Pós-Graduado em Ciências Humanas e suas Tecnologias; Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal; Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em Educação à Distância; Metodologia do Ensino Religioso e Pós-Graduando em Psicopedagogia Clínica e Institucional ambos pelo Centro Universitário Uninter – Curitiba – PR.

Curitiba - PR

2013

Introdução

O marido não é o senhor da mulher, e o casamento não é um pacto de domínio do marido sobre a mulher, e que a esposa pode e deve encontrar a motivação para o relacionamento com o seu marido. A expressão dessa recíproca submissão é o amor. O amor que deve marcar a vida conjugal, sendo uma espécie de marca registrada.

O matrimônio é uma expressão eficaz do poder salvífico de Deus, é uma exortação a dominar a concupiscência.

No matrimônio, a “vida segundo o Espírito”: se expressa também na união em uma só carne (o ato conjugal), através da qual os cônjuges submetem sua feminilidade e masculinidade à bênção da procriação.

TEOLOGIA DO CORPO 2 DE JOÃO PAULO II

Após Jesus ter afirmado que não é licito se divorciar da mulher (pois no “principio” não era assim, os discípulos pareceram se espantar, e perguntar-se não seria melhor ficar sem se casar Jesus então respondeu:

Nem todos são capazes de entender isso, mas só aqueles a quem é concedido. De fato, existem homens impossibilitados de casar-se, porque nasceram assim; outros foram feitos assim por mão humana; outros ainda, por causa do Reino dos Céus se fizeram incapazes do casamento. Quem puder entender, entenda (Mt 19, 8-12)

Os eunucos nasceram assim, ou foram feitos por mãos humanas, os eunucos pelo Reino, não existe impossibilidade física, mas, sim uma dimensão de escolha voluntária e pessoal, em prol do reino de Deus.

O próprio Papa João Paulo II, descrevia que viver o celibato é uma antecipação, já neste mundo do que será viver no mundo futuro, ou popularmente chamado céu, junto de Deus. Pois, no céu não haverá casamento como o conhecemos aqui. O mundo futuro reservado para os salvos é o mundo da comunhão e união, em certo sentido, casamento com Deus.

Os “homens que por causa do Reino dos Céus se fizeram incapazes do casamento - eunucos” (cf. Mt 19, 8-12). Significa que eles, de livre vontade, decidiram não se casar, para servir melhor ao Reino dos Céus, atendendo a um chamado e graça especial de Deus

O celibato pode ser visto como um testemunho entre os homens, que antecipa a futura ressurreição, na qual os seres humanos “não se darão em casamento".

Para viver o celibato é preciso renúncia e um determinado esforço espiritual, aliado a uma graça especial concedida por Deus.

O matrimônio e o celibato não se contrapõem um ao outro. Eles não dividem as pessoas em “perfeitas” (celibatárias) e “imperfeitas” (casados), pois as duas vocações se completam e se explicam reciprocamente.

O Papa João Paulo II levanta a idéia de que a “submissão” da mulher ao marido consiste em “Experimentar o amor” do marido, refletindo a imagem da Igreja, que recebe o amor de Cristo.

O versículo “Mulheres, sejam submissas ao marido” (Ef 5, 22) significa que é na sua relação com Cristo que a esposa pode e deve encontrar a motivação para o relacionamento com o seu marido. Tal relação, todavia, não é submissão unilateral. A expressão dessa recíproca submissão é o amor.

O celibatário é chamado a viver, já nessa terra, algo do que será essa experiência pós-ressureição.

O matrimonio é como aliança e graça. A palavra de Deus, em Efésios 5, 21-33, destaca: “As mulheres sejam submissas aos maridos como o Senhor. Pois, o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da igreja. Por outro lado, os maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de santificar pela palavra aquela que ele purifica pelo banho da água. È assim, que os maridos devem amar suas esposas, como amam seu próprio corpo. Aquele que ama sua esposa está amando a si mesmo. Ninguém jamais odiou sua própria carne. Pelo contrário, alimenta-a e a cerca de cuidado, como Cristo faz com a Igreja. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne”.

Na noite de núpcias do casal Tobias e Sara, de acordo com o relato bíblico (cf Tob 8, 4-8): Tobias e Sara oraram ao Senhor, e João Paulo II comenta a disposição interior e espiritual do casal como exemplo que ressalta como a “linguagem do corpo” se torna a “linguagem da liturgia”

Sobre o ato conjugal (sexual) em que os cônjuges se utilizam de métodos contraceptivos artificiais físicos (preservativos etc) ou químicos (pílulas anticoncepcionais etc), privando este ato de sua potencialidade procriadora, é correto dizer que quando o ato conjugal se encontra destituído da sua verdade interior por estar privado artificialmente da sua capacidade procriadora, ele deixa também de ser um ato de amor.

