Homilia Pe. Ângelo Busnardo (Assunção de Maria) XX Dom. Comum.

ASSUNÇÃO DE MARIA

18 / 08 / 2013

Ap.11,19ª - 12,1.3-6a . 10ab / 1Cor.15,20-27a / Lc.1,39-56

Definição do Dogma:

Fidei dogma definitur deiparam virginem Mariam corpore et anima fuisse ad caelestem gloriam assumptam.

1 de novembro de 1950 - Pio XII

Acta Apostolicae Sedis, An et Vol XXXXII - Ser II, V. XVII - N.15

Define-se como dogma de fé que a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi assunta à glória celeste em corpo e alma.

The immaculate mother of God, the ever-vergin Mary, having completed the course of her earthy life, was assumed body and soul into heavenly glory.

Na definição do dogma a Igreja evitou falar da morte de Maria, porque efetivamente não sabemos se Maria morreu e ressuscitou ou se, ao chegar ao fim da vida na terra, Deus instantaneamente transformou o corpo dela de um corpo corruptível para um corpo ressuscitado sem fazê-lo passar pela morte física.

Antes da entrada do pecado no mundo não havia sofrimento e nem morte. Mas Deus avisou Adão que, se pecasse, seria submetido ao sofrimento e à morte: 16 O Senhor Deus deu ao homem uma ordem, dizendo: “Podes comer de todas as árvores do jardim. 17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer” (Gn.2,16-17). Adão e Eva pecaram e, ao ser confrontados por Deus, não se arrependeram. Por isto, Deus amaldiçoou a terra, submetendo o primeiro casal e seus descendentes ao sofrimento e à morte: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar” (Gn.3,17-19).

Aqueles que estiveram vivos no último dia quando todos ressuscitarem não passarão pela morte física, mas serão ressuscitados, tendo o corpo transformado instantaneamente, passando de um corpo corruptível para um corpo ressuscitado: 51 Eis que vou declarar-vos um mistério: nem todos morreremos, porém todos seremos transformados. 52 Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao último toque da trombeta – pois a trombeta tocará – os mortos ressuscitarão incorruptos, e nós seremos transformados (1Cor.15,51-52). Maria pode ter sido beneficiada por este procedimento e ter ressuscitado sem passar pela morte. É certo que o corpo dela ressuscitou e ela foi levada ao céu em corpo e alma. No céu existe uma porção de terra deste planeta, porque o corpo de Jesus e o corpo de Maria são feitos de terra deste planeta. Trata-se de terra transformada sujeita a leis físicas, por enquanto desconhecidas por nós, mas é terra deste planeta.

A ressurreição de Jesus é garantia da nossa ressurreição. Jesus afirmou que morreria e ressuscitaria no terceiro dia e cumpriu a promessa ressuscitando no terceiro dia após a morte. Jesus afirmou que todos ressuscitarão no último dia e isto efetivamente acontecerá: 54 Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia (Jo.6,54). Jesus afirmou e eu creio que, no último dia, todos ressuscitarão: 28 Não vos admireis, porque vem a hora em que todos os que estão mortos ouvirão sua voz. 29 Os que praticaram o bem sairão dos túmulos para a ressurreição da vida; os que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados (Jo.5,28-29). Jesus é Deus e nós somos criaturas que, na melhor das hipóteses, podem se tornar filhos adotivos de Deus. Se alguém achar que Jesus ressuscitou porque Ele é Deus e nós, por não sermos deuses, podemos não ressuscitar, com a ressurreição de Maria que é uma criatura como nós, a dúvida desaparece. Portanto, a ressurreição de Maria tem pelo menos dois grandes objetivos:

1. Reconfirmar que, como Jesus, todos os seres humanos ressuscitarão no último dia.

2. Colocar no céu um corpo ressuscitado de mulher (Maria). Assim a humanidade está representada, no céu, em alma e corpo, tanto na forma masculina (Jesus) como na forma feminina (Maria). As almas salvas que estão no céu, contemplando o corpo ressuscitado de Jesus e de Maria podem prever como será o corpo que receberão ao ressuscitar no último dia.

No último dia, isto é nas doze últimas horas do tempo, todos os seres humanos, salvos e condenados, ressuscitarão. Além da ressurreição dos corpos, segundo a Bíblia, no último dia, acontecerão os seguintes fenômenos:

1. Volta gloriosa de Jesus: 26 Então verão o Filho do homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória (Mc.13,26); 16 Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu...(1Ts.4,16).

