TEOLOGIA DO CORPO 1 DE JOÃO PAULO II

Valtivio Vieira

Formação do Autor: Curso Superior em Gestão Pública, pela FATEC – Curitiba – PR; Licenciado em Filosofia, pelo Centro Universitário Claretiano – Curitiba – PR, Licenciado em Ciências Sociais, pela UCB – Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro – RJ, Bacharel em Teologia, Pós-Graduado em Ciências Humanas e suas Tecnologias; Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal; Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em Educação à Distância; Metodologia do Ensino Religioso e Pós-Graduando em Psicopedagogia Clínica e Institucional ambos pelo Centro Universitário Uninter – Curitiba – PR.

Curitiba - PR

2013

Introdução

A Teologia do Corpo é um conjunto de catequese realizadas pelo Papa João Paulo II. É uma reflexão profunda, baseada nas Escrituras, sobre a pessoa humana em sua integridade.

O objetivo desta teologia é apresentar uma visão integral do ser humano ligada ao plano de Deus para o amor humano. João Paulo II denomina esta visão de antropologia adequada. È denominada adequada porque esta dentro da doutrina da Igreja Católica.

Para o Papa João Paulo II, o plano de Deus para o ser humano é o amor. O ser humano se define pelo amor, porque ele foi criado pelo amor, pois, Deus é amor.

TEOLOGIA DO CORPO 1 DE JOÃO PAULO II

O Celibato é uma antecipação do que haverá no mundo futuro, após a ressurreição. O matrimonio tem a espiritualidade conjugal em suas relações com a vida íntima do casal e a procriação.

È o próprio Jesus que nos permite falarmos de corpo na teologia, pois, institui a eucaristia, e diz “Eis o meu corpo entregue por vós”. Cremos em Deus que é criador da carne; cremos no Verbo feito carne para redimir a carne; cremos na ressurreição da carne.

O Cristianismo é a religião do Verbo que “se fez carne e habitou entre nós”.

Para alguns pensadores o corpo seria apenas um envoltório ou instrumento onde o espírito estaria de algum modo preso. É típico do pensamento moderno contrapor radicalmente, no ser humano, o espírito ao corpo e o corpo ao espírito. Essa, porém não é a visão da doutrina católica. O homem é pessoa na unidade do corpo e do espírito, o corpo nunca pode ser reduzido à pura matéria: é um corpo espiritualizado.

O corpo foi criado por Deus para trazer à realidade visível aquilo que é invisível: o espiritual e o divino. O corpo pode ser entendido, em certo sentido, como um sinal da presença de Deus no mundo, justamente por trazer para a realidade visível o mistério oculto desde a eternidade em Deus, ou seja, o mistério de que Deus é amor.

A Teologia do Corpo não trata de condenação, mas esclarece ao ser humano o caminho da salvação. O Papa João Paulo II focalizou Cristo primariamente como redentor, não como moralista.

Sobre o plano original de Deus para o amor humano, percebemos no livro do Genesis que tem dois relatos para a criação. No primeiro capitulo encontramos um relato conciso, curto, mostrando a ação de Deus criando os elementos da natureza, e por fim o ser humano “à sua imagem e semelhança”. O Papa João Paulo II voltou seu olhar mais para o segundo relato, contido no segundo capitulo do Gênesis, por conter elementos adicionais, ligados à natureza do ser humano. Por exemplo, antes mesmo da criação da mulher, Deus viu que “não era bom” que o homem estivesse sozinho.

Então o Senhor Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu, e apresentou-os ao homem para ver como os chamaria; cada ser vivo teria o nome que o homem lhe desse. E o homem deu nome a todos os animais selvagens, mas não encontrou uma auxiliar que lhe correspondesse (Gen. 2, 19-20)

Adão nesse ponto significa toda a humanidade nomeia os animais e não encontra uma auxiliar que lhe corresponda.

Adão sente necessidade de companhia. Deus diz que “não é bom que esteja só”. Logo decide criar uma companheira: “E o senhor Deus disse: Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda” (Gen 2,18).

O corpo permitiu ao ser humano esse consciência de estar “sozinho”, e ao mesmo tempo o chamado a se tornar comunhão com outra pessoa. O corpo expressa a pessoa. Ele revela quem é o homem e o que ele deve ser, ou seja, um ser de comunhão.

O Pecado original para João Paulo II, não é constituído pelo ato sexual, como podem pensar algumas pessoas, mas pela desobediência a Deus.

A primeira conseqüência do pecado original, como relatada pelo Genesis, foi a perda da inocência da nudez original. Desde este momento, o ser humano passa a sentir a experiência da vergonha. Conforme consta em (Gen 3, 7) “ Então os olhos de ambos se abriram, e, como reparassem que estavam nus, teceram para si tangas com folhas de figueira”.

O homem tem vergonha do corpo por causa da concupiscência. Podemos definir a concupiscência como sendo o desejo sexual redutivo, destituído de valores morais, que reduz a pessoa a mero objeto para a satisfação de prazeres, e isso de uma forma egoísta. A concupiscência não respeita o valor e a dignidade inerentes ao ser humano.