O amor exclui todo gênero de submissão, pelo qual a mulher se tornasse serva ou escrava do marido. O amor faz que ao mesmo tempo o marido seja submisso à mulher, e submissão nisto ao Senhor mesmo, assim como a mulher ao marido. A submissão não deve ser entendida no sentido de medo ou dominação, mas no sentido de serviço no amor.

A relação de amor entre homem e mulher, de acordo com a visão de João Paulo II, pode e deve, inclusive no nível sexual, ser integrada ao amor verdadeiro e ao chamado à santidade de cada ser humano.

O marido é acima de tudo aquele que ama, e a mulher, em contraste, é aquela que é amada. Qual mulher ou esposa não deseja ser amada? Qual mulher não deseja ser aquela que recebe o amor de um marido que em tudo se sacrifica pela amada? Eis no que consiste, portanto, sua submissão: ser amada.

A união do marido e da mulher no amor também se exprime através do corpo. O corpo, de fato, e só ele, é capaz de tornar visível o que é invisível:o espiritual e o divino, nisto, percebemos a sacralidade do matrimônio e do corpo.

A relação homem-mulher deve ser de amor e entrega total, como é a relação entre Cristo e a Igreja. O matrimônio é um sacramento que age para a salvação dos cônjuges.

Após a entrada do pecado no mundo, o coração humano tornou-se um campo de batalha entre o amor e a concupiscência. Sendo o meio de salvação, o matrimônio ajuda para fazer o amor vencer a concupiscência.

Precisa-se entender o significado do “sentido esponsal do corpo” (ou “significado esponsal do corpo”, que é a constatação de que o corpo, em sua masculinidade e feminilidade, tem uma orientação “para o outro”, para ser dom (entrega, doação) para o outro, uma capacidade para expressar amor, e isso incluindo a potencialidade para a paternidade e a maternidade.

A concupiscência é o desejo sexual redutivo, destituído de valores morais, que reduz a pessoa do outro a mero objeto para o prazer egoísta. Diferente dela é o desejo sexual no sentido positivo, que é permitido, bom e santo, quando é vivido de acordo com o significado esponsal do corpo, respeitando o decoro e as especificidades morais das etapas do namoro e matrimônio.

O desejo sexual, quando vivido de acordo com o plano de Deus (reservando o sexo para o casamento) , é aquele que valoriza a pessoa como um todo, tratando-a com dignidade e reverência, e faz com que ela seja capaz de expressar o amor de auto-doação (ética do dom). Por outro lado, o desejo sexual luxurioso, concupiscente, ou redutivo, reduz a pessoa a mero objeto para o prazer (ética utilitarista), e, portanto, distorce o plano de Deus, destruindo o amor em seu coração.

A relação intima deve ser uma relação de amor e doação, e nunca uma busca egoísta de prazer que transforma o outro(a) em objeto de prazer, e reduzindo à pessoa a parte do corpo. È obvio que o prazer vai e deve existir em uma relação intima, mas, não deve ser buscado por si só, como se fosse o bem maior.

CONSIDERAÇÔES FINAIS

O matrimônio pode ser considerado o sacramento “primordial”, pois a união homem-mulher foi instituída por Deus desde o “princípio”, e porque todos os outros sacramentos podem ser visto como sinais da união mística entre Cristo e a Igreja.

Os chamados “métodos naturais”, que restringem a procriação através da abstenção de relações conjugais durante os períodos férteis da mulher: são moralmente lícitos, quando necessários devido a fortes motivações, e devem constituir não apenas um “método”, mas uma verdadeira espiritualidade conjugal, ajudando a vivenciar o dom da piedade, o respeito e a reverência.

A sexualidade vivida entre homem e mulher no ato conjugal, de acordo com João Paulo II, somente se realiza de maneira verdadeiramente humana quando é parte integral de amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até a morte.

De acordo com João Paulo II, a Teologia do Corpo, permite compreender a grandeza da vocação ao amor, que é um chamamento à comunhão das pessoas, na dúplice forma de vida da virgindade e do matrimônio.

REFERENCIA

BIBLIA SAGRADA. São Paulo: Edições Loyola, 1994.

JOÃO PAULO II. Homem e Mulher o Criou: catequese sobre o amor humano. Bauru: EDUSC, 2005

WOJTYLA Karol. Amor e Responsabilidade: Moral sexual e vida interpessoal. Braga: Editorial A.O., 2006.

Valtivio Vieira
Enviado por Valtivio Vieira em 25/09/2013
Código do texto: T4497826
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