2. A ressurreição dos mortos salvos: ....e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts.4,16).

3. A ressurreição dos vivos sem passar pela morte física: 51 Eis que vou declarar-vos um mistério: nem todos morreremos, porém todos seremos transformados. 52 Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao último toque da trombeta – pois a trombeta tocará – os mortos ressuscitarão incorruptos, e nós seremos transformados (1Cor.15,51-52).

4. O arrebatamento. Por alguns instantes os ressuscitados salvos serão elevados no ar enquanto Deus, através do fogo, exterminará a vida vegetal e animal na terra: 17 Depois nós, os vivos, que estamos ainda na terra, seremos ARREBATADOS juntamente com eles (os mortos ressuscitados) para as nuvens, ao encontro do Senhor nos ares. Assim estaremos sempre com o Senhor (1Ts.4,17).

5. O extermínio da vida vegetal e animal sobre a terra pelo fogo: 10 Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão, e nele passarão com estrépito os céus, e os elementos abrasados se dissolverão e a terra será consumida com suas obras. 11 Pois, se deste modo tudo vai desagregar-se, como não deveis perseverar em vossa santa conduta e em vossa piedade, 12 aguardando e acelerando a chegada do dia de Deus, quando os céus em fogo se dissolverem e os elementos abrasados se derreterem? (2Pr.3,10-12).

6. A ressurreição dos condenados: 28 Não vos admireis, porque vem a hora em que todos os que estão mortos ouvirão sua voz. 29 Os que praticaram o bem sairão dos túmulos para a ressurreição da vida; os que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados (Jo.5,28-29).

7. Juízo final: Jesus colocará a humanidade em ordem para entregar o reino para o Pai, separando as pessoas em três grupos: irmãos pequeninos, isto é todas as pessoas que consagraram a vida ao serviço do evangelho, em volta de si, as ovelhas à direita e os cabritos à esquerda: 27 Então, Pedro tomou a palavra e disse: “E nós, que deixamos tudo e te seguimos, o que teremos?”28 Jesus respondeu: “Eu vos asseguro: Quando todas as coisas forem renovadas e o Filho do homem se assentar no trono de sua glória, vós que me seguistes também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel (Mt.19,27-28). 32 Em sua presença, todas as nações se reunirão e ele vai separar uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à esquerda (Mt.25,32-32).

8. Entrega do reino para o Pai: 24 Depois será o fim, quando entregar o reino a Deus Pai, após haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação. 25 Porque é necessário que ele reine até pôr todos os inimigos debaixo de seus pés. 26 O último inimigo reduzido a nada será a morte, 27 pois ele pôs todas as coisas debaixo dos pés (1Cor.15,24-26).

Código : assunta16

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Em algumas paróquias a festa da Assunção é celebrada no dia 15.

Segue a homilia com as leituras da missa do XX domingo comum.

XX DOMINGO COMUM

18 / 08 / 2013

Jr.38,4-6.8-10 / Hb.12,1-4 / Lc.12,49-53

A fidelidade no serviço a Deus pode suscitar perseguições. Dependendo da perversidade daqueles que dirigem a Igreja, a perseguição pode resultar em violência física. Jeremias foi chamado ao ministério profético no período que precedeu a deportação para a Babilônia. O rei Sedecias era infiel. Israel era uma teocracia. Num regime teocrático, o rei, além de chefe político, é também chefe religioso. Quando o rei era infiel escolhia sacerdotes infiéis para dirigir a religião. O templo de Jerusalém era controlado por sacerdotes tão perversos quanto o rei. Por denunciar a perversidade dos dirigentes políticos e religiosos, o profeta Jeremias foi submetido a açoites, prisão e por fim uma tentativa de extermínio por parte das lideranças religiosas com autorização do rei Sedecias: 4 Os chefes disseram, então, ao rei: “Que este homem seja condenado à morte! Na verdade ele desencoraja os guerreiros que restaram nesta cidade e o povo, fazendo-lhes semelhantes propostas. Sim, este homem não busca de modo algum a paz para este povo, mas a desgraça”. 5 O rei Sedecias respondeu: “Ei-lo em vossas mãos, pois o rei nada pode contra vós!” (Jr.38,4-5).