Adão e Eva, mesmo antes da queda do pecado original, vivenciaram a “união em uma só carne” (o ato sexual), e, portanto, sem pecado, experimentaram o prazer que naturalmente Deus dispôs que esse ato propiciasse. O desejo sexual corretamente vivido, segundo o plano de Deus, respeita e valoriza a pessoa como um todo, em toda sua dignidade. Opõe-se a isso a concupiscência, ou luxuria que é o desejo sexual destituído do genuíno amor, o que torna um desejo redutivo, por reduzir a pessoa a mera dimensão corporal.

As conseqüências da concupiscência, no coração humano não são boas. Ela dificulta a vivencia do amor verdadeiro e o autocontrole das paixões desordenadas, mas, mesmo com a entrada da concupiscência no mundo, e com a sua vivencia pelo coração humano, este coração não perdeu totalmente a capacidade de ver e vivenciar na relação de amor entre homem e mulher o verdadeiro significado do amor.

Um grande problema da atualidade é que a mídia transmite a mensagem de que a concupiscência é amor, exaltando o desejo sexual separado do amor verdadeiro, e do compromisso matrimonial, e do plano de Deus, principalmente em novelas e programas de TV.

No Evangelho de Mateus está escrito: “Ouvistes que foi dito:” Não cometeras adultério. “Ora, eu vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo (luxurioso, concupiscente) de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5, 27-28).

A analise desse homem quem olha para uma mulher com luxuria ou concupiscência no coração é, de certo modo, fomos marcados pelo pecado original que esta em cada um de nós seres humanos.

Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo [luxurioso] de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração.” (Mt 5, 27-28). Sobre o trecho apresentado, é correto dizer que:

Jesus, com essa passagem, chama a atenção para as intenções do coração humano, que devem ser puras, a ponto de sequer se desejar desordenadamente o prazer sexual destituído do amor-doação verdadeiro.

As palavras de Cristo que afirmam que “Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo [luxurioso] de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração.” (Mt 5, 27-28) permitem afirmar que

Cristo nos chama para um novo modo de viver e pensar, uma nova “ética”, na qual a redenção é uma realidade, a que o homem deve se sentir chamado com eficácia.

Jesus veio trazer a redenção do corpo, pela vida no espírito santo, pois, seremos felizes vivendo o amor, pois, o homem não pode viver sem amor. Ele será incompreensível para si mesmo e sua vida será destituida de sentido.

A luta contra as obras da carne é luta contra a concupiscência. É deixar que o espírito santo permeie nosso coração, para que ele purifique os desejos. Assim, os desejos sexuais continuarão a existir, mas não como impulso para possuir alguém para obter prazer egosita, mas sim como meio de expressão de amor, de entrega, de dom.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos nos perguntar: para que finalidade foi criado o corpo, de acordo com a visão de João Paulo II. O corpo foi criado para trazer para a realidade visível (do amor entre homem e mulher) aquilo que é invisível: o espiritual e o divino, ou seja, o mistério do amor de Deus.

O objetivo da Teologia do Corpo foi apresentar o plano de Deus para o amor humano, pois o ser humano foi criado para o amor, e sem o amor o ser humano não tem sentido, é incompreensível para si mesmo

A relação de amor entre homem e mulher, de acordo com a visão de João Paulo II, pode e deve, inclusive no nível sexual, ser integrada ao amor verdadeiro e ao chamado à santidade de cada ser humano.

O que é preciso ter em mente ao estudar a Teologia do Corpo, é preciso lembrar o que é amor, pois ele é a base do plano de Deus para o amor humano, e esse amor é sempre “dar tudo, e dar-se a si mesmo.

Precisa-se entender o significado do “sentido esponsal do corpo” (ou “significado esponsal do corpo”, que é a constatação de que o corpo, em sua masculinidade e feminilidade, tem uma orientação “para o outro”, para ser dom (entrega, doação) para o outro, uma capacidade para expressar amor, e isso incluindo a potencialidade para a paternidade e a maternidade.

A concupiscência é o desejo sexual redutivo, destituído de valores morais, que reduz a pessoa do outro a mero objeto para o prazer egoísta. Diferente dela é o desejo sexual no sentido positivo, que é permitido, bom e santo, quando é vivido de acordo com o significado esponsal do corpo, respeitando o decoro e as especificidades morais das etapas do namoro e matrimônio.

O desejo sexual, quando vivido de acordo com o plano de Deus (reservando o sexo para o casamento) , é aquele que valoriza a pessoa como um todo, tratando-a com dignidade e reverência, e faz com que ela seja capaz de expressar o amor de auto-doação (ética do dom). Por outro lado, o desejo sexual luxurioso, concupiscente, ou redutivo, reduz a pessoa a mero objeto para o prazer (ética utilitarista), e, portanto, distorce o plano de Deus, destruindo o amor em seu coração.

Na ressurreição futura as relações entre o corpo e o espírito se darão de modo diferente. De acordo com o que João Paulo II refletiu, é correto dizer que:

Não haverá oposição entre o que é espiritual e o que é corpóreo. O espírito dominará e permeará inteiramente o corpo; as forças do espírito permearão as energias do corpo.

REFERENCIA

BIBLIA SAGRADA. São Paulo: Edições Loyola, 1994.

JOÃO PAULO II. Homem e Mulher o Criou: catequese sobre o amor humano. Bauru: EDUSC, 2005

WOJTYLA Karol. Amor e Responsabilidade: Moral sexual e vida interpessoal. Braga: Editorial A.O., 2006.

Valtivio Vieira
Enviado por Valtivio Vieira em 25/09/2013
Código do texto: T4497813
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