Na tentativa de matar Jeremias, os líderes religiosos o lançaram num poço seco para deixá-lo morrer de fome e sede: 6 Agarraram, então, Jeremias e o lançaram na cisterna de Melquias, filho do rei, no pátio da guarda; fizeram-no descer por meio das cordas. Nesta cisterna não havia água, mas lodo, e Jeremias atolou no lodo (Jr.38,6). Um amigo do profeta o retirou da cisterna antes que morresse: 7 Ora, Ebed-Melec, um eunuco etíope ligado ao palácio real, soube que tinham posto Jeremias na cisterna. Como o rei se encontrava à porta de Benjamim, 8 Ebed-Melec saiu do palácio e dirigiu-se ao rei: 9 “Meu senhor e rei, estes homens agiram mal com o profeta Jeremias, atirando-o na cisterna: ali morrerá de fome, pois já não há pão na cidade”. 10 Então o rei ordenou ao etíope Ebed-Melec: “Toma contigo três homens e tira da cisterna o profeta Jeremias antes que morra” (Jr.38,7-10). A fidelidade de Jeremias no ministério profético lhe custou muito sofrimento. Mas quando os caldeus venceram Israel e destruíram Jerusalém e o templo construído por Salomão, os invasores deixaram o profeta livre. Jeremias preferiu seguir com os deportados para a Babilônia para animá-los a manter viva a fé no Deus verdadeiro.

Se formos fiéis na vivência da nossa fé, nós também precisaremos aprender a conviver com inimigos. O primeiro inimigo a ser enfrentado é a nossa própria natureza humana que se rebela contra as restrições que a fidelidade na fé exige de nós. Como na época de Jeremias, ainda hoje entre os líderes da Igreja pode haver pessoas que se apoderaram dos cargos eclesiásticos para tirar proveito e não para servir. Quando tivermos que suportar a maldade de pessoas desonestas que perseguem os membros fiéis da Igreja, devemos olhar para Jesus que, após ter feito tanto bem sem nada exigir em troca, foi colocado na cruz pelas lideranças eclesiásticas do seu tempo: Corramos com perseverança para o combate que nos cabe, 2 de olhos fitos no autor e consumador da fé, Jesus. Em vista do gozo, que se lhe oferecia, suportou a cruz sem fazer caso da ignomínia e está sentado à direita do trono de Deus (Hb.12,1b-2). Jesus derramou o próprio sangue para nos salvar. Apesar de perseguidos, os nossos inimigos ainda não chegaram a ponto de nos martirizar: 3 Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores contra sua pessoa para não cairdes em cansaço nem desfalecerdes em desânimo. 4 Ainda não resististes até ao sangue em vossa luta contra o pecado (Hb.12,3-4).

Jesus não se encarnou para provocar guerras entre países e nem discórdia entre os povos. Mas Jesus não está preocupado com as possíveis discórdias entre os membros de uma família. Se a fidelidade na prática religiosa de um ou mais membros de uma família gera discórdia com os demais membros da mesma família, a perseverança na fé dos membros fiéis é superior a paz da família: 51 Pensais que vim trazer paz à terra? Digo-vos que não, e sim a separação. 52 De agora em diante, numa família de cinco pessoas, estarão divididas três contra duas e duas contra três; 53 estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra” (Lc.12,51-53). Aquele que deixar de cumprir suas obrigações religiosas para evitar atritos com os demais membros da família se condenará junto com os parentes infiéis. É comum os filhos passarem a noite de sábado para domingo fora de casa, voltando no fim da madrugada. Levantando no fim da manhã e constatando que a mãe foi à missa e não está lá para servi-lhes o café, ficam furiosos e reclamam quando ela volta da Igreja. Se a mãe, para evitar atritos, deixa de cumprir suas obrigações para com Deus, se condenará com o resto da família. Se a mãe amar a Deus mais do que ama os filhos, assume mais compromissos na Igreja e deixa os membros infiéis da família sem café e também sem almoço, mesmo que isto provoque uma guerra na família. Se ela para evitar atritos cede à pressão dos filhos e se torna infiel com eles, com eles também se condenará: 37 Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim. E quem ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim (Mt.10,37).

Código : domin852

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 14/08/2013
Código do texto: T4434328